• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Festivais, LEFFEST 0

“Madres paralelas”: terna é a segunda maturidade

De Ricardo Gross · Em Novembro 18, 2021

Não constitui novidade para ninguém que Pedro Almodóvar gosta das mulheres. Não no sentido mais elementar, ou talvez mesmo nesse sentido em que os homens não pensam em primeiro lugar, quando pensam nas mulheres. Almodóvar adora-as, percebe-as (por dentro e por fora), compreende-as em todas as idades e independentemente do seu estatuto social, consegue escrever personagens femininas que se definem por uma linguagem corporal própria, pelas palavras que usam, pelas emoções que deixam transparecer, que até quando são fingidas podem ser ainda mais verdadeiras. Ele interioriza as mulheres, diferentes mulheres, todas as mulheres, compósitos de várias mulheres que Almodóvar terá encontrado na sua vida, nos filmes e na vida real.

Madres paralelas (Mães Paralelas, 2021) de Pedro Almodóvar

Dois anos decorridos sobre a estreia do óptimo Dolor y gloria (Dor e Glória, 2019), este mais centrado num mundo de homens, e em vivências, sentimentos e relações do próprio Pedro Almodóvar, o realizador está de volta ao seu tema de eleição: o universo feminino, feminista, feito das alianças que as mulheres estabelecem entre elas, na vida familiar e no seu espaço de intimidade. Filme de mães, de avós, de filhas, de amantes, Madres paralelas (Mães Paralelas, 2021) é Almodóvar a filmar no seu meio natural de sempre.

(…) é impossível resistir ao modo como o filme está contado, à elegância e à agilidade que faz avançar a narrativa, ao equilíbrio das cores no ecrã, à sabedoria de Almodóvar para fazer descrições humanas ternas e vivas de cada personagem (…)

Um aspecto interessantíssimo na evolução do trabalho do realizador manchego é que podemos nele descortinar três períodos: o do Almodóvar adulto embora irreverente, que abarca as suas obras de afirmação e ruptura, assentes em pulsões e sentimentos exacerbados, que se prolongam até Kika (1993); vindo em seguida a fase do cineasta plenamente maduro, que abre com La flor de mi secreto (A Flor do Meu Segredo, 1995), e que é preenchida com filmes mais elaborados do ponto de vista estrutural, acompanhados de um rigor estético absoluto, obtido graças ao profissionalismo topo de gama em tudo o que concorre para o resultado em projecção, e que granjeou reconhecimento universal para títulos como Carne trémula (Em Carne Viva, 1997), Todo sobre mi madre (Tudo Sobre a Minha Mãe, 1999) ou Hable con ella (Fala com Ela, 2002).

O Almodóvar na casa dos 50 anos reunia apuro artístico a prestígio e popularidade internacionais. Daí que talvez não antecipássemos que a terceira idade do cineasta (contabilizada por volta dos 70 anos), trouxesse uma segunda maturidade ao seu cinema. Seria possível aperfeiçoar os sentidos de afinação de escrita (economia, clareza) e de estética (harmonia, sobriedade), indo ao encontro de um cinema marcado pela serenidade da exposição e dos ambientes (são maravilhosos os frequentes fundidos a negro que deixam ver no instante final a silhueta do rosto de Penélope Cruz), e por uma trepidação emocional mais terra a terra? Almodóvar provou que sim, e Madres paralelas aponta esse sentido.

Fiquemos com este exemplo esclarecedor. O espectador de Madres paralelas andará frequentemente à frente dos acontecimentos narrados, a previsibilidade da narrativa parece assumida. Com a nossa bagagem de filmes deste e de outros artistas do melodrama, conseguimos antever cada revelação, cada nova guinada do argumento, a explicação para um nome (Janis, de Janis Joplin), a situação da troca de bebés na maternidade, a relação amorosa que nascerá de um reencontro desejado ou de uma investidura solidária de papéis, em todos os episódios que compõem Madres paralelas até à exumação das ossadas das vítimas dos falangistas.

Mesmo que assim seja, e é, é impossível resistir ao modo como o filme está contado, à elegância e à agilidade que faz avançar a narrativa, ao equilíbrio das cores no ecrã, à sabedoria de Almodóvar para fazer descrições humanas ternas e vivas de cada personagem (é um filme de conversas, onde as personagens falam de si e das suas razões), e ao modo sintético e sentido usado para dar significado aos momentos de maior emotividade, aqui representados de forma contida e elíptica (uma cena de sexo pode ser mostrada com o esvoaçar de uma cortina vista do exterior do quarto onde o casal faz amor, e que terá por consequência o nascimento de uma das crianças do filme). Abraçamos a terceira idade do cinema de Pedro Almodóvar com os braços da nossa maturidade acrescida. A experiência vivida que os filmes recentes traduzem, comunica com a nossa maior experiência de vida.  

Madres paralelas (Mães Paralelas, 2021) de Pedro Almodóvar é exibido em estreia nacional no dia 18 de Novembro, no Lisbon & Estoril Film Festival. O filme estreia nas salas de cinema no dia 2 de Dezembro.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2020'sPedro Almodóvar

Ricardo Gross

"Ken is a tormented man. It is Eiko, of course, but it is also Japan. Ken is a relic, a leftover of another age, of another country." The Yakuza (1974) de Sydney Pollack

Artigos relacionados

  • Críticas

    “All That Jazz”: sexo, suor e ‘showtime’

  • Críticas

    “Azor”: o banqueiro vai nu

  • Festivais

    IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

Últimas

  • Caminho de amor, dor e esperança em “Cette maison”

    Maio 22, 2022
  • “All That Jazz”: sexo, suor e ‘showtime’

    Maio 19, 2022
  • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Maio

    Maio 18, 2022
  • “Azor”: o banqueiro vai nu

    Maio 18, 2022
  • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

    Maio 17, 2022
  • Respigar até ao fim da ceifa

    Maio 16, 2022
  • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

    Maio 15, 2022
  • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

    Maio 15, 2022
  • “Cow”: a vaca que não ri

    Maio 12, 2022
  • Vai~e~Vem #41: o mistério para fugir ao esquecimento

    Maio 11, 2022

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • Caminho de amor, dor e esperança em “Cette maison”

    Maio 22, 2022
  • “All That Jazz”: sexo, suor e ‘showtime’

    Maio 19, 2022
  • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Maio

    Maio 18, 2022
  • “Azor”: o banqueiro vai nu

    Maio 18, 2022
  • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

    Maio 17, 2022

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.