• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Cinema em Casa, Críticas 0

“The Little Things”: os blues de Deacon

De Ricardo Gross · Em Julho 28, 2021

A cultura dos serial killers é algo que está enraizado no domínio popular da realidade americana, em particular desde o final dos anos 1960, e que o mesmo país tratou de exportar para o mundo inteiro através do cinema e da televisão. Todos sabemos um pouco sobre o assunto, mas o culto obsessivo destas figuras continua a ter lugar sobretudo no país de “origem”. Seria por demais exaustivo estar a enumerar uma lista de filmes sobre serial killers (reais ou ficcionais); opto em vez disso por citar apenas duas referências (em campos distintos) para situar depois o filme The Little Things (As Pequenas Coisas, 2021), de John Lee Hancock em relação a ambas. Assim, em 1995, tivemos o filme Se7en (Seven – 7 Pecados Mortais) de David Fincher – talvez o primeiro nome da indústria do audiovisual que nos vem à cabeça sobre este tema; ele que faria ainda Zodiac (2007) e seria um dos principais produtores da série Mindhunter (Caçador de Mentes, 2017-2019) –; e já no século seguinte a série televisiva de Nic Pizzolatto, True Detective (2014-2019).

The Little Things (As Pequenas Coisas, 2021) de John Lee Hancock

O filme de Fincher teve uma repercussão gigantesca., fruto da exuberância plástica de cada local do crime, que mais pareciam instalações de arte; da sua estrutura narrativa muito determinada pela descoberta de um novo cadáver, todos eles relacionados com os sete pecados capitais; junto com o final marcado por um niilismo vitorioso e escarnecedor que dificilmente passaria hoje pelo crivo dos grandes estúdios e das suas projecções de teste: todos estes elementos apontando para a natureza de tese visual apocalíptica sobre a matéria. Quanto a True Detective, o relevo é dado sobretudo à caracterização da dupla de detectives, das suas vidas privadas e profissionais, e da natureza nada espectacular do trabalho diário que têm de fazer, onde se acumulam frustrações de vária ordem, também decorrentes da natureza obsessiva que se apodera daqueles que procuram perceber e pôr fim ao comportamento também obsessivo que conduz à patologia do homicídio em série.

John Lee Hancock prefere tratar das zonas cinzentas em exclusivo. Daquilo que não tem solução e que corrói por dentro aqueles que se ocupam do trabalho policial pesado.

The Little Things participa mais da atmosfera de claustrofobia rotineira sujeita à pressão para que se obtenham resultados, do trabalho maioritariamente inconclusivo que é preciso desenvolver para chegar à resolução dos crimes mais sórdidos; juntando-lhe o mote do protagonista,  Joe ‘Deke’ Deacon (Denzel Washington), que a propósito das investigações que ficaram sem solução diz que do passado se faz futuro, se faz passado, se faz futuro, como se cada nova morte abrisse a porta por onde entram os casos idênticos sem um culpado encontrado. Deacon sabe bem do que fala. Outrora detective em Los Angeles, que abandonou na sequência de um conjunto de crimes que ficaram por resolver, e que lhe custaram o casamento, a proximidade das filhas, e um bypass coronário, encontramo-lo nas suas rondas de delegado do xerife da “santa terrinha”, que uma deslocação de volta a L.A. para a recuperação de um elemento de prova sem mais, o irá ver mergulhado em nova investigação do rapto e homicídio de seis mulheres que poderá ter ligação ao episódio traumático de cinco anos antes.

Joe Deacon é um derrotado que busca o acerto de contas que permita dar um sentido minimamente redentor a tudo o que o trabalho de investigador compulsivo e minucioso lhe tirou. Ele tem culpas no cartório; culpas que os colegas mais chegados ajudaram a ocultar (um homicídio involuntário de uma das vítimas em cativeiro). E como naquela canção dos Steely Dan sobre sonhos perdidos alguém diz: “They got a name for the winners in the world/ I want a name when I lose/ They call Alabama the Crimson Tide/ Call me Deacon Blues” (Deacon Blues, álbum Aja de 1977). Julgo que a falta de entusiasmo que caracterizou a recepção a este filme de John Lee Hancock se explica com a frustração do espectador face à natureza inconclusiva do mesmo. Em se tratando de Denzel Washington, a expectativa de uma conduta de heroísmo coroada com um sentido de fecho no final, seria expectável. Mas esse também seria já o nosso filme, coisa que The Little Things definitivamente não é. John Lee Hancock prefere tratar das zonas cinzentas em exclusivo. Daquilo que não tem solução e que corrói por dentro aqueles que se ocupam do trabalho policial pesado. Mais cedo ou mais tarde, os “blues” de Joe Deacon se estenderão a todos os outros. É assim que encontraremos o seu parceiro Jim Baxter (Rami Malek), no final, derrotado ele também, mas com a mulher e as filhas por perto, e nas mãos um bilhete de Joe Deacon que diz “no angels”, e um objecto que lhe poderá trazer a reparação que Deacon há muito desistira de alcançar.

N.E.: A estreia comercial de The Little Things estava agendada para o passado mês de Janeiro nas salas da Nos Audiovisuais (a distribuidora nacional do filme), tendo sido um dos títulos que, devido ao segundo confinamento, viram o seu percurso no grande écran quartado. Ao contrário de outros países, onde foi disponibilizado na plataforma de streaming HBO Max, em paralelo com uma passagem pelas salas, em Portugal o filme foi colocado nos Videoclubes das operadores da internet, sem qualquer tipo de divulgação.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
David FincherDenzel WashingtonJohn Lee HancockNic PizzolattoRami Malek

Ricardo Gross

"Ken is a tormented man. It is Eiko, of course, but it is also Japan. Ken is a relic, a leftover of another age, of another country." The Yakuza (1974) de Sydney Pollack

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Cow”: a vaca que não ri

  • Críticas

    “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

  • Críticas

    “The Souvenir Part II”: retrato de uma senhora

Últimas

  • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

    Maio 17, 2022
  • Respigar até ao fim da ceifa

    Maio 16, 2022
  • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

    Maio 15, 2022
  • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

    Maio 15, 2022
  • “Cow”: a vaca que não ri

    Maio 12, 2022
  • Vai~e~Vem #41: o mistério para fugir ao esquecimento

    Maio 11, 2022
  • Amor

    Maio 10, 2022
  • “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

    Maio 9, 2022
  • Steal a Still #48: Francisco Villa-Lobos

    Maio 8, 2022
  • Play-Doc 2022: António Campos, a geometria das relações

    Maio 4, 2022

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

    Maio 17, 2022
  • Respigar até ao fim da ceifa

    Maio 16, 2022
  • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

    Maio 15, 2022
  • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

    Maio 15, 2022
  • “Cow”: a vaca que não ri

    Maio 12, 2022

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.