• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
    • Se Confinado Um Espectador
  • Crónicas
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Se Confinado Um Espectador
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Festivais, IndieLisboa 0

IndieLisboa 2020: ‘A Trip Down Memory Lane’

De Samuel Andrade · Em Setembro 8, 2020

Num momento em que readaptação e planeamento são, mais do que nunca, dois motores essenciais de um quotidiano de Covid-19, revela-se igualmente necessário balizar, e com maior definição, qual o foco a adoptar para uma cobertura do IndieLisboa em 2020.

Filmfarsi (2019), de Ehsan Khoshbakht

Embora tal decisão não seja, é certo, novidade da minha parte neste espaço, talvez as presentes circunstâncias tenham-me cativado a atenção para os filmes documentais que, explanados pelas várias secções do festival, versaram sobre a memória humana — seja ela de cariz particular, ou na representação de um determinado contexto social, historiográfico e geográfico.

State Funeral (2019), de Sergei Loznitsa

No âmbito do “filme histórico”, os documentários do género found footage foram um notável prato forte do IndieLisboa 2020.

Logo no seu primeiro dia, o festival acolheu o “regresso” de Sergei Loznitsa ao nosso país com State Funeral (2019), obra inteiramente composta por imagens de arquivo – devidamente preservadas no Russian State Documentary Film and Photo Archive e Lithuanian Film Centre – que detalha todo o aparato oficial em torno das cerimónias fúnebres, em 1953, de Josef Stalin. O ineditismo de muitas das situações aqui observadas pela primeira vez (os rostos assombrados e pesarosos de milhares de anónimos cidadãos, as infindáveis manifestações de luto por trabalhadores de fábricas em toda a União Soviética, os discursos daqueles que viriam a ser os sucessores de Stalin ou, mais tarde, expurgados do Partido Comunista, etc.), aliado a rituais de propaganda mais “familiares”, ampliam o retrato de uma teatralidade quase absurda que só os totalitarismos são capazes de gerar. E tal mensagem não é só histórica; reveste-se, aliás, de premente visualização face aos ambientes políticos dos dias que correm.

Com formalismo semelhante, Il n’y aura plus de nuit (2020), de Eléonore Weber, parte dos arquivos de guerras recentes (nomeadamente, as gravações recolhidas por helicópteros franceses e norte-americanos no Iraque, Síria e Afeganistão) para montar um exercício de estilo sobre a “moralidade” dos conflitos armados modernos, onde a realidade assemelha-se a um jogo de vídeo e a nitidez nocturna de perseguição ao inimigo (ou “a noite americana das imagens de guerra”) dá lugar a uma “cultura da dúvida”: quanto mais se observa, mais interrogações existem sobre o que se vê. Foi uma das experiências cinematográficas mais entusiasmantes de todo o festival.

Para os espíritos mais cinéfilos, a secção Director’s Cut proporcionou uma viagem ao cinema popular iraniano, anterior à revolução de 1979, que o tempo e circunstâncias políticas não souberam conservar. Filmfarsi (2019), de Ehsan Khoshbakht, é um filme-ensaio em torno das imagens desses títulos – na sua grande maioria perdidos, logo o que aqui vemos foi extraído do arquivo em VHS do realizador deste documentário, num processo curiosamente designado “VHSscope” –, expondo as principais temáticas de uma indústria virtualmente desaparecida, mas capaz de albergar talentos como Samuel Khachikian ou Masoud Kimiai, e servir de embrião à carreira de Abbas Kiarostami.

Ainda em ambiente found footage, de realçar dois títulos adicionais: Arnold Schwarzenegger – The Art of Bodybuilding (2020), de Babeth M. VanLoo, recupera uma entrevista do “futuro” “Exterminador Implacável”, à margem de um concurso de culturismo, onde se fala do ideal de beleza renascentista à exaltação do corpo humano no cinema de Leni Riefenstahl; e El Año del Descubrimiento (2020), de Luis López Carrasco, que relembra, pela óptica do “velhinho” formato de Video8, as crises político-económicas que abalaram a Espanha em 1992.

Last and First Men (2017), de Jóhann Jóhannsson

No campo do documentário experimental, o IndieLisboa 2020 não descurou as potencialidades desse sub-género, oferecendo um conjunto de títulos que fascina pelo seu trabalho analógico (ambos rodados em assombroso 16mm) em plena “era digital” e, ao mesmo tempo, permite um olhar contínuo do nosso presente e futuro.

Last and First Men (2017), a obra “elegíaca” de Jóhann Jóhannsson, funde experimentalismo com ficção-científica em prol de uma experiência absolutamente sensorial, e com expressiva narração por Tilda Swinton (uma “voz do futuro”, que nos avisa sobre os destinos reservados à humanidade no espaço de alguns milhões de ano), para discutir temas como ecologia, superpopulação, expressão artística e os limites da tecnologia. Baseado num livro de Olaf Stapledon, as próprias palavras do escritor britânico, em todo o seu pessimismo, talvez sirvam de resumo das motivações que, aqui, guiaram Jóhannsson: “Great are the stars, and humankind is of no account to them”.

Do Brasil, Ana Vaz propôs o olhar sobre a memória visual colectiva dos Waimiri-Atroari, povo indígena brasileiro que foi alvo de singular campanha de agressão pela ditadura militar daquele país. Apiyemiyekî? (2020) – literalmente, “porquê?” – é título que nos remete, de imediato, para a situação das comunidades indígenas no Brasil contemporâneo e, metaforicamente, de como a política de natureza repressiva continua a ganhar tracção naquele país.

Ana e Maurizio (2020), de Catarina Mourão

Da produção portuguesa, destaque obrigatório para Ana e Maurizio (2020), de Catarina Mourão. Dedicado aos percursos pessoal e artístico de Ana Marchand, o filme é um genuíno tratado sobre a eterna busca pelas nossas origens de sangue, operando um exercício de “ausência e presença”, perscrutando fotografias em estilo “Ken Burns effect”, entre a artista e um tio seu, que viveu e correu mundo até ao dealbar do Século XX. Belíssimo trabalho de memórias, pleno de contenção documental, em conformidade com o que Catarina Mourão nos tem habituado desde À Flor da Pele (2006).

Por fim, impossível não salientar a curta-metragem A Rainha (2020), de Lúcia Pires; um mockumentary inspirado numa antiga e suposta lenda do oeste de Portugal que, depressa, resvala para a reflexão acerca do que é mito e realidade e, sobretudo, quando esses dois conceitos se fundem.

Estes olhares sobre o passado, assim como a tendência assumida de dedicar-lhes maior observação, talvez surjam imbuídos da nostalgia que, nos últimos meses, temos acumulado pelos tempos em que “distanciamento” ou “confinamento” eram apenas mais duas palavras no dicionário.

Contudo, o IndieLisboa deste “infame” 2020, na sua “selecção oficial”, provou que a observação do passado é, sempre e também, um acto de comunicar com o nosso presente – e da montagem de imagens de arquivo ao documentarismo mais standard, subsistirá a constante emergência de aprendermos com a História.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
Abbas KiarostamiAna VazArnold SchwarzeneggerBabeth M. VanLooEhsan KhoshbakhtEléonore WeberIndieLisboa 2020Jóhann JóhannssonLeni RiefenstahlLúcia PiresLuis López CarrascoMasoud KimiaiSamuel KhachikianSergei LoznitsaTilda Swinton

Samuel Andrade

Just an analog guy living in a digital world.

Artigos relacionados

  • Festivais

    Porto/Post/Doc 2020: memórias e fantasmas

  • Festivais

    Frames Portuguese Film Festival 2020: Frames Love Stories

  • Críticas

    “David Byrne’s American Utopia”: o cinema fica na plateia a assistir

Últimas

  • “Quai d’Orsay”: obrigado, Tavernier (a Stabilo Boss)

    Abril 13, 2021
  • What’s in a frame

    Abril 12, 2021
  • O (des)conforto do espectador solitário

    Abril 11, 2021
  • Fragmentos de um discurso incestuoso

    Abril 10, 2021
  • Sobre uma imagem adormecida

    Abril 8, 2021
  • Vai~e~Vem #33: em hora de ponta, o prazer

    Abril 7, 2021
  • Vislumbrando um gesto (in)visível no plano final de “No Home Movie”

    Abril 5, 2021
  • Meus presentes de outubro: os filmes de Manoel de Oliveira

    Abril 4, 2021
  • 23 Clichy Boulevard – breve passagem por Brisseau

    Abril 3, 2021
  • Um caso de ‘verdade à primeira vista’: o raio-X de carne e espírito a Scarlett O’Hara na escadaria da vida

    Abril 1, 2021

Goste de nós no Facebook

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • “Quai d’Orsay”: obrigado, Tavernier (a Stabilo Boss)

    Abril 13, 2021
  • What’s in a frame

    Abril 12, 2021
  • O (des)conforto do espectador solitário

    Abril 11, 2021
  • Fragmentos de um discurso incestuoso

    Abril 10, 2021
  • Sobre uma imagem adormecida

    Abril 8, 2021

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João César Monteiro Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2020 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.