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Uncut Gems (2019) de Josh e Benny Safdie
Cinema em Casa, Críticas, Sem Sala 0

“Uncut Gems”: o cancro do jogo

De Ricardo Gross · Em Fevereiro 4, 2020

Uncut Gems (Diamante Bruto, 2019) é um filme que se define entre a possibilidade de existirem segundos actos nas vidas americanas (da citação de F. Scott Fitzgerald, que desde a origem significa isso e o seu contrário), e um paradigma de personagem acossada que terá o seu retrato lendário no À bout de souffle (O Acossado, 1960) de Jean Luc-Godard, e uma declinação mais aparentada na forma e no espírito com o filme de Benny e Josh Safdie, no Bad Lieutenant (Polícia Sem Lei, 1992) de Abel Ferrara. O filme abre com a exploração dos veios e cores de uma Opala Negra (é entre as pedras preciosas uma das de maior valor) que se liga à colonoscopia no protagonista, Howard Ratner (espantoso Adam Sandler), um joalheiro judeu nova-iorquino sempre envolvido em esquemas menos lícitos e com a doença do jogo (um dos vícios da personagem de Harvey Keitel no filme de Ferrara).

Uncut Gems (2019) de Josh e Benny Safdie
Uncut Gems (2019) de Josh e Benny Safdie

O filme dos Safdie desenvolve esse movimento interior em consonância com o exame dos intestinos, sendo simultaneamente uma queda no abismo e uma fuga para a frente, onde cada movimento de fuga representa uma queda ainda mais funda. A doença de que Howard Ratner padece é da ordem do ilusório e do desejo de realizar uma avultada soma de dinheiro com um só golpe (de sorte). O primeiro passo é dado com a valorização da Opala resgatada da Etiópia cuja qualidade fica bastante aquém do que Howard imaginara. Seguir-se-á uma aposta do tudo ou nada num jogo de basquetebol dos Boston Celtics, onde a estrela é um cliente seu, Kevin Garnett (que juntamente com a estrela do hip hop Abel “The Weeknd” Tesfaye, interpreta-se a si mesmo).

Benny e Josh Safdie continuam a filmar com base naquilo que presenciaram e no que ouviram contar das vidas americanas que lhes estão próximas.

A colonoscopia dos Safdie faz-se de dia e de noite pela zona do comércio de ouros e afins de Nova Iorque, e dá conta da vida familiar em ruínas de Howard, da relação amorosa volátil que este tem com uma sua empregada, Julia, e dos sucessivos esquemas de penhora e apostas que vão destapando o perigo de vida que se acerca da existência vertiginosa de Howard. E se os resultados do exame médico são limpos, a examinação do dia-a-dia de Howard filmado pelos Safdie só encontra merda pelo caminho. O facto da personagem defendida com nervos e dentes por Adam Sandler ser tão paradigmática, retira ao filme um efeito de arco mais surpreendente. A energia cinética está lá, a música do reincidente Daniel Lopatin reforça o caos que se estreita ao redor do protagonista, mas antecipamos o desenrolar dos acontecimentos e o previsível desfecho deste estado de permanente ansiedade.

Uncut Gems liga-se ainda ao melhor cinema nova-iorquino das últimas décadas (o já citado Ferrara, e ainda Sidney Lumet, Martin Scorsese ou Spike Lee) pelo modo vivo como dá a sentir a cidade, e pelos retratos humanos que a compõem: não são apenas os famosos mas sobretudo os anónimos que respiram aquela geografia nas suas vidas que dão o colorido e um efeito de verosimilhança que intensifica a experiência de ver o filme. Benny e Josh Safdie continuam a filmar com base naquilo que presenciaram e no que ouviram contar das vidas americanas que lhes estão próximas. A exemplaridade deste Uncut Gems retira o grau extra de particularidade à história, mas proporciona um quadro humano generoso iluminado com uma luz negra.

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Abel FerraraAdam SandlerBen SafdieJean-Luc GodardJosh SafdieMartin ScorseseSidney LumetSpike Lee

Ricardo Gross

"Ken is a tormented man. It is Eiko, of course, but it is also Japan. Ken is a relic, a leftover of another age, of another country." The Yakuza (1974) de Sydney Pollack

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