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Quando o cinema português tentou ser ibérico e fascista

De Paulo Cunha · Em Setembro 8, 2019

Ao longo dos anos 1910 e 1920, por intermédio de Nascimento Fernandes, Emílio Pratas ou Reinaldo Ferreira, conheceram-se algumas aproximações entre Portugal e a indústria cinematográfica espanhola, mas a colaboração mais significativa entre portugueses e espanhóis surgiria apenas em 1936, já em pleno Estado Novo de Salazar (1933-1974) mas ainda antes do início da Ditadura Franquista (1939-1975).

bocage filme
Cartaz publicitário da versão portuguesa de Bocage (1936), referindo como “a maior super produção portuguesa de todos os tempos”.

Bocage (1936), realizado por Leitão de Barros, foi, até aí e por mais uma década [até Camões (1946), do mesmo realizador], a mais cara produção da história do cinema português. Perante este investimento, a produtora Sociedade Universal de Superfilmes (SUS) tentou pôr em prática um expediente então muito em voga na indústria norte-americana de Hollywood: uma co-produção de que resultariam duas versões do filme filmadas em simultâneo (Las três gracias seria o título da versão espanhola), mas com a substituição de alguns intérpretes por actores espanhóis (o protagonista seria interpretado por Raul de Carvalho na versão portuguesa e por Alfredo Mayo na versão espanhola), que teriam todas as condições para conquistar os apetecíveis mercados latino-americanos.

Em Portugal, a generalidade das co-produções com Espanha tiveram carreiras comerciais algo discretas e a crítica nacional não foi particularmente entusiasta.

No entanto, a estratégia de fazer distribuir o filme na América latina caiu por terra depois da desastrosa estreia no mercado interno espanhol, onde o filme foi muito mal recebido. O que ainda valeu aos produtores, para fazer face a tão avultado investimento, foi a estreia brasileira da versão original portuguesa. De resto, este seria mesmo o último filme português a conquistar o público brasileiro de forma significativa.

O período áureo da colaboração cinematográfica entre portugueses e espanhóis aconteceu na segunda metade da década de 1940. E não foi certamente estranha a esta colaboração a aproximação política entre os dois estados ibéricos promovida por Salazar e Franco, que teve a sua maior mediatização com a assinatura do Pacto Ibérico, em Março de 1939. Em Janeiro de 1941, Manuel Garcia Viñolas, o responsável pelo Departamento Nacional de Cinematografia espanhola, encontra-se com António Ferro, o responsável pelo Secretariado de Propaganda Nacional/SPN), e acertam os termos da “permuta cinematográfica” entre Portugal e Espanha.

Las tres gracias (1936)
Cartaz publicitário da versão espanhola de Bocage (1936), apresentando o filme como uma “producción española” e sem qualquer referência ao realizador Leitão de Barros.

Entre 1945 e 1951, estrearam nas salas de cinema portuguesas doze filmes produzidos em regime de co-produção entre empresas portuguesas e brasileiras. Estes números são ainda mais significativos se repararmos que essas co-produções correspondiam a aproximadamente 30% das 44 longas-metragens de produção cinematográfica portuguesa que estrearam nas salas portugueses nesse mesmo período.

O modelo de co-produção não era uniforme, prevendo diversas modalidades ou métodos: filmes dirigidos por realizador português em estúdios espanhóis ou dirigidos por realizador espanhol em estúdios portugueses; filmes com duas versões dirigidas por dois realizadores com os mesmos actores e técnicos ou com actores e técnicos diferentes; filmes com equipas mistas de produção rodados entre Portugal e Espanha.

O primeiro a estrear seria o épico Inês de Castro (1945), de Leitão de Barros, a 9 de Maio, no São Luiz, considerado como filme de interesse público pelo governo espanhol. Com um elenco misto (António Vilar como D. Pedro e Alicia Palacios como Inês), apresenta o próprio García Viñolas como consultor literário, havendo mesmo algumas fontes espanholas o creditem como realizador do filme.

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Cartaz publicitário para Espanha de Inês de Castro (1945), sem qualquer referência ao realizador Leitão de Barros
Versão portuguesa de Inês de Castro (1945), de Leitão de Barros

No final de 1945 estrearia Madalena… Zero em Comportamento (dupla estreia no Odeon e no Palácio a 19 de Dezembro), uma comédia musical inspirada no italiano Maddalena… Zero in Condotta (1940) de Vittorio De Sica, que seria co-realizada por Fyodor Otsep e José María Téllez com um elenco misto de portugueses (Virgílio Teixeira, Leonor Maia e Óscar de Lemos, entre outros) e espanhóis (e Arturo Arroyo, entre outros) liderado por uma actriz que participara no filme de De Sica, a brasileira de ascendência polaca, Irasema Dilián.

Nos anos seguintes, estreariam mais

É Perigoso Debruçar-se… (Es peligroso asomarse al exterior, na versão espanhola, 1946), realizado por Arthur Duarte (versão portuguesa) e Alejandro Ulloa (versão espanhola), estrearia em Madrid a 25 de Fevereiro e em Lisboa (Éden) a 21 de Junho desse mesmo ano;

A Mantilha de Beatriz (La Mantilla de Beatriz, 1946), realizado por Eduardo García Maroto, com estreia no Trindade a 16 de Agosto;

La mantilla de Beatriz (1946)
Cartaz espanhol de A Mantilha de Beatriz (1946)

O Diabo são Elas (Cinco Lobitos, 1945), realizado pelo húngaro Ladislao Vajda, a 18 de Outubro de 1946 no Éden (Lisboa), enquanto a versão espanhola havia estreado um ano antes em Madrid (16 de Novembro);

O Hóspede do Quarto 13 (El Huéspede del Cuarto Numero 13, 1947), com realização de Arthur Duarte (versão portuguesa) e Eugenio Deslaw (versão espanhola), com estreia lisboeta a 15 de Maio;

El huésped del cuarto número 13 (1947)
Cartaz publicitário espanhol de O Hóspede do Quarto 13 (1947)

Rainha Santa (Reina Santa, 1947), com realização de Rafael Gil (versão espanhola) e Aníbal Contreiras (versão portuguesa), com estreia em Madrid a 3 de Março e em Lisboa, no Tivoli, a 15 de Setembro do mesmo ano;

Viela Rua Sem Sol (Barrio, 1947), de Ladislao Vajda, com estreia no Edén a 19 de Setembro e a 27 de Novembro seguinte em Espanha;

Três Espelhos (Tres espejos, 1947), de Ladislao Vajda, com estreia a 4 de Outubro em Lisboa, no Trindade;

Versão portuguesa de Três Espelhos, de Ladislao Vajda

Amanhã como Hoje (Mañana como Hoy, 1948), realizado por Mariano Pombo, a 19 de Agosto no Capitólio (Lisboa) e a 25 de Outubro em Madrid;

Fuego (¡Fuego!, 1949), de Arthur Duarte (versão portuguesa) e Alfredo Echegaray (versão espanhola), com estreia portuguesa a 5 de Julho;

Senhora de Fátima (Señora de Fatima, 1951), realizado por Rafael Gil, com estreia no São Jorge a 7 de Outubro.

Excerto da versão espanhola de Senhora de Fátima, de Rafael Gil

O envolvimento nestas produções de nomes maiores das duas cinematografias, como os realizadores Leitão de Barros, Arthur Duarte, Ladislao Vajda e Rafael Gil, os actores António Vilar, João Villaret, Julia Lajos e Ana Maria Campoy, ou os técnicos Heinrich Gartner, Jaime Mendes, Aquilino Mendes e Felipe Sáenz, são bem representativos do investimento empregues pelos produtores envolvidos nestes projectos cinematográficos.

Em Portugal, a generalidade das co-produções com Espanha tiveram carreiras comerciais algo discretas e a crítica nacional não foi particularmente entusiasta. De resto, como Luís de Pina sublinha, e muito bem, este modelo de co-produção nunca terá colhido grande entusiasmo por parte do dirigente máximo da política cultural do Estado Novo, António Ferro, adepto de um “conceito fechado de produção portuguesa”.

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Paulo Cunha

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