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À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 2

“Ad Astra”: o coração das trevas começa a cheirar mal

De Luís Mendonça · Em Setembro 21, 2019

Com The Lost City of Z (A Cidade Perdida de Z, 2016), James Gray havia iniciado uma aventura que só agora, com Ad Astra (2019), se afigura clara: transportar as suas obsessões para um redimensionado cinema de género. Da floresta simultaneamente mágica e tenebrosa, passamos para a paisagem sideral. Há um ponto de partida e um ponto de chegada. A procura é guiada por um projecto tão universal quanto pessoal: a conquista do território do íntimo. Seja no filme de selva ou na ficção científica, a linguagem é do íntimo e os heróis de Gray apenas têm como bússola as inquebráveis ligações afectivas, de sangue, que fazem o mundo girar. Duas histórias sobre uma ligação profunda entre pai e filho. Dois pontos no espaço – pai e filho – que ingressam em paisagens hostis, puxados por sonhos destrutivos “maiores que a vida”. Gray é um romântico, continua a sê-lo. Por isso, a grande pergunta é: o que acrescenta Ad Astra ao seu repertório?

Ad Astra (2019) de James Gray

Desde já, por força dessa paisagem que tem uma vida – ou mesmo uma linguagem – própria, este é o filme da solidão de Gray. Trata-se da história do homem mais sozinho do mundo e do seu pai, também ele um astronauta que viu nas viagens espaciais duas oportunidades: a de mudar o rumo da História, descobrindo o tesouro mais desejado, provas de vida extraterrestre; e a da fuga das suas responsabilidades na Terra, como marido, como pai, como cidadão. Portanto, se há alguma coisa que Ad Astra traz ao universo de Gray é este retrato compósito de homens consumidos por um isolamento auto-prescrito. Talvez por isso, desde os primeiros segundos, a “voz interior” da personagem de Brad Pitt pareça estar quase sempre a mais, porque não permite que nós, espectadores, sintamos, de verdade, um pouco desse gosto a solidão.

Se tematicamente Gray procura qualquer coisa outra quando muda de paisagem, não consegue mudar de pele – adaptar-se ao novo habitat – do ponto de vista formal: em Ad Astra, para lá da dimensão ilustrativa/rebarbativa dessa narração over, a própria acção atropela a possibilidade de uma imersão completa no espaço, não o sideral, mas aquele que se apresenta árido como um deserto: o mundo interior de Pitt. Provavelmente o realizador queria mergulhar mais profundamente nessa exploração interior, mas não podia desmerecer tudo o que rodeia o protagonista – a câmara nunca deixa respirar esse todo-poderoso espaço exterior, o do universo sem fim, que teima em não nos devolver o eco e, com isso, que insiste em estragar os altos sonhos dos mais intrépidos cosmonautas. A fraca existência dessa paisagem exterior retira força – retira mundo – a essa interioridade deprimida.

Ad Astra é um The Lost City of Z lost in space. O problema é que a transferência foi feita com papel vegetal, decalcomania realizada sem convicção e de fraca imaginação.

O que resta então da geografia humana que reconhecemos nos filmes anteriores de Gray, quase todos excelentes? Resta pouco, mas há uma tentativa – tímida, mas minimamente conseguida – de encontrar tudo isto no rosto prostrado, envelhecido, sulcado pela dor, de Pitt, que vai produzindo uma rima inusitada – e pungente muito pontualmente, quase só em tese – com o rosto do pai perdido no espaço, interpretado pelo space cowboy Tommy Lee Jones. Na viagem para Neptuno, sem nunca ceder à grandiloquência operática e metafísica do inevitável 2001: A Space Odyssey (2001: Odisseia no Espaço, 1968), Gray trabalha plasticamente essa mistura de máscaras: o filho, quanto mais se aproxima do destino, mais se parece – mais efectivamente é – o seu pai. Estamos no espaço, mas ainda não saímos de uma das casas da cinefilia de Gray: Francis Ford Coppola e os seus “corações das trevas”.

Portanto, se o trailer já deixava adivinhar importantes rimas internas no âmbito da filmografia de Gray, sim, podemos confirmar: Ad Astra é mesmo um The Lost City of Z lost in space. O problema é que a transferência foi feita com papel vegetal, decalcomania realizada sem convicção e de fraca imaginação – deve ser o mais desinspirado filme de Gray do ponto de vista formal e também deve ser, ao mesmo tempo, a história mais caída, exausta, desolada no fundo e na forma… Filme sem brilho, pouco sentido e aprimorado? Sim, Gray, quiçá na tentativa de realizar o primeiro grande sci-fi deprimido, acabou contagiado – mormente na realização – pelo “nada” afectivo que liga a solidão das suas personagens a este nosso planeta se não ecologicamente, pelo menos sentimentalmente exaurido.

Vou ser franco: a desilusão é grande, porque Gray acaba por se desleixar estruturalmente na auto-imitação, por um lado, e por estragar a possibilidade de se elevar aqui e ali (o tal silêncio dos rostos de dois sonhadores já sem grande ânimo para a aventura), por outro. De rumo perdido, nem à evidência da interpretação contida, muito subtil e esforçada de Pitt o realizador se quis agarrar ou soube enaltecer devidamente. Parece que Gray se deslumbrou com a possibilidade da migração para um mais ambicioso cinema de género. A montanha pariu um rato.

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2010'sBrad PittFrancis Ford CoppolaJames GrayStanley KubrickTommy Lee Jones

Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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2 Comentários

  • Palatorium walshiano: de 12 de Setembro a 3 de Outubro | À pala de Walsh diz: Outubro 4, 2019 em 9:33 am

    […] quentes”, mas há um sabor estranho na boca relativamente à mais esperada de todas: Ad Astra (2019) não arranca nenhuma nota acima das quatro palas e consegue mesmo levar com uma estrela de […]

    Inicie a sessão para responder
  • Comprimidos Cinéfilos: Setembro | À pala de Walsh diz: Outubro 10, 2019 em 4:50 pm

    […] contrário do amigo walshiano Luís Mendonça, não vejo Ad Astra como “um The Lost City of Z (A Cidade Perdida de Z, […]

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