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À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 1

“The Beach Bum”: life breakers

De Carlos Natálio · Em Maio 16, 2019

I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived. 

 Henry David Thoreau

Sobre este seu último filme, Harmony Korine tem dito que teve vontade de fazer uma stoner comedy das que via em adolescente, como as da dupla Cheech and Chong. Mas que o ritmo frenético dos gags, dos tombos da slapstick, da comédia física, o inspirou muito para a criação deste poeta, Moondog, milionário e boémio. A outra inspiração foram os charrados, os pescadores, os bêbados da zona de Key West em Miami, no Sul da Flórida, local para onde o próprio realizador escapa de vez em quando.

The Beach Bum (The Beach Bum: A Vida Numa Boa, 2019) de Harmony Korine

Mas há toda uma genealogia a fazer, se calhar mais abrangente, certamente mais indirecta. Alguns títulos que ajudam a compreender a filiação deste The Beach Bum (The Beach Bum: A Vida Numa Boa, 2019): com a personagem do “dude” de Jeff Bridges de The Big Lebowski (O Grande Lebowski, 1998) à cabeça; mas também toda a série de filmes da nova hollywood produzidos precisamente sob as virtudes criativas do escapismo, das drogas e do álcool; Fear and Loathing in Las Vegas (Delírio em Las Vegas, 1998) de Terry Gilliam; a personagem de Joaquin Phoenix em Inherent Vice (Vício Intrínseco, 2014); e puxando talvez menos pelo tom e mais pelo tema, não seria descabido pensar num Maps to the Stars (Mapas Para as Estrelas, 2014) de David Cronenberg, e até, porque não?, nas origens pacíficas e quotidianas (neste caso em antítese) da criatividade poética em Paterson (2016) de Jim Jarmusch.

Como se o moto da vida de Moondog, espécie de manifesto “Walden” tardo-capitalista, fosse afinal o prolongamento da lógica spring breaker aplicado à idade adulta.

Todo este name dropping sem grande explicação serve sobretudo para dar a noção de que estamos num território “minado”, que é como quem diz, apetecível ao cinema. E talvez esse seja mesmo um dos problemas deste filme de Korine, o estar rodeado de outros personagens que já fizeram o elogio dos prazeres, quer como motor criativo, quer como statement de vida. A personagem de Matthew McConaughey – que deve ter sido escolhido por Korine após ter colocado na sua liquidificadora mental papéis como os que o actor teve em Magic Mike (2012) e em Dallas Buyers Club (O Clube de Dallas, 2013) – não tem, se formos a ver, nada de muito novo a acrescentar nesta discussão acerca do génio movido a álcool e a diversão 24/7. Dei indicações do cinema, mas o périplo dos exemplos percorre todas as artes e é bem mais longo e anterior, sabe-se.

Talvez seja por isso mais “produtivo” pensar na relação deste poeta-vagabundo com a dos jovens embriagados e a abarrotar de expectativas de Spring Breakers (Spring Breakers: Viagem de Finalistas, 2013). O mesmo cenário do Sul da Flórida, a ideia de transgressão e decadência pop, as cores berrantes da fotografia de Benoît Debie. Tudo aparece apontar para que se possa pensar numa continuidade entre os dois filmes. Não apenas a nível formal, mas, se quisermos, enquanto projecto existencial. Como se o moto da vida de Moondog, espécie de manifesto “Walden” tardo-capitalista, fosse afinal o prolongamento da lógica spring breaker aplicado à idade adulta. O que nos deixa com um dilema semelhante àquele que temos com os últimos filmes de Terrence Mallick – penso sobretudo em To the Wonder (A Essência do Amor, 2012) e Knight of Cups (Cavaleiro de Copas, 2015): qual o grau de distanciamento crítico da vulgaridade que se apresenta e qual o grau de fascínio?

A técnica de Korine nunca é o da simples denúncia. Aqui, como de resto em Spring Breakers, o norte-americano usa a caricatura: Moondog parece um desenho animado de tão carregado que é, movendo-se num catálogo de cenas cool, um marinheiro a ir de porto em porto e a encontrar “figuras mitológicas”. Além disso, Korine faz o elogio da hipérbole e da exaltação como instrumentos de ambiguidade. Aparentemente, estes dois filmes celebram e criticam no mesmo gesto. Peggy Lee canta “Is That All There Is?” e a resposta é sim e a resposta é não. Sim, porque é o motto beatnick do just wanna jave fun, acelerando os sumos da criatividade e da vida como simples sucessão de momentos de diversão. Não, porque Moondog esqueceu “o quão rico ele era” (juntamente com a mulher) e Korine mostra bem que o full party mode é um privilégio daqueles que podem estourar mansões para matar o tédio.

Por outras palavras, a stoner comedy é hoje muito menos a pura possibilidade de uma alternativa de vida (o rir-se na cara da civilização) e muito mais a estupidificação do quotidiano mainstream (a civilização a rir-se na nossa cara). Talvez o filme de Korine não possa arcar com essa culpa, mas pode bem demonstrar essa diferença.

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Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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1 Comentário

  • Palatorium walshiano: 9 de Maio a 12 de Junho | À pala de Walsh diz: Junho 13, 2019 em 10:36 pm

    […] Chapter 3 – Parabellum (2019). Transitam, da última edição, 3 Faces (2018) de Jafar Panahi, The Beach Bum (2019) de Harmony Korine, Beoning (Em Chamas, 2018) de Chang-dong Lee, Hotel Império (2018) […]

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