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Citizen Ribeiro Belga, o mundo lusófono a seus pés

De Paulo Cunha · Em Julho 8, 2018

Nome completamente desconhecido e ausente das histórias e dicionários do cinema português, Joaquim Ribeiro Belga foi uma das figuras mais influentes do cinema em Portugal durante as décadas de 1950 e 1960. Alentejano nascido em Montemor-o-Novo, em 1913, Joaquim Brás Ribeiro Belga sempre teve um fascínio pelo cinema, actividade em que entrou paulatinamente ao longo da década de 1940. Antes, em 1939, com um sócio, Ribeiro Belga investiu na abertura de uma escola de aviação baptizada com o nome do Presidente da República de então, o General Óscar Carmona.

Es Peligroso Asomarse Al Exterior/É Perigoso Debruçar-se (1946) de Arthur Duarte/Alejandro Ulloa

A sua oportunidade para entrar finalmente no meio cinematográfico surgiu no final da Segunda Guerra Mundial, quando negociantes espanhóis procuravam em Portugal investidores para reerguer a indústria de cinema em Espanha. Ribeiro Belga entrou nessa empreitada, mas só depois de assegurar o exclusivo da distribuição em Portugal de vários filmes espanhóis então muito populares no nosso país. Entre os filmes co-produzidos nesse período, encontram-se títulos como Es Peligroso Asomarse Al Exterior/É Perigoso Debruçar-se (1946), com duas versões, a portuguesa realizada por Arthur Duarte e a espanhola por Alejandro Ulloa, Barrio/Viela Rua sem Sol (1947), também com duas versões, ambas realizadas por Ladislao Vajda e Mañana Como Hoy/Amanhã como Hoje (1948), também com duas versões, ambas realizadas por Mariano Pombo.

Fundada em 1947, a Doperfilme de Ribeiro Belga assegura o exclusivo da distribuição da poderosa Universal para o território nacional, garantindo um impressionante catálogo de filmes. Na primeira década de actividade como distribuidor cinematográfico, Ribeiro Belga consolidou uma quota do mercado nacional na casa dos 10 por cento, apenas atrás da Sonoro Filme (16%) e das sucursais da Fox e da MGM.

Aos poucos, a partir da Doperfilme, Ribeiro Belga foi construindo um império empresarial no sector do cinema composto por várias outras empresas, como as distribuidoras Talma Filmes e Filmes Ocidente, a exibidora Sacil (que geria 15 salas na província), as salas lisboetas Avis e Roma, a portuense Júlio Dinis, e seis salas nos Açores e na Madeira, para além do laboratório de legendagem Martra Filmes.

Publicidade ao filme Old Shatterhand (Assalto ao Forte, 1964) de Hugo Fregonese), um exclusivo da Doperfilme e do Cinema Roma

O nome de Ribeiro Belga estará também para sempre associado à música por ter sido o empresário português o responsável pela “descoberta” do Duo Ouro Negro em Angola e pela primeira digressão portuguesa do grupo musical, em 1959, no Cinema Roma e no Casino Estoril.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=rfDVITLyV_s&w=560&h=315]

               Muamba Banana e Cola (1970), do Duo Ouro Negro

É dessas viagens exploratórias à “Àfrica Portuguesa” que surgirá a oportunidade de investir no mercado exibidor angolano e moçambicano. Na viragem dos anos 50 para a década de 60, com a criação da Sulcine e da Moçambique Filmes, Ribeiro Belga torna-se no principal distribuidor em Angola e Moçambique. Com uma estratégia decalcada das grandes corporações norte-americanas – controlar as salas para exibir os filmes que distribui –, Ribeiro Belga define uma estratégia que passa pela construção de novas salas de cinema nas principais cidades angolanas e moçambicanas.

Aproveitando o clima tropical de Angola e Moçambique, Ribeiro Belga promoveu uma nova forma de ver cinema nesses territórios, que passava por espaços de exibição a céu aberto, as míticas cine-esplanadas. Curiosamente, em 1953-54, aquando da construção do Cinema Roma, o empresário previra a construção de um espaço no terraço para exibição de filmes ao ar livre durante os meses de Verão. A Inspeção Geral de Espectáculos levantou reservas quanto ao projecto, e as sessões ao ar livre no terraço do Roma não passaram do papel.

Fachado do Cinema Roma, cerca de 1957.

Em Angola, contudo, a ideia foi um tremendo sucesso popular. Com um ecrã de 23 metros de comprimento, e capacidade para 1500 pessoas, localizada na Marginal de Luanda, o Cine-Esplanada Miramar foi inaugurado em 1959 e começou logo a esgotar as suas sessões ao fim de semana, quer se tratasse de espectáculos cinematográficos ou musicais, com músicos locais ou internacionais. Em 1963, no Lobito, Ribeiro Belga construiria o Cine-Esplanada Flamingo, com desenho do arquitecto Francisco Castro Rodrigues, tinha capacidade para 1200 espectadores e esgotava com regularidade.

Cine-Esplanada Miramar, Luanda, Angola.

Cine-Esplanada Flamingo, Lobito, Angola.

Para Moçambique sonhou algo semelhante. O Cine Esplanada Kudeca, na cidade de Tete, foi pensado por Ribeiro Belga, mas a sua construção só se iniciaria em Maio de 1974 e seria inaugurado em Junho de 1975.

Pouco se sabe hoje das aventuras de Ribeiro Belga por terras brasileiras, mas em 1968 o Correio da Manhã carioca (9-VII-1968) identificava o empresário português como “diretor do maior consórcio de cinema do Brasil”. Certo é que, pelo menos desde 1959, Ribeiro Belga recrutava cantores brasileiros para digressões pelos seus cinemas e teatros em Portugal, Angola e Moçambique. Ivon Cúri, um popular cantor e comediante brasileiro que fez carreira como estrela de muitas canchadas da Atlântida durante os anos 50, por exemplo, seria o artista convidado para a sessão de inauguração do Cine-Esplanada Miramar, em Luanda.

Revista do Rádio, 7 de Novembro de 1959.

Vitima de um acidente cardiovascular ainda em Angola, Ribeiro Belga faleceria em Lisboa, em Agosto de 1972. Deixou um império cinematográfico, o maior que o mundo lusófono havia conhecido até então. Pioneiro e aventureiro em vários momentos de crise da história do cinema português, Ribeiro Belga teve uma influência determinante na forma como o mercado cinematográfico se organizou em Portugal, Angola e Moçambique na segunda metade do séc. XX, mas permanece hoje como um nome esquecido na historiografia sobre o cinema português.

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Paulo Cunha

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