• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Ficheiros Secretos do Cinema Português
    • Nos Confins do Cinema
    • Raccords do Algoritmo
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Noutras Salas 0

Bamui haebyun-eoseo honja (2017) de Hong Sang-soo

De Helena Ferreira · Em Julho 26, 2018

Dos vários auteurs do cinema coreano, Hong Sang-soo será certamente dos mais queridos na Europa, a sua prolífica obra é presença constante no circuito de festivais de cinema. Bamui haebyun-eoseo honja (Na Praia à Noite Sozinha) é um dos seus filmes de 2017 e passa no sábado na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema numa double bill com Remorques (1939-41) de Jean Grémillon. Encontramos aqui mais um exemplo paradigmático da obra de Hong, por vezes acusado de estar sempre a fazer versões do mesmo filme. Com uma particularidade: a questão, subjacente a todo o filme, do affair da actriz com um realizador casado é uma referência óbvia à relação da protagonista, Kim Min-hee, com Hong Sang-soo – o caso de ambos foi admitido em público numa conferência de imprensa sobre o filme.

Dividido em duas partes (embora facilmente as pudéssemos trocar de ordem), Bamui haebyun-eoseo honja começa na Alemanha e segue para uma cidade costeira da Coreia do Sul, Gangneung. Abre com duas mulheres a fumar e a falar num mercado de rua europeu, prosseguindo com actos corriqueiros idênticos até ao final: conversar, comer, beber, fumar, andar. Pessoas com diferentes graus de familiaridade que se cruzam ou reencontram. Não no-las apresentam mas, passado um bocado, é como se, estranhamente, as conhecêssemos de há muito. Porque os tudo-nada de que falam – comida, aparência, amor, onde viver, de quem sentir falta, de envelhecer – soam como conversas que gente de classe média “com inclinação artística”, aí entre os 20 e os 50 anos, devem ter em todo o lado deste mundo globalizado. Há tiradas sobre solidão a rir, discussões sobre experiência e beleza, e muita frase inconsequente. Está-se na vida sem saber bem como se chegou àquele ponto, as angústias são temperadas com o típico humor autorreflexivo do cinema de Hong Sang-soo, e não há bem fim nem início – está-se ali, agora.

Está-se na vida sem saber bem como se chegou àquele ponto, as angústias são temperadas com o típico humor autorreflexivo do cinema de Hong Sang-soo, e não há bem fim nem início – está-se ali, agora.

Desta vez sem voz-off (presente em alguns, mas não todos, os filmes de Hong), Bamui haebyun-eoseo honja mantém as opções técnicas de outros filmes seus, incluindo os seus icónicos zooms. Tematicamente, move-se também em terreno habitual, das quotidianas dúvidas existenciais e intrincados laços emocionais entre figuras de artistas (aqui, como noutros casos, da área do cinema). Alguns diálogos são ecos de trabalhos anteriores. No entanto, o clímax perto do final oferece algo diferente, sobretudo tendo em conta o contexto pessoal deste filme.

Naquela que será talvez a cena mais comentada, a personagem central, a actriz Young-hee (Kim Min-hee), confronta o homem casado com quem teve um caso e que é obliquamente referido numa série de cenas anteriores. Trata-se do realizador Sang-won (Moon Sung-keun) e a interpelação é feita num jantar na presença de membros da sua equipa de rodagem. Segue-se um confronto com palavras mais ou menos explícitas que oferecem simultaneamente um comentário sobre o cinema de Hong (não uma novidade) e sobre a relação extraconjugal entre Kim e Hong, que gerou um enorme escândalo na Coreia do Sul. O jogo da vida e a arte atinge um pico de tensão. Há referências aos seus filmes, a leitura de excertos de um livro e golpes verbais sobre a fraqueza dele por “mulheres bonitas”, o seu remorso e a sua “anormalidade”. Tudo particularmente demolidor tendo em contra o quão indistinguíveis aquelas tiradas são (são mesmo?) dos “reais” Hong e Kim. Há também ali um desconcertante misto de autocrítica e “peninha de si próprio” da parte do realizador, passível de gerar diferentes interpretações. Interessante ainda especular quanto do que vemos neste filme será também uma criação de Kim Min-hee, da sua experiência, e do seu processo criativo. O papel, magnífico no seu desequilíbrio, valeu-lhe o Urso de Prata para Melhor Actriz no Festival de Berlim.

O misterioso final – ou deveremos dizer os misteriosos finais (de cada parte do filme) – na praia deixa em dúvida o que se passou com Young-hee e se tudo não foi apenas um sonho. Tão subitamente quanto começou, assim acaba Bamui haebyun-eoseo honja. Mas a serenidade do plano final é traída pelo momento da verdade (ou da eterna mentira) que vimos antes à mesa, o descarnar dramático e patético do amor e da dor, do cinema e da vida.

Bamui haebyun-eoseo honja passa na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema dia 28, às 15h30, numa sessão dupla com o filme francês Remorques.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sCinemateca PortuguesaHong Sang-SooJean GrémillonKim Min-heeMoon Sung-keun

Helena Ferreira

“Maybe, too, the screen was really a screen. It screened us... from the world” (The Dreamers)

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Dos Monjes”: o virtuosismo do melodrama para uma definição de “Expressionismo Mexicano”

  • Cinema em Casa

    “The Godfather Coda: The Death of Michael Corleone”: como escangalhar uma obra-prima

  • Cinema em Casa

    “Dans la maison”: o cineasta-térmita confinado nas suas personagens

Sem Comentários

Deixe uma resposta Cancelar resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • “Dos Monjes”: o virtuosismo do melodrama para uma definição de “Expressionismo Mexicano”

    Janeiro 19, 2021
  • A minha colecção sou eu

    Janeiro 18, 2021
  • Filmes nas aulas, filmes nas mãos

    Janeiro 17, 2021
  • “The Godfather Coda: The Death of Michael Corleone”: como escangalhar uma obra-prima

    Janeiro 14, 2021
  • “Dans la maison”: o cineasta-térmita confinado nas suas personagens

    Janeiro 12, 2021
  • “A Mulher Que Fugiu”: a não presença do nada

    Janeiro 11, 2021
  • Cenas do reino dos inquietos

    Janeiro 10, 2021
  • “The Godfather: Part III”: o melhor da trilogia (para mim, entenda-se)

    Janeiro 7, 2021
  • O enigma Ozu: visto pelos outros e pelo próprio

    Janeiro 6, 2021
  • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Dezembro

    Janeiro 4, 2021

Goste de nós no Facebook

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • “Dos Monjes”: o virtuosismo do melodrama para uma definição de “Expressionismo Mexicano”

    Janeiro 19, 2021
  • A minha colecção sou eu

    Janeiro 18, 2021
  • Filmes nas aulas, filmes nas mãos

    Janeiro 17, 2021
  • “The Godfather Coda: The Death of Michael Corleone”: como escangalhar uma obra-prima

    Janeiro 14, 2021
  • “Dans la maison”: o cineasta-térmita confinado nas suas personagens

    Janeiro 12, 2021

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João César Monteiro Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2020 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.