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Jim McBride: “Nos primeiros tempos, imaginava sempre Jean-Luc Godard e Andrew Sarris a olharem sobre o meu ombro”

De Luís Mendonça · Em Maio 10, 2018

Jim McBride veio a Portugal, à Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, apresentar a sua obra de estreia, o filme de culto – e falso auto-retrato – David Holzman’s Diary (1967). Autor de uma obra irregular, que circula entre o filme de diário e o cinema de género plenamente integrado no mainstream, McBride notabilizou-se também como realizador de uma das propostas mais ousadas da história do cinema americano: o remake protagonizado por Richard Gere e Valérie Kaprisky – e pela música de Jerry Lee Lewis ou os “quadradinhos” de Silver Surfer – de À bout de souffle (O Acossado, 1960) de Jean-Luc Godard. Concordo com João Lameira em texto publicado no nosso livro, O Cinema Não Morreu: Crítica e Cinefilia À pala de Walsh: é bem possível que Breathless (O Último Fôlego, 1983) ombreie com o filme original em matéria de sensualismo e, quanto a mim, supera-o graças a uma muito especial energia electrizante que faz o cinema faiscar por todo o lado, na pele das imagens. A pedido do realizador, esta entrevista aconteceu por email. O meu agradecimento à Antónia Fonseca, da Cinemateca Portuguesa.

Kit Carson em David Holzman’s Diary (1967) de Jim McBride

Enquanto assistia a David Holzman’s Diary as minhas certezas quanto ao que era e não era verdade, o que era improvisado e o que era encenado variavam muito, mas senti sempre que este filme é um muito autêntico retrato do Jim enquanto um jovem cineasta. Em que medida Holzman é o Jim e não é?

Bem, não sou eu, é um actor/argumentista chamado Kit Carson. Foi filmado no bairro onde eu vivia, e algumas coisas que acontecem reflectem os meus sentimentos e preocupações, mas não era propriamente autobiográfico. Não houve argumento escrito: praticamente tudo foi improvisado ou semi-improvisado. Na cena em que o David fala para a câmara, eu dizia ao Kit a minha ideia para a cena, e ele dizia-a com as suas próprias palavras. Nós ensaiámos várias vezes numa fita áudio. Quando chegava ao ponto em que estávamos os dois satisfeito, filmávamos.

Estava a tentar exorcizar as suas dúvidas e inquietações sobre o seu futuro enquanto cineasta ao mesmo tempo que jogava um jogo de verdadeiro e falso com o espectador?

Muito possivelmente.

“As soon as you start filming something, what happens in front of the camera is not reality anymore. It becomes part of something else, it becomes a movie.” Esta é uma das observações do amigo de Holzman, Pepe.

Bem, isso é uma espécie de dilema, não é? A ideia de David Holzman’s Diary é que o sentido absoluto de verdade que David procura não existe. Mas isso não quer dizer que não possas encontrar coisas interessantes e verdadeiras ao apontares a câmara a ele.

Jonathan Rosenbaum escreveu sobre a natureza bipolar do seu trabalho desde o começo. Por um lado, parece mover-se no domínio do estilo avant-garde de realização, em que o diário é um dos mais nobres “géneros”. Por outro lado, parece fascinado pelos charmes do cinema mainstream, trabalhando com estrelas maiores e com o código mais tradicional do cinema de género. Como é que esta espécie de “dupla filiação” ajudou-o ao longo da carreira?

Penso que a ideia com que comecei era que o cinema é todo ele uma coisa. Certamente que as minhas mais importantes influências vieram dos filmes clássicos. Acho que estava a tentar criar uma ponte entre os dois mundos. Não estou certo ter sido particularmente bem sucedido.

David Holzman’s Diary (1967) de Jim McBride

David Holzman’s Diary é um filme sobre a suspeição. Cita o filme de Hitchcock na cena de abertura – vemos o cartaz de Suspicion (Suspeita, 1941) no background. É um aviso velado: um aviso sobre a natureza dúbia do que estamos a assistir?

Não penso que estivesse a avisar quem e o que quer que fosse. Estava a tentar que algo na minha cabeça ganhasse vida. Com muita ajuda dos meus colaboradores.

Vejo os seus filmes e noto uma profunda admiração pela Nouvelle Vague (Truffaut e Godard) e algum cinema clássico (sobretudo Hitchcock). Como é que relaciona a sua cinefilia com o seu trabalho enquanto cineasta?

São inseparáveis. Nos primeiros tempos, quando estava a filmar, imaginava sempre Jean-Luc Godard e Andrew Sarris a olharem sobre o meu ombro. Agora que já não sou um realizador, dou um curso sobre linguagem fílmica acompanhado por Ford, Hitchcock, Bresson, Ophuls, etc.

Truffaut disse que um grande filme deve transmitir uma maneira de ver o mundo e uma maneira de ver cinema. O Jim pertence a uma geração que estava extremamente consciente da história do cinema e que tinha referências muito sólidas. Li que esteve quase a fazer um filme produzido pela produtora BBS [a mesma produtora de Easy Rider (1969) e Five Easy Pieces (Destinos Opostos, 1970)]. Podemos dizer que o Jim é um nome esquecido da Nova Hollywood ou vê-se a si mesmo como um outsider?

Passei muito tempo em Hollywood e tive experiências fílmicas muito felizes, mas nunca senti que fizesse parte do sistema, por assim dizer. No fim, fui derrotado pela diferença entre o que eles tinham em mente para mim, por oposição ao que eu tinha em mente para mim mesmo.

Breathless (O Último Fôlego, 1983) de Jim McBride

Falava com uma amiga mais velha que viu Breathless quando ele se estreou no circuito comercial. Ela dizia que teve dificuldade de reavaliar o seu filme porque o viu então como um sacrilégio. Nalgum momento entendeu-o como tal e como é que se desembaraçou do peso histórico e cultural do original [À bout de souffle]?

Bem, eu pensei que era um sacrilégio, também. Mas uma pessoa pôs-me em contacto com Godard, que deu o seu ok, e depois alguém arranjou dinheiro para a escrita do argumento. E de repente lá estávamos nós, a fazê-lo. O que finalmente decidi fazer foi pôr de lado tudo o que era arrojado, inventivo e original, como o feel de rua vérité, a improvisação, os jump-cuts, e pegar no básico da história e contá-la num estilo mais tradicional, “americano”.

Como é que Breathless foi recebido e como é que vê o culto que tem crescido em seu torno?

Breathless não foi muito bem recebido pela crítica nos Estados Unidos e, com Richard Gere como protagonista, não fez o dinheiro que se esperava. Foi um terrível desapontamento, mas não uma surpresa. Estive em Paris quando o filme se estreou aí, e fiquei surpreendido com quão apreciado ele foi.

Não tinha ideia de que havia uma espécie de culto em torno de Breathless. Tem a certeza? É muito caloroso saber disso, se é verdade.

Para mim, Breathless é um dos tributos ao cinema mais extáticos, sensuais e intrinsecamente cinemáticos que conheço. Eu acompanho-o como um pleno e cheio de desejo “movimento de vida” que não olha para trás. É como o que advoga a personagem interpretada por Richard Gere: só existe o agora. É esta a “verdade documental” deste filme tão culturalmente embebido?

Isso soa-me mais a uma declaração do que a uma questão. Agradeço as suas palavras simpáticas, mas não sei responder. Agora que sou velho, vivo tanto no ontem do que vivo no agora ou no futuro.

Godard disse ok ao filme, mas… sabe se ele o viu?

Godard contou a um amigo mútuo que viu o filme num quarto de hotel na Alemanha. Ele disse que odiou os actores, mas gostou da realização.

Breathless (O Último Fôlego, 1983) de Jim McBride

Um dos traços mais originais do seu remake é o estilo comics e as referências à mitologia do super-herói chamado Silver Surfer. Vivemos um tempo em que os comics atingiram um estatuto superior no mainstream de Hollywood. Como é que vê esta autêntica “febre por super-heróis” que está em curso?

Sempre adorei o universo da Marvel. Não vi todos os filmes, mas gostei de alguns.

Gostaria de realizar um filme de super-herói e, se sim, seria sobre o quê?

Queria fazer o Electra Assassin. Kit e eu escrevemos o argumento. Mas nunca aconteceu. Não vi a versão que foi feita.

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Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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