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À pala de Walsh
The Strangers: Prey at Night (2018) de Johannes Roberts
Críticas, Em Sala 1

The Strangers: Prey at Night (2018) de Johannes Roberts

De Carlos Alberto Carrilho · Em Março 28, 2018

Why not?

Dollface, The Strangers: Prey at Night, 2018

Set me free why don’t cha babe
Get out my life why don’t cha babe (ooh, ooh, ooh, ooh)
‘Cause you don’t really need me
But you keep me hangin’ on
Why do you keep a comin’ around playing with my heart?
Why don’t cha get out of my life and let me make a brand new start?
Get out, get out of my life
And let me sleep at night (ooh, ooh, ooh, ooh)
‘Cause you don’t really love me
You just keep me hangin’ on (ooh, ooh, ooh, ooh)

Kim Wilde, “You Keep Me Hangin’ On”, 1986
Versão do tema interpretado pelas The Supremes, 1966

The Strangers: Prey at Night (Os Estranhos – Caçada Noturna, 2018) de Johannes Roberts é a sequela oficial de The Strangers (Os Estranhos, 2008) de Bryan Bertino, por muitos considerado, acertadamente, um dos melhores filmes de terror da última década. Passaram precisamente dez anos desde a estreia do clássico instantâneo de Bertino, em que três mascarados, Dollface, Man in the Mask e Pin-Up Girl, aterrorizam um casal em crise conjugal, interpretado por Liv Tyler e Scott Speedman, durante uma estadia numa casa de campo. Perto do final do filme, o carro que transporta os mascarados depois da matança, pára perto de dois rapazes que distribuem folhetos religiosos na berma da estrada. Dollface pede um dos folhetos e o rapaz pergunta-lhe se é pecadora, ao que ela responde: “Sometimes”.

The Strangers: Prey at Night (2018) de Johannes Roberts

O argumento escrito por Bertino, explorando a ideia de uma América em que a violência não só é injustificada, como ditada pela aleatoriedade e incoerência, foi considerado pelo seu agente como facilmente vendável, como seria comprovado pelos surpreendentes resultados de bilheteria no mercado internacional, de mais de oitenta milhões de euros, quando comparados com o orçamento de oito milhões de dólares. Meses depois da estreia em Portugal do seu penúltimo filme, 47 Meters Down (47 Metros de Terror, 2017), com The Strangers: Prey at Night, Johannes Roberts passa de um quase desconhecido a figura com ambição autoral dentro do género de terror. De resto, o convite para Johannes Roberts dirigir a sequela não é uma surpresa pois trata-se de um dispositivo próximo do que tinha trabalhado em F (2010), onde os assaltantes de uma escola escondem a identidade debaixo do capuz e irrompem desfocados do fundo do plano, sem corporalidade definida, como fantasmas.

Em The Strangers: Prey at Night, a acção decorre num parque de campismo – circuito fechado em que as personagens regressam irreversivelmente ao ponto de partida – onde os mascarados perseguem um casal (Christina Hendricks, num claro erro de casting, e Martin Henderson) e dois filhos (Bailee Madison e Lewis Pullman). Como referíamos a propósito de 47 Meters Down, a sobrevivência do núcleo familiar é um tema recorrente na obra de Johannes Roberts: a reconquista do amor da ex-mulher e da filha em F, o reencontro do casal durante o massacre por um monstro extraterrestre em Storage 24 (2012), a morte prematura do filho em The Other Side of the Door (2016), e a luta de duas irmãs no fundo do oceano contra tubarões no falso final de 47 Meters Down. Quase inteiramente filmado numa piscina de um estúdio nas Caraíbas, preenchida com tubarões desenhados através de um computador, 47 Meters Down é um soberbo exercício sobre o tratamento do espaço na era digital. No caso de The Strangers: Prey at Night é valorizada uma abordagem mais tradicional,  a nível dos enquadramentos e da utilização das lentes zoom, bem como na vertente artesanal de construção do espaço, o que resulta num nocturno e deserto parque de campismo inundado por nevoeiro, com Johannes Roberts a prestar conscientemente homenagem a The Fog (O Nevoeiro, 1980) de John Carpenter – mas também a Halloween (As Noites de Halloween, 1978) e Christine (Christine: O Carro Assassino, 1983). Embora aconteça esta citação, o nevoeiro é trabalhado na composição da atmosfera e da profundidade de campo e não tanto como uma evidente personagem, como no caso de Carpenter.   

Admirador incondicional de John Carpenter, tendo-se proposto realizar possíveis remakes de Christine e Memoirs of an Invisible Man (Memórias de um Homem Invisível, 1992), Johannes Roberts utiliza uma economia narrativa e um dispositivo de cerco que lembram a obra do mestre americano, mas essa filiação nunca parecera tão clara como em The Strangers: Prey at Night, porventura até com uma certa ingenuidade pois já tinha dado provas de não necessitar de qualquer muleta – em abono da verdade, isto confirma que John Carpenter, mesmo sem realizar filmes, mantem-se como a maior fonte de inspiração para a actual produção de cinema de terror. Ainda no domínio de mestres e obras de referência, poderíamos acrescentar Night of the Living Dead (A Noite dos Mortos-Vivos, 1968) de George A. Romero, The Texas Chain Saw Massacre (Massacre no Texas, 1974) de Tobe Hooper, o videojogo Silent Hill 2 (2001) e, claro, o filme de Bryan Bertino.

Uma das citações mais óbvias acontece relativamente a The Texas Chain Saw Massacre, na cena em que Kinsey (Bailee Madison), na parte de trás da carrinha, ri dementemente enquanto se afasta de Man in the Mask. No momento da decisão, na vontade de equilíbrio entre a divergência e o acordo, Johannes Roberts ambiciona confirmar um universo reconhecível como âmago da sequela, descolar do dispositivo celebrizado por Bertino e finalmente sair sem se queimar, do caldeirão das citações que até incluem a sua própria obra, como é notório na cena da piscina que lembra o recente 47 Meters Down.

Para baralhar as impressões do espectador, a banda sonora inclui clássicos pop da década de 1980, facilmente reconhecíveis, como Cambodia (1981) de Kim Wilde e Total Eclipse of the Heart (1983) de Bonnie Tyler, provavemente parte da música que marcou os primeiros amores de Johannes Roberts, nascido em 1974, como de todos os adolescentes da época. Mesmo por isso, imaginamos o horror do espectador que ainda vive secretamente os sonhos que, certamente impróprios para a idade, teve com Kim Wilde, enquanto assiste a um lento e cruel assassinato, ouvindo-a cantar: “I guess she’ll never know, What got inside his soul, She couldn’t make it out, Just couldn’t take it all”. São memórias intrigantes que, no caso de The Strangers: Prey at Night,  não acompanham as normas do fenómeno slasher, também popular durante essa época, em que as vítimas adolescentes apresentam comportamentos considerados negativos, alimentados por quantidades substanciais de sexo, álcool e drogas.

Passada a febre dos temas musicais pop escritos especificamente para cinema, transformados em instantâneos sucessos globais, a música dos anos de 1980 passou a ser usada com relativa precaução, convocando principalmente a facção indie. Nos últimos anos, no género de terror, a desfaçatez parece guiar as operações, intensificando a acção desta cultura da nostalgia. Depois da invasão dos miúdos a “sprintar” com bicicletas, chegou a hora de instrumentalizar temas musicais fortemente datados para desenvolver cenas que arriscam uma grande dose de imprevisibilidade. No ano passado, na série televisiva de culto Stranger Things (2017- ) criada pelos irmãos Matt e Ross Duffer, Africa (1982) dos Toto irrompia inesperadamente durante uma cena romântica.

Seguindo este raciocínio, será que não poderíamos olhar para The Strangers: Prey at Night como o reencontro com uma multitude de “creatures of the night”, citações em forma de sons e de imagens, embaladas por sintetizadores melancólicos, com vista à reencenação de uma curiosa “night of the living dead”, com sabor a anos oitenta? Ainda dentro do mesmo filão, não custaria antever que In The Heat Of The Night  de Sandra daria um óptimo tema para uma possessão demoníaca: “You call for me, Again I’ll see, In the heat of the night, I lose control in the heat of the night, It’s much too late to leave the trade, But I can’t stand it anymore”. No sentido de introduzir alguma sobriedade, apontaríamos para Deus (1988) dos The Sugarcubes, em que Björk e Einar “Delicious Demon” Benediktsson alertam: “Deus does not exit. But if he does, he lives in the sky above me, In the fattest largest cloud up there. He’s whiter than white and cleaner then clean. He wants to reach me”.

Posto isto, é razoável que o espectador questione se The Strangers: Prey at Night não se converte numa enorme paródia, para a qual não temos resposta imediata. Porventura, vê-se lindamente durante um ataque de amnésia.

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Carlos Alberto Carrilho

"I took a couple of papier-mâché rocks from the nearby studio, probably leftovers from some sword and sandal flick, then I put them in the middle of the set and covered the ground with smoke and dry ice, and darkened the background. Then I shifted those two rocks here and there and this way I shot the whole film." Mario Bava

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1 Comentário

  • Palatorium walshiano: de 8 de Março a 8 de Abril | À pala de Walsh diz: Abril 9, 2018 em 11:38 am

    […] Player One: Jogador 1, 2018), e também o segundo filme filme do ano de Johannes Roberts, The Strangers: Prey at Night (Os Estranhos – Caçada Noturna, […]

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