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À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 2

The 15:17 to Paris (2018) de Clint Eastwood

De Luís Mendonça · Em Fevereiro 20, 2018

No filme anterior de Eastwood, o herói retratado aparecia, ele próprio, indesmentível, depois da ficção. O comandante Sully emergia assim de uma reconstituição dramática encenada com aprumo pela câmara de Eastwood e com sobriedade pela máscara de Tom Hanks. Apesar da técnica de montagem e da elegância da câmara, pouco heróica era a forma do filme, que parecia não abdicar dos confortos de quem viaja em primeira classe num avião de destino certo. O destino era heróico aí, também o será na obra seguinte, The 15:17 to Paris (15:17 Destino Paris, 2018). A diferença entre os dois está na forma como Eastwood deu a volta ao “texto dramático” mais tradicional, fazendo de uma simples opção de casting motor de uma decisiva, e corajosa, reinterpretação do filme de reconstituição histórica. Eastwood sai da primeira classe em que estava metido e joga-se aos ares, sem pára-quedas, numa das suas mais ousadas experiências: decide produzir toda uma ficção com os heróis verdadeiros que em 2015 manietaram um terrorista num comboio que tinha como destino Paris.

Dificilmente Eastwood poderia fazer maior elogio aos seus heróis, uma vez que os convoca no próprio filme para interpretarem os seus papéis. Se estes já haviam revelado nervos de aço quando impediram um ataque terrorista, que porventura sem eles teria resultado num massacre de proporções inimagináveis, agora reúnem-se outra vez para enfrentarem com coragem o desafio de reviverem – e darem a viver – esses acontecimentos no cinema. Eastwood celebra a coragem destes homens – e canta a sua admiração por eles – partilhando, dentro dos possíveis, o risco que eles próprios viveram. A opção de Eastwood poderia redundar num completo desastre. Não é o caso. Aliás, The 15:17 to Paris só é um objecto interessante na obra de Eastwood precisamente por este estar autenticado bem por dentro, nos seus rostos principais. É como se Eastwood quisesse dizer que o dispositivo ficcional se redime precisamente nessa opção. É ela que torna veraz o esforço – falso mas não falsificante, bem pelo contrário – de levar ao grande ecrã a história destes três amigos.

Mesmo estando longe do melhor Eastwood, é difícil ficar indiferente ao modo – humilde, verdadeiro – como arrisca esta inusitada empresa constituída pelo realizador de mãos dadas com os heróis que canta.

O que é que ressalta desta tentativa de fazer da realidade documental – uma do corpo e do rosto – medium da ficção mais clássica, levando aquela a mais completamente “imitar-se a si mesma”? Algo que já estava presente nos maiores heróis do panteão eastwoodiano: a humildade. Aqui ela atinge a pureza do documentário, mas sem perder a elevação – a nobreza “mitológica” – do cinema clássico. Porque estes três amigos, tendo feito algo excepcional, não nos são apresentados como seres excepcionais. Eastwood comove-se, aliás, com a sua não excepcionalidade, com o aparentemente pouco e insignificante que a suas vidas têm a contar antes da famosa viagem de comboio que faria deles um caso extraordinário de heroísmo na presente guerra contra o terrorismo.

O filme, que começa in media res, alterna factos do passado com fragmentos do que se sucedeu naquele dia, àquela hora, no comboio para Paris. É verdade que Eastwood, desde os episódios da infância dos três amigos, não deixa de procurar com demasiada insistência elementos que expliquem o feito que estas personagens/pessoas iriam protagonizar. Também é verdade que o filme se vai libertando desse “determinismo” algo bacoco à medida que avança até ao embate final no comboio, filmado com uma secura que revela uma grande fidelidade – um imenso respeito, apetece antes escrever – com o “como realmente se passou”. Progressivamente, vamos sentindo estas vidas como banais, só vagamente dignas de uma ficção como esta, “directed by Clint Eastwood”. Parece que nada de especial aqui é contado. Mas quanto mais parece que assim é, mais próximos vamos ficando da existência simples, humilde, destes três jovens que, na hora H, souberam erigir um dos maiores monumentos contra o medo no mundo pós-11 de Setembro. Mesmo estando longe do melhor Eastwood, é difícil ficar indiferente ao modo – humilde, verdadeiro – como arrisca esta inusitada empresa constituída pelo realizador de mãos dadas com os heróis que canta.

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2010'sClint EastwoodTom Hanks

Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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2 Comentários

  • Dois filmes que me revêem ou à atenção de Luís Miguel Oliveira e Fernando Guerreiro | À pala de Walsh diz: Fevereiro 28, 2018 em 9:25 am

    […] é, aquilo que está perto do solo. Ora, em Eastwood a terra suja e a terra lava. Como escrevi aqui, parece-me que o seu mais recente filme atesta de novo, e com alguma eloquência, esta ideia que […]

    Inicie a sessão para responder
  • Palatorium walshiano: de 12 de Fevereiro a 8 de Março | À pala de Walsh diz: Março 8, 2018 em 9:19 pm

    […] de Manuel Mozos, o árido Todas as Cartas de Rimbaud (2017) de Edmundo Cordeiro, o ideológico The 15:17 to Paris (2018) de Clint Eastwood e o complexo Correspondências (2016) de Rita Azevedo Gomes. Assim […]

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