• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Ficheiros Secretos do Cinema Português
    • Nos Confins do Cinema
    • Raccords do Algoritmo
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
David Lynch: The Art Life (David Lynch: The Art Life – A Vida Arte, 2016) de Jon Nguyen, Olivia Neergaard-Holm e Rick Barnes
Críticas, Em Sala 0

David Lynch: The Art Life (2016) de Jon Nguyen, Olivia Neergaard-Holm e Rick Barnes

De Ricardo Vieira Lisboa · Em Junho 1, 2017

Fala-se amiúde da falência da vaga de cineastas dos anos 1990. E em boa verdade vários são os nomes que se eclipsaram com a entrada do milénio: Chen Kaige evaporou-se (e ainda bem), Zang Yimou tornou-se decorativo, Panahi está preso (literalmente, o que não o impediu de ir fazendo grande cinema), Kiarostami e Kieslowski faleceram, Lars von Trier é afinal um provocador semi-oco, Almodóvar de vez em quando acerta (mas só de vez em quando), Jane Campion fica-se pela delicadeza desinteressante, Mira Nair é uma realizadora de um só filme, Kusturica é um pindérico levado em ombros, Haneke não é humano, Zhangke virou-se para a telenovela, os Coen cristalizaram-se num pastiche de si mesmos e os Dardenne estão presos no ciclo vicioso da sua autoria, Leigh, Moretti e Tarantino são a excepção que confirma a regra, Kitano tem mais que fazer assim como o artista plástico David Lynch. David Lynch: The Art Life (David Lynch: The Art Life – A Vida Arte, 2016), de Jon Nguyen, Olivia Neergaard-Holm e Rick Barnes, fala desse artista plástico que a certa altura se desviou pelos caminhos enfermos do cinema e demorou três décadas a conseguir voltas às pinturas. Aliás, fala da criança-adolescente-jovem-adulto que outrora fora – antes do dito desvio – segundo a perspectiva de quem olha para trás (para as próprias memórias refundidas pelo cinema).

David Lynch: The Art Life (David Lynch: The Art Life – A Vida Arte, 2016) de Jon Nguyen, Olivia Neergaard-Holm e Rick Barnes

David Lynch: The Art Life é um documentário que pouco acrescenta, de facto, à figura que qualquer cinéfilo formou do realizador norte-americano. Centrado no intervalo que vai da infância à rodagem de Eraserhead (No Céu Tudo É Perfeito, 1977), o filme realizado a seis mãos recusa paulatina e sistematicamente as imagens de cinema de Lynch (se por vontade ou imposição pouco importa) e acrescenta, a essa estratégia de concentração, um olhar que apenas se interessa por Lynch, as suas palavras (o filme funciona quase como um monólogo auto-biográfico), os seus desenhos, as suas pinturas, os seus cigarros, as suas lembranças. No entanto, é importante afirmar que no filme de Nguyen, Neergaard-Holm e Barnes nunca se propõe uma visão narrativa linear sobre a história de vida de David Lynch, pelo contrário. Parece-me que ao invés de se construir uma história pessoal com um arco bem delineado, o filme e Lynch – enquanto extraordinário contador de anedotas – promovem a ideia do episódio como elemento fundacional do percurso lynchiano.

A maior singularidade de David Lynch: The Art Life é este fazer-se qual ramerame psicanalítico que, pelo condão da fadiga, nos emerge no modo de pensar lynchiano.

De facto The Art Life apresenta-nos uma série de episódios desgarrados (em ordem cronológica) mais ou menos reveladores da experiência do mundo segundo David Lynch (e que iluminam, de certo modo, o seu cinema posterior – e provavelmente à luz deste): o momento em que o pai o chama, e aos irmãos, para jantar e surge nos relvados uma mulher nua, ensanguentada, num enorme pranto, que se vai sentar na berma da estrada; ou aquela situação em que, a meio da noite, um estrondo enorme se faz ouvir na casa dos vizinhos da frente e depois… Lynch não chega a contar o que se passou; ou a primeira vez que o cineasta-pintor (ou pintor-cineasta) fumou um charro e as linhas da auto-estrada continuaram a passar-lhe ao lado embora já tivesse estancado o movimento do carro – antecipando os múltiplos planos da sua cinematografia em que as luzes narcóticas dos faróis iluminam os traços intermitentes que dividem ao meio o alcatrão.

Mas se dificilmente se pode dizer que nos foi revelado algo de novo sobre a personalidade do mito (ou a mitologia da personalidade), também é certo que este filme se propõe a uma estranha operação de conquista metódica do espectador pelo cansaço. The Art Life é um filme com um ritmo soporífero e à medida que os minutos se estendem e Lynch nos conta as suas histórias, entre o banal e o macabro, vamo-nos instalando num sedativo onirismo auxiliado pelas profusas baforadas de cigarro que chegam a encher toda a tela de branco. Este estado de alma que nos acolhe trabalha a favor de duas coisas: uma, importar o universo surreal do cinema de Lynch para a própria experiência de um documentário sobre a juventude do realizador (quase como que se um pressagio se tratasse); dois, levar-nos a encontrar no trabalho plástico inicial de Lynch as sementes do seu cinema, ou inversamente, encontrar no trabalho plástico recente de Lynch o paroxismo do seu olhar fílmico.

Servem estes vários exemplos para argumentar a favor daquela que me parece ser a maior singularidade de David Lynch: The Art Life: fazer-se qual ramerrame psicanalítico, ou moinha auto-novelizadora, que pelo condão da fadiga nos emerge no modo de pensar (se é que é sequer um modo pensante) lynchiano. O resultado não é pois uma transferência de conhecimento sobre a natureza do cinema — da arte, da vida, da arte-vida – do realizador, antes o ensaio de uma forma de sentir de outrem que se desenvolve em hora e meia e se esgota no correr dos créditos finais. Uma espécie de partilha sensível (logo não-analítica) desse adjectivo que já quase perdeu o referente, lynchiano.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sDavid LynchJon NguyenOlivia Neergaard-HolmRick Barnes

Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Dos Monjes”: o virtuosismo do melodrama para uma definição de “Expressionismo Mexicano”

  • Cinema em Casa

    “The Godfather Coda: The Death of Michael Corleone”: como escangalhar uma obra-prima

  • Cinema em Casa

    “Dans la maison”: o cineasta-térmita confinado nas suas personagens

Sem Comentários

Deixe uma resposta Cancelar resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • “Dos Monjes”: o virtuosismo do melodrama para uma definição de “Expressionismo Mexicano”

    Janeiro 19, 2021
  • A minha colecção sou eu

    Janeiro 18, 2021
  • Filmes nas aulas, filmes nas mãos

    Janeiro 17, 2021
  • “The Godfather Coda: The Death of Michael Corleone”: como escangalhar uma obra-prima

    Janeiro 14, 2021
  • “Dans la maison”: o cineasta-térmita confinado nas suas personagens

    Janeiro 12, 2021
  • “A Mulher Que Fugiu”: a não presença do nada

    Janeiro 11, 2021
  • Cenas do reino dos inquietos

    Janeiro 10, 2021
  • “The Godfather: Part III”: o melhor da trilogia (para mim, entenda-se)

    Janeiro 7, 2021
  • O enigma Ozu: visto pelos outros e pelo próprio

    Janeiro 6, 2021
  • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Dezembro

    Janeiro 4, 2021

Goste de nós no Facebook

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • “Dos Monjes”: o virtuosismo do melodrama para uma definição de “Expressionismo Mexicano”

    Janeiro 19, 2021
  • A minha colecção sou eu

    Janeiro 18, 2021
  • Filmes nas aulas, filmes nas mãos

    Janeiro 17, 2021
  • “The Godfather Coda: The Death of Michael Corleone”: como escangalhar uma obra-prima

    Janeiro 14, 2021
  • “Dans la maison”: o cineasta-térmita confinado nas suas personagens

    Janeiro 12, 2021

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João César Monteiro Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2020 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.