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Críticas, Em Sala 0

Bone Tomahawk (2015) de S. Craig Zahler

De Tiago Ribeiro · Em Janeiro 27, 2017

Declarado morto e enterrado há algumas décadas, o western lá vai, esporadicamente, fazendo as suas aparições fantasmagóricas, com mais ou menos revisionismo histórico, com mais ou menos reverência pelos códigos do género. É tipo o Rock, que anda morto desde os anos setenta, ou o próprio Cinema, que já foi sepultado umas dez mil vezes e continua a andar por aí, sem respeito nenhum pelas sábias profecias dos mestres e dos seus minions. Mas voltemos ao western e a Bone Tomahawk (A Desaparecida, o Aleijado e os Trogloditas, 2015), episódio 5678 da ressurreição do “filme de cowboys” após o seu óbito.

“Filme de cowboys” como quem diz, pois nenhuma das personagens do filme de S. Craig Zahler é um vaqueiro, antes tudo se resumindo a um sheriff, ao seu adjunto (que na tradição “Brennaniana”, providencia a distracção cómica), a um pistoleiro, e a um mestre de obras e à sua esposa. Neste diversificado grupo, encontram-se a “a desaparecida” (quem será?) e o “o aleijado” do título em português, mas, embora qualquer um dos quatro homens referidos possam ter comportamentos de troglodita, não é a eles que os “os trogloditas” se referem. Já agora, quanto ao título em português: é sempre bom constatar que a cinefilia permanece viva na nobre tarefa de atribuir títulos aos filmes “estrangeiros”.

Esses quatro homens serão, em Bone Tomahawk, o símbolo da eterna luta do homem “civilizado” contra os elementos naturais e à “bestialidade” que se opõem no seu caminho para a edificação de um mundo em que se possa comer sentado, de garfo e faca. O deserto e o calor, a chuva e o frio, uma perna a desfazer-se ou uma tribo de super-canibais serão os itens a aguentar e a despachar para que se possam traçar, mais descansadamente, novas rotas em direcção ao Pacífico. Os malvados índios, esses empecilhos selvagens do cinema de antanho, são agora educados e muito bem vestidos, ajudando os conquistadores da fronteira a encontrar os super-canibais. Outros tempos…

Bone Tomahawk tem um início fortíssimo, e quando termina o filme, damos por nós a pensar que melhor seria se assim não fosse, pois a barra foi colocada tão em cima que Craig Zahler nunca mais a consegue sequer igualar.

Bone Tomahawk tem um início fortíssimo, e quando termina o filme, damos por nós a pensar que melhor seria se assim não fosse, pois a barra foi colocada tão em cima que Craig Zahler nunca mais a consegue sequer igualar. Dois bandidos roubam viajantes durante o seu sono. A primeira alegria que temos é que um dos meliantes é o Sid Haig, esse homem que fez quarenta personagens diferentes na série original do Mission: Impossible e que foi o Pater familias nas pérolas de Rob Zombie, House of 1000 Corpses (A Casa dos 1000 Cadáveres, 2003) e The Devil’s Rejects (Os Renegados do Diabo, 2005). Com o outro assaltante, David Arquette, formam um casal de idiotas que se aventuram por onde não deviam, e é aqui, com recurso à violência burlesca e a uma linguagem formal, cheia de afectação e tiques linguísticos, que Zahler atinge níveis de brilhantismo que não mais se verão. Após esse prólogo, serão estabelecidas as personagens principais, a “desordem” narrativa, o segundo acto será uma competente mas rotineira concessão aos rituais e imagens do género (o inevitável plano-geral dos quatro “heróis” a cavalgar…), e tudo terminando num final esperado e anti-climático. Suspeitamos que, para esse última parte do filme, deveriam ter contratado a imaginação doentia e sociopata de um Eli Roth. Roth não se limitaria ao “choque” e à selvajaria: seria tão indisciplinado na sua abordagem, que mal saberíamos se haveríamos de rir ou chorar.

A linguagem formal acima referida traz para cima da mesa a inevitável sombra do Tarantino, ainda mais com o The Hateful Eight (Os Oito Odiados, 2015), estreado (em terras norte-americanas) na mesma altura de Bone Tomahawk. Também com ligação a The Hateful Eight, há o Kurt Russel, que em Bone Tomahawk poderia passar pelo irmão gémeo do John Ruth do último filme de Tarantino; o mesmo cabelo, a mesma barba, separados apenas pela profissão e pelo temperamento. Meras curiosidades, pois Bone Tomahawk, por mais que atribua elementos do “filme de terror” á sua narrativa, é uma obra que respeita, com vénia, os códigos de honra, de sacrifício, de “humanidade” que são típicos do western ; já Tarantino, só não executou os seus actores porque isso provavelmente lhe traria problemas de ordem judicial.

Como as coisas vão em termos de western (ou seja, não vão), Bone Tomahawk é sinónimo de filme a ver, por mais previsível e fiel que seja aos “princípios westernianos”. E já que estamos numa era em que tudo se mistura, desde Jane Austen com zombies, cowboys com aliens e PS com PCP, ver um filme em que um canibal prepara um churrasco de um homem “civilizado” não será a pior dessas misturas contra-natura.

 

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Tiago Ribeiro

Em Dezembro de 1963, Jean-Luc Godard, sentado numa esplanada em Saint-Germain-des-Prés, proferiu o seguinte: "estou sentado numa cadeira numa esplanada e o cinema faz este mês sessenta e oito anos". Um "jeu de mot" polémico (como sempre, no mestre) mas que em retrospectiva nos parece de uma clarividência singular.

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