• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
    • Se Confinado Um Espectador
  • Crónicas
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Se Confinado Um Espectador
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Festivais, IndieLisboa 0

IndieLisboa 2016: We Live by Night

De Francisco Noronha · Em Abril 27, 2016

Depois ter impressionado Berlim com Balada de um Batráquio (2016), que tem passado amiúde nesta edição do IndieLisboa, Leonor Teles impressionou-me a mim na cabine de DJ da Casa Independente, revelando uma bagagem discográfica muito interessante. A acompanhá-la, esteve, na pista, o inconfundível João Botelho, sempre em altas rotações e a mostrar à juventude como se faz. Mas e os filmes? Bom, isso foi um pouco antes: de dia, sim, mas também no escuro…


La Californie (2015) de Charles Redon

La Californie (2015), de Charles Redon

Para quem estava no Cinema Ideal (Boca do Inferno) e assistiu ao Q&A com Charles Redon (incrivelmente aparentado com Zlatan Ibrahimović) depois do filme, não pôde deixar de sentir um certo embaraço (essa coisa da “vergonha alheia”) em ter à sua frente o titânico (e tirânico) voyeur que acabáramos de ver filmando todos os passos e mais alguns da namorada (dançando, chorando, exasperando-se, tomando banho nua, fazendo amor, traindo-o até) e inclusivamente filmando-se a si próprio, ora em momentos puramente egocêntricos (de camera stick apontada a si), ora dando azo a fantasias sadomasoquistas (Redon chega a filmar uma sessão de chicote em que participa). Ironicamente, nunca vemos, porém, um terceiro a filmar o realizador, o que diz muito da sua personalidade emocional e artística. Iconoclasta, megalómano, stalker, fetichista – assim é Charles Redon (há algo de Orson Welles em si, até na sua fisicalidade…), que constrói um docudrama apaixonante e apaixonado (embora dos créditos do filme conste a menção de que tudo é verídico e que apenas a sequência temporal das imagens foi trabalhada), obsessivo e obcecado, sobre Mathilde Froustey, sua namorada e bailarina então em ascensão, seguindo-a e espiando-a doentiamente, sem freios ou falsas consciências, até ao momento em que Mathilde se começa a sentir verdadeiramente incomodada com a presença da câmara e com a atitude indolente do realizador (“Go get a job!”, ouve-se várias vezes).

O resultado deste big brother a dois é um filme que, na sua sickness, não deixa de ser um interessantíssimo – e, mesmo, comovente (como quando Mathilde lhe diz que ele já não conseguirá filmar mais imagens à altura do que era a sua relação no início…) – documentário sobre os altos e baixos de uma relação de amor (não tão peculiar assim, a diferença está mesmo apenas na presença da câmara), mas, também, sobre os tempos em que vivemos, onde a noção de privacidade é trespassada por iphones, clouds, “redes sociais” e afins – aliás, ainda fará sentido falar em “privacidade” sem darmos uma gargalhada a seguir? Não sei, mas isso não parece preocupar muito Mathilde Froustey, com quem Charles Redon se casa no final do filme.

Un monstruo de mil cabezas (2015) de Rodrigo Plá

Un monstruo de mil cabezas (2015), de Rodrigo Plá

A certa altura, num gag brilhante, o filho de Sonia diz a alguém que a música que aprecia é punk, dos Clash aos Pistols, ao que o seu interlocutor acrescenta os Ramones. Este trabalho de Rodrigo Plá é isso mesmo, um “filme punk”, no sentido de desobediência às normas instituídas, no caso, o perverso funcionamento da maquinaria das empresas seguradoras de saúde (Obamacare, anyone?). O filho também dirá a um polícia (a “Autoridade”, justamente), já no final, que se recusa a sair, numa frase que ecoa as linhas da guitarra de Johnny Ramone: “Só se me tirar daqui à força”. Ora, é o recurso à força, a realização da “justiça pelas próprias mãos”, que leva Sonia, esposa de um doente com cancro, num acto de desespero, a entrar pela noite a dentro numa série de casas da elite económica mexicana de arma em riste e com o único intento de conseguir as assinaturas necessárias à cobertura dos tratamentos que a empresa seguradora se recusa, ardilosamente, a cobrir.

As “mil cabeças” são, aqui, esses muitos representantes (accionistas, administradores, advogados, etc.) do “monstro” (a empresa seguradora, se bem que Plá, não deixando de abordar a questão classista num país tão desigual como o México, não imprima, e bem, um tom maniqueísta ao filme) por que Sonia vai passando na sua demanda de conseguir reunir a papelada necessária. O dispositivo montado assenta na conjugação da acção no presente com o julgamento em voice over de Sonia em flash-forward (só som, sem imagens), culminando num declarado open ending, a saber, o início da leitura de sentença de Sonia. E isso, obviamente, não é por acaso: é sinal, em mais uma atitude “punk”, de que o mais importante já foi contado (o desespero que leva alguém a assumir condutas que não se coadunam com a sua personalidade mas que são o último recurso perante a ganância e a usura) e de que, de ali em diante, o “resto”, aquilo que a sociedade instituirá como boa norma aos olhos de todos, não passará de um processo judicial com o seus trâmites e formalidades e onde a sentença não será surpresa para ninguém. A Justiça é um lugar estranho.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
Charles RedonIndieLisboa 2016Leonor TelesRodrigo Plá

Francisco Noronha

francisconoronha10@hotmail.com

Artigos relacionados

  • Festivais

    Porto/Post/Doc 2020: memórias e fantasmas

  • Festivais

    Frames Portuguese Film Festival 2020: Frames Love Stories

  • Críticas

    “David Byrne’s American Utopia”: o cinema fica na plateia a assistir

Sem Comentários

Deixe uma resposta Cancelar resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • Amigos e comparsas na nouvelle vague

    Fevereiro 25, 2021
  • In memoriam: Jean-Claude Carrière (1931-2021)

    Fevereiro 24, 2021
  • A piscina da vizinha é o cinema da minha

    Fevereiro 23, 2021
  • “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

    Fevereiro 22, 2021
  • Três passos numa floresta de alegorias

    Fevereiro 21, 2021
  • “Soul”: a vida, a morte e o jazz

    Fevereiro 18, 2021
  • Parar as cores

    Fevereiro 17, 2021
  • Vai~e~Vem #30: o que pode o retrato

    Fevereiro 16, 2021
  • Steal a Still #38: Luís Miguel Oliveira

    Fevereiro 15, 2021
  • Lições de um século

    Fevereiro 14, 2021

Goste de nós no Facebook

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • Amigos e comparsas na nouvelle vague

    Fevereiro 25, 2021
  • In memoriam: Jean-Claude Carrière (1931-2021)

    Fevereiro 24, 2021
  • A piscina da vizinha é o cinema da minha

    Fevereiro 23, 2021
  • “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

    Fevereiro 22, 2021
  • Três passos numa floresta de alegorias

    Fevereiro 21, 2021

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João César Monteiro Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2020 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.