• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Our Brand is Crisis (2015) de David Gordon Green

De Ricardo Vieira Lisboa · Em Novembro 18, 2015

Que realizador se esconde por de trás da obra de David Gordon Green? Esta é uma pergunta que a cada novo filme do realizador norte-americano se torna cada vez mais difícil de responder. Primeiro começou com os filmes transidos (e transados) de Malick, Korine e Burnett [George Washington (2000), All the Real Girls (2003) e Undertow (Contra-Corrente, 2004)], depois vieram as comédias da trupe de Jonah Hill e James Franco [Pineapple Express (Alta Pedrada, 2008), Your Highness (Real Desatino, 2011) e The Sitter (A Desbunda, 2011)]. E depois dessas os pequenos retratos de homens solitários e idiossincráticos na ‘Real’ America [Prince Avalanche (2013), Joe (2013) e Manglehorn (O Senhor Manglehorn, 2014)]. As sucessivas curvas e contra-curvas que a sua obra parecem evidenciar tanto um lado de tarefeiro que sabe fazer o filme que o estúdio ordena e sabe construir o filme em redor da estrela que o protagoniza, como ao mesmo tempo demonstra um lado copista que constantemente sabe ver e fazer cinema “à moda de”. O que Our Brand is Crisis (Profissionais da Crise, 2015) parece demonstrar é exactamente a consciência desse trabalho da constante citação.

Our Brand is Crisis (Profissionais da Crise, 2015) de David Gordon Green

A começar, Our Brand is Crisis é um spun-off  (que é como quem diz uma continuação num formato diferente) de um documentário com o mesmo nome realizado por Rachel Boynton em 2005 sobre um grupo de consultores políticos que ajudaram Gonzalo Sáchez de Lozada a vencer a corrida presidencial na Bolívia em 2002. Assim este filme de Gordon Green engrossa a cada vez mais repleta lista de ficções americanas resultantes de documentários de sucesso. Mas inevitavelmente há uma dose de, pelo menos, homenagem a Power (As Chaves do Poder, 1986) de Sidney Lumet onde também um consultor político dá uma perninha numa campanha presidencial da América do Sul. Mas se se sente um ar do cinema liberal americano dos 1970’s e 1980’s certo é também que o “romance” entre Sandra Bullock e Billy Bob Thorton tem o seu quê de “Katharine Hepburn and Spencer Tracy romance“. E aqui entra o tom leve da comédia (por vezes screwball), certamente injectado pela própria Bullock que produz o filme (e para a qual o papel de protagonista foi escrito, mudando o sexo do protagonista do documentário de 2005), convertendo-o num veículo para a sua figura pública – daí a escabrosa sequência final que inverte o cinismo do seu personagem fazendo de Calamity Jane uma generosa activista pela democracia na América do Sul.

O constante jogo das citações no filme que colocam ao mesmos nível a alta e a baixa cultura, ao ponto de fazer confundir o filósofo com o propagandista é reflexo do próprio trabalho de Gordon Green enquanto realizador de colagens e cópias.

Mas referia a questão da citação. O argumento de Peter Straughan está repleto de citações, as quais a personagem de Bullock profere sem parar, num frankenstein discursivo por entre o qual dificilmente se descobre o seu próprio pensar. Ela tanto descreve a estratégia política através de citações d’A Arte da Guerra de Sun Tzu – “If your opponent is of choleric temper, seek to irritate him. Pretend to be weak, that he may grow arrogant” – como logo depois cita Muhammad Ali sobre o mesmo tema, profere discursos inspiradores recorrendo a Bruce Lee, Warren Beatty e Dolly Parton como cita apocrifamente Mark Twain – “If voting changed anything, they’d make it illegal”. Ao ponto de no momento chave do filme, aquando do debate final entre os três candidatos da frente, Bullock consegue influenciar o candidato da frente a citar Joseph Goebbels como se fosse o Fausto de Goethe – “It may be alright to have a power that is based on guns; however, it is better and more gratifying to win the heart of a nation and keep it.” O constante jogo das citações no filme que colocam ao mesmos nível a alta e a baixa cultura, ao ponto de fazer confundir o filósofo com o propagandista é simultaneamente um reflexo do exercício do tão badalado spinning político, como um reflexo do próprio trabalho de Gordon Green enquanto realizador de colagens e cópias [trabalho esse que não se via deste modo desde… João César Monteiro? – relembre-se por exemplo a citação à famosa cena do café The Big Heat (Corrupção, 1953) em Pineapple Express].

No entanto aquilo que torna relevante Our Brand is Crisis neste momento, pelo menos para o público nacional, são outros reflexos, aqueles nos quais os portugueses se revêem na sua situação política. A começar pela construção da “narrativa da crise” que inverte as prioridades do eleitorado de um candidato que promete esperança para um que garante segurança face ao descalabro, a certa altura um dos consultores diz mesmo “Sometimes a leader has to do what’s right for their country, whether the people want it or not” e não é preciso muito esforço para ouvir esta frase com a voz do nosso actual (ainda que temporariamente) primeiro-ministro. Mais ainda, o presidente da crise é interpretado, nem mais nem menos, por Joaquim de Almeida [que já tinha historial de presidências fílmicas na América do Sul em Che (2008)] e a sua primeira medida quando toma o poder é chamar o FMI. Foi preciso arranjar um actor português para melhor encarar a figura do mártir da finanças públicas. De porposito ou não, Our Brand is Crisis é capaz de nos dizer mais a nós do que a qualquer outra parte do mundo.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sBilly Bob ThortonBruce LeeCharles BurnettDavid Gordon GreenDolly PartonFriedrich NietzscheHarmony KorineJoaquim de AlmeidaJohann Wolfgang von GoetheJonah HillJoseph GoebbelsMark TwainMuhammad AliPeter StraughanSandra BullockSidney LumetSun TzuTerrence MalickWarren Beatty

Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Cow”: a vaca que não ri

  • Críticas

    “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

  • Críticas

    “The Souvenir Part II”: retrato de uma senhora

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

    Maio 17, 2022
  • Respigar até ao fim da ceifa

    Maio 16, 2022
  • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

    Maio 15, 2022
  • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

    Maio 15, 2022
  • “Cow”: a vaca que não ri

    Maio 12, 2022
  • Vai~e~Vem #41: o mistério para fugir ao esquecimento

    Maio 11, 2022
  • Amor

    Maio 10, 2022
  • “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

    Maio 9, 2022
  • Steal a Still #48: Francisco Villa-Lobos

    Maio 8, 2022
  • Play-Doc 2022: António Campos, a geometria das relações

    Maio 4, 2022

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

    Maio 17, 2022
  • Respigar até ao fim da ceifa

    Maio 16, 2022
  • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

    Maio 15, 2022
  • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

    Maio 15, 2022
  • “Cow”: a vaca que não ri

    Maio 12, 2022

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.