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Críticas, Em Sala 0

Lost River (2014) de Ryan Gosling

De Carlos Natálio · Em Setembro 16, 2015

Mesmo que o futuro me venha a desmentir e venha aí a caminho um novo Clint Eastwood actor-realizador de excelência, agora, neste saudoso ano da graça de 2015, a expressão “Ryan Gosling realizou um filme” podia bem vir nos dicionários de língua portuguesa como uma perífrase da palavra “tragédia”. Pois bem, a profecia cumpriu-se e o armegedão está à porta. Lost River (Rio Perdido, 2014) é a estreia na realização/argumento do sex symbol, projecto inspirado pela continuada convivência com o dinamarquês Nicolas Winding Refn. Desta, pausa para tosse, influência, sobressaem três pontos: o formalismo desenfreado, a ideia de armadilha/vingança que faz explodir a violência, e, finalmente, uma relação desajeitada com os mecanismos psicanalíticos dos traumas maternais e edipianos [quem viu aquela absurda sequência da entrada no útero da mãe em Only God Forgives (Só Deus Perdoa, 2013) infelizmente não esquece…]. Tudo isto somado Gosling brinda-nos aqui com uma espécie de versão triturada do cinema de Refn mas em mau. Ou, muito dirão, o que não é o meu caso, em pior.

Lost River (Rio Perdido, 2014) de Ryan Gosling

E esta questão do mau ou pior é útil para perceber que um filme como Drive (Risco Duplo, 2011) embora possa ser apelidado de fútil carrossel masturbatório pôde criar, através de um argumento de thriller série B, as condições de possibilidade do seu devaneio. Com Gosling a relação inverte-se e rapidamente percebemos que se começam a acumular bizarrias como alguém obcecado em coleccionar porta chaves. Billy, mãe solteira, vive numa zona pobre de Detroit com os seus dois filhos. Ela não tem dinheiro para pagar a renda da casa ao banco e, ante a iminência da demolição da mesma, aceita um trabalho como performer-stripper-gore num clube recôndito a fazer lembrar os rituais do Tom e da Nicole em Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados, 1999) que o gerente do seu banco (Ben Mendelsohn), numa personagem igual à do Dennis Hopper no Blue Velvet (Veludo Azul, 1986), lhe propõe. Assegurados os sangues e os fetiches (meninas, cautela com a mente deste jovem) há que adicionar a tarefa do filho mais velho, Bones, que cata cobre para o vender ao quilo e é perseguido pelo “rei do cobre” ele próprio, Bully que percorre a cidade num trono instalado no cimo do seu carro, guiado pelo seu ajudante sem lábios. Como se não bastasse há uma vizinha chamada Rat com um rato chamado Nick e que tem uma avó catatónica, eu sei que parece uma piada mas é assim, e que sabe da maldição da cidade que envolve rio perdidos e cabeças de dinossauro.

Tudo é roxo ou místico, vermelho ou perverso, não havendo nenhum plano que não gire, pulse, salte, fira, a pobre e indefesa pupila do espectador.

E a partir daqui é o esperado, tudo é roxo ou místico, vermelho ou perverso, não havendo nenhum plano que não gire, pulse, salte, fira, a pobre e indefesa pupila do espectador. Snapshots da estranheza musical lynchiana, os corpos pervertidos e encapsulados de Cronenberg nas caves do bar, as melodias argentinianas, os curse movies, os deslumbrados planos da mansão a arder em slow motion, os diálogos cravejados de catch frases. Ou ainda a improbabilidade de ter pensado no gore gratuito ou na indignidade de se apropriar de um cenário que ora brinca às crises subprime (a referência às rendas, o D de default pintado nas casas para demolir), ora emula o imaginário dos sobreviventes do furacão Katrina (a cidade alagada). De todo este caldinho, espera-se o que se espera de uma qualquer substância psicotrópica: que no final, ideias geniais, em sub-texto, venham à tona como a cidade do rio perdido deve vir. Aqui entra a dimensão familiar, uma espécie de atilho desta manta de retalhos que nos quer dizer qualquer coisa como: o lar é onde está a nossa família.

Mas não batamos mais no ceguinho. Não. Só mais uma paulada: Gosling quis experimentar o cinema com a mesma vivacidade com que uma qualquer estrela de cinema adopta um órfão africano e Lost River, aparte a bela banda sonora com Chromatics, Johnny Jewel e Larry Clinton que se ouve perfeitamente sem a imagem, é uma orgia visual, onírica, profundamente inconsequente, mesmo no que de mais forte (o sangue, a sexualidade, a excentricidade formal) teria para oferecer. Tudo é citação, perdão, pastiche, perdão, wallpaper, dando a entender que alguém viu muitos filmes e quis agora acasalar com uma câmara de filmar, experimentar todas as suas posições, apertar simultaneamente todos os seus botões…

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2010'sBen MendelsohnClint EastwoodDavid CronenbergDavid LynchDennis HopperNicolas Winding RefnRyan Gosling

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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