• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
    • Se Confinado Um Espectador
  • Crónicas
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Se Confinado Um Espectador
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Fehér isten (2014) de Kornél Mundruczó

De Ricardo Gross · Em Maio 27, 2015

Imagine-se este filme produzido no contexto da indústria do cinema norte-americano. Os cães, então reproduzidos e animados digitalmente, seriam em muito maior número, e a carga de praga bíblica assumiria proporções espectaculares de outra grandeza. Agora consideremos o mesmo filme nas mãos de um realizador de cinema, daqueles a valer. O filme foi feito. White Dog (O Cão Branco, 1982) de Samuel Fuller. Um único cão (ou vários a fazer de um só) foi suficiente para dar a perceber como o ódio (aplica-se quer aos animais como aos humanos) resulta de um condicionamento exercido sob a forma de violência física e psicológica. Fehér isten (Deus Branco, 2014) do húngaro Kornél Mundruczó encontra-se no meio destas duas escalas de produção, que correspondem a diferentes entendimentos do modo de fazer cinema: encher o olho com quantidade e velocidade ou antes criar matéria para reflexão. Mundruczó situa-se numa espécie de no dog’s land, justamente porque falha em relação àqueles que pretende enaltecer: os cães (pelos humanos), vítimas dos homens. Homo homini lupus (Plauto).

O realizador, que acumula funções ao nível do argumento, recorre a um facilitismo dramático que outra coisa não é que o paradoxo da economia narrativa.

A Fehér isten falta sobretudo coerência interna. A necessidade de contar aquela história basta. Os cães são filmados como pessoas (antropomorfizados é como se diz) em 90% do tempo e ao soar de uma melodia particular num trompete voltam a ser olhados (filmados) como cães. Fim de fábula. Joga também com demasiados arquétipos ficcionais para um único filme. A escravatura e o Holocausto (os cães perseguidos e mais tarde predadores são todos rafeiros). A exegese religiosa. A Lassie e o Planeta dos Macacos. O realizador, que acumula funções ao nível do argumento, recorre a um facilitismo dramático que outra coisa não é que o paradoxo da economia narrativa. Isto é pedir demasiado à suspensão da descrença do espectador. Fehér isten leva muito tempo com a história do abandono e dos maus tratos infligidos a Hagen (o cão protagonista; o “deus branco”) e despacha por imperativos de ordem vária a vingança dos animais. Entende-se a dificuldade que representa o trabalho desta segunda metade (coreografar e dirigir tanto bicho) mas é uma expectativa que o filme cria, desde logo com a sequência de abertura em que vemos a cidade deserta e a rapariga de bicicleta perseguida pela matilha em fúria, e o que se verá em seguida é um dramalhão convencional, de um esquematismo mais próprio do produto televisivo para consumo imediato.

Fehér isten passou há um ano em Cannes, onde arrecadou o prémio da secção Un Certain Regard e o Palm Dog Award, atribuído excepcionalmente e que premeia com inteira justiça o trabalho com os cães usados no filme. É aquilo que retemos: as imagens muitos belas dos cães correndo pelas ruas vazias ou quando aterrorizam pessoas pelo caminho. Incluída no genérico final está a informação de que todos os cães de Fehér isten foram adoptados. O intuito do filme é nobre, ninguém dúvida. A estratégica é que é forçada e o engenho do realizador mais apressado que a passada dos canídeos. Ou como de belos sentimentos também se fazem filmes dramaturgicamente sofríveis. Para ombrear com Charles Dickens são precisas muitas páginas de imagem-tempo.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sKornél MundruczóSamuel Fuller

Ricardo Gross

"Ken is a tormented man. It is Eiko, of course, but it is also Japan. Ken is a relic, a leftover of another age, of another country." The Yakuza (1974) de Sydney Pollack

Artigos relacionados

  • Cinema em Casa

    “Cosmopolis”: padrão-ratazana

  • Cinema em Casa

    “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

  • Cinema em Casa

    “Soul”: a vida, a morte e o jazz

Sem Comentários

Deixe uma resposta Cancelar resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • A carreira efêmera e dilacerante de Sarah Jacobson

    Março 7, 2021
  • Esta é uma história sobre o amor e a mudança de direcção

    Março 4, 2021
  • “Cosmopolis”: padrão-ratazana

    Março 3, 2021
  • A vingança do “Video Home System”

    Março 2, 2021
  • “The Other”: ali, à janela

    Março 1, 2021
  • Maureen O’Hara e John Wayne, disputas conjugais – parte III: The Wings of Eagles

    Fevereiro 28, 2021
  • Amigos e comparsas na nouvelle vague

    Fevereiro 25, 2021
  • In memoriam: Jean-Claude Carrière (1931-2021)

    Fevereiro 24, 2021
  • A piscina da vizinha é o cinema da minha

    Fevereiro 23, 2021
  • “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

    Fevereiro 22, 2021

Goste de nós no Facebook

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • A carreira efêmera e dilacerante de Sarah Jacobson

    Março 7, 2021
  • Esta é uma história sobre o amor e a mudança de direcção

    Março 4, 2021
  • “Cosmopolis”: padrão-ratazana

    Março 3, 2021
  • A vingança do “Video Home System”

    Março 2, 2021
  • “The Other”: ali, à janela

    Março 1, 2021

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João César Monteiro Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2020 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.