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LEFFest 2014: os filmes apresentam-se

De Luís Mendonça · Em Novembro 7, 2014

Apesar de um discurso algo céptico ao longo dos anos, que se prende com os apoios financeiros ao festival, Paulo Branco, o director do Lisbon and Estoril Film Festival (LEFFest), não cessa de aumentar a parada, de ano para ano. Sob o signo da multidisciplinaridade, cruzando cinema, arte, sociedade, investigação e política, este é um festival extravagante na dimensão e extravagante no conteúdo. Apesar dessa extravagância, a verdade é que, passo a passo, o LEFFest vai cimentando uma identidade própria. Este ano um tema grande cobre, como um guarda-chuva, uma boa parte dessa diversidade. Para falar sobre a sociedade da transparência e da vigilância, são chamados ao espaço do festival nomes tão diversos como Julian Assange (por videoconferência, seguramente), Noam Chomsky (entrevista pré-gravada projectada), Edgar Morin, Nan Goldin, Rui Tavares e José Pacheco Pereira. Ao lado do debate, que terá lugar no CCB, projecta-se um ciclo de cinema debaixo de um mesmo título, “Ficção e Realidade: Para Além do Big Brother”, onde se poderá ver ou rever filmes de David Cronenberg, Peter Weir, Steven Spielberg, Francis Ford Coppola, entre outros. É um tema actual, interpelador das nossas angústias e desejos contemporâneos e, contudo, nunca sairemos totalmente do território que nos interessa: o cinema. Este é o exemplo mais coeso do que se pode apelidar de boa programação de cinema. Mas há mais, muito mais nesta edição do LEFFest, que começa no dia 7 e termina no dia 16 de Novembro. Façamos como Assange e abramos o jogo.

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É raro apetecer-me começar uma antevisão de um festival com os filmes da competição. Ora, neste LEFFest algumas das sessões mais esperadas por mim concorrem para o prémio Melhor Filme ou o prémio especial João Bénard da Costa. (O À pala de Walsh está a oferecer bilhetes para estas sessões na sua página de Facebook.) Nesta competição, com um valor muito acima das de anos anteriores, destaco os mais recentes filmes de Hong Sang-soo, dos irmãos Safdie, de Lisandro Alonso e de Christian Petzold. História típica em Hong em torno de um desencontro amoroso, Hill of Freedom (2014) promete ser uma investigação sobre o íntimo de duas personagens comunicando à distância por um monte de cartas (sim, ainda se escrevem cartas no cinema de Hong), cuja sucessão de leitura, acidentalmente não cronológica, acompanhará o desenrolar do filme. Altas expectativas para estas “leituras”. Outro regresso muito esperado por estas bandas é o dos irmãos Safdie, cinco anos depois da sua anterior longa-metragem de ficção, que mereceu três títulos diferentes: Daddy Longlegs, Lenny and the Kids ou, o título de distribuição em Portugal, Go Get Some Rosemary (Vão-me Buscar Alecrim, 2009). Heaven Knows What (2014) é uma história que nos devolve às ruas de Nova Iorque, mas prometendo um registo mais duro que Go Get Some Rosemary, já que se aí o papá era “o herói” aqui o papá passará ser o dealer. História de uma vida a dois sobre droga e amor maníaco que promete acentuar o lado hard, até ver mais implícito do que explícito, na obra dos irmãos Safdie.

Jauja foi descrito pelo próprio Lisandro Alonso ao À pala de Walsh como um turning point na sua carreira, uma espécie de desvio em relação à linearidade pura que havia desenvolvido desde La libertad (2001) até Liverpool (2008). O facto de trabalhar com um actor profissional e uma big star como é Viggo Mortensen sinaliza à superfície esse desejo de mudança. Pelas informações que me chegam de quem já viu o filme parece que pode haver em Jauja qualquer coisa de “western alucinado monte hellmaniano”, mas pelo trailer e sinopse vêm-me mais ao espírito outras referências, sobretudo a respiração e os tempos mitologizados de Carlos Reygadas e Albert Serra. Aposta mais segura, pois as reacções têm sido extremamente positivas, será Phoenix (2014), o mais recente filme de Christian Petzold, cineasta alemão que tem em Nina Hoss, actriz convidada do festival, a sua grande musa. E este parece ser o seu maior desafio, animando das cinzas a memória do holocausto, mas talvez, como acontecia em Barbara (2012), tendo a História como pano de fundo para explorar a relação de uma mulher com um homem – história de uma espécie de “torcedura sentimental” que promete cravar-se fundo na memória do espectador.

Fora da competição, temos um double bill imprescindível para quem segue com interesse a evolução da obra de Abel Ferrara. O que Welcome to New York (2014) e Pasolini (2014) têm em comum será, provavelmente, objecto de inúmeras discussões. Afinal, não é todos os anos que o realizador de Bad Lieutenant (Polícia Sem Lei, 1992) lança duas obras e, originalidade maior, duas obras baseadas em figuras reais, de carne (muita carne num dos casos) e osso (muito osso no outro). Será interessante ver como dialoga a carne de Dominique Strauss-Kahn – e o seu crime, de pecado ou de justiça? – com “o empirismo herege” difícil de roer de Pasolini. Ou como Ferrara “usa” estas duas figuras para falar de problemas que o inquietam ou para desmontar por dentro, como um terrorista de si mesmo, o seu próprio cinema. Espero muito de cada um destes filmes, mas ainda mais desse potencial diálogo que pode significar, também para Ferrara – já falámos desse efeito em Lisandro Alonso -, uma mudança de capítulo no conjunto da sua obra. Um cineasta que se vira bem de frente para os seus próprios fantasmas é David Cronenberg. Na realidade, vira o bisturi da carne humana para a pele fina da estrelada – como o céu ou como o ovo – capital do cinema: Hollywood.

Maps to the Stars (2014) alinha-se, desde já, na constelação de filmes que fazem Hollywood ver-se ao espelho como a bruxa má de A Bela Adormecida. Paul Schrader com The Canyons (Vale do Pecado, 2013), filme que foi directo para DVD em Portugal este ano, e Terrence Malick no anunciado Knight of Cups são dois outros realizadores que têm estado particularmente sensíveis à duvidosa ética e modus vivendi do showbiz. Como o show é intrinsecamente perverso em Cronenberg, julgo que o cineasta canadiano vogará por estes meandros como peixe na água. A reacção da crítica, contudo, não tem sido muito animadora. Outro cabeça de cartaz, se calhar o maior entre estes que aqui expus, é a Palma de Ouro do último festival de Cannes: Kis uykusu (Sono de Inverno, 2014). Filme com mais de três horas que, tem-se lido, irá elevar a arte de Nuri Bilge Ceylan à sua expressão máxima. O ambiente audiovisual trabalhado até ao último floco de neve oferece garantias de experiência estética total. Se o espectador não quer tomar riscos, então aqui está a aposta mais segura: dificilmente não será o maior filme de Ceylan, o que já me deixaria satisfeito.

Um dos filmes-sensação do último Festival de Veneza, onde ganhou o prémio de Melhor Realizador, Belye nochi pochtalona Alekseya Tryapisyna (The Postman’s White Nights, 2014) poderá ser o início de uma segunda vida para o cineasta russo Andrey Konchalovskiy, cuja popularidade atingiu os píncaros quando, trabalhando no mainstream norte-americano, assinou o filme de acção com Sylvester Stallone e Kurt Russell Tango & Cash (1989). Anos antes, realizou o clássico de culto Runaway Train (Comboio em Fuga, 1985) com Jon Voight, filme que envelheceu bastante bem. Todavia, a acção agora é outra. Aliás, o que impressiona mais no seu trailer é precisamente a inacção de tudo, uma linguagem de silêncios e mistério que parece esconder o que esperamos ser um grande filme. E já que falámos aqui de “novos começos”, pois bem: Konchalovskiy propõe uma reinvenção do seu cinema a partir de um projecto que demorou vários anos a realizar. Já sabe: Xavier Dollan é o enfant terrible do momento e quer chamar a atenção. Mommy (2014), filme que deu muito que falar no último festival de Cannes – onde não ganhou a Palma por uma unha negra – afirma-se logo pelo uso do formato 1:1, próprio dos pequenos vídeos de telemóvel que se multiplicam viralmente pelas redes sociais. O conteúdo, pelo que pude ler, é candidato forte a “drama feel good” do ano. Não encontrará nada mais contemporâneo e “empático” com os nossos tempos que isto. Eu mantenho uma reservada distância, mas também alguma curiosidade (nem que seja voyeur).

Nem dentro nem fora da competição temos a retrospectiva dedicada a Philippe Garrel, um dos acontecimentos dentro do festival que é proibido perder, sobretudo porque o realizador francês estará em Lisboa para apresentar algumas dessas sessões. De um lado, os mestres veteranos, do outro lado, os iniciantes. Para os portugueses que não puderam ver O Som ao Redor (2012), poderá ser interessante ver esta como as outras obras do brasileiro Kleber Mendonça Filho [sobretudo Crítico (2008), documentário que problematiza a relação entre “artista e observador, criador e crítico”, logo, um filme propiciador de auto-reflexão junto de quem escreve sobre cinema]. Também em Lisboa estará Wes Anderson para falar de cinema, não tanto o seu, mas o de outros, como Clarence Brown e Vittorio De Sica. Wes Anderson, o programador, escolhe Sadie McKee (Uma Mulher Que Venceu, 1934) e L’oro di Napoli (O Ouro de Nápoles, 1954).

Outra carta branca a não perder tem como convidada a fotógrafa norte-americana Nan Goldin, que nos traz, para além do seu trabalho a ser exibido em slideshows, um leque de filmes absolutamente excepcional, que pode funcionar, para os interessados nas imagens de Goldin, como auto-retrato cinéfilo. Destaco: a passagem do belíssimo Nothing But a Man (1964) de Michael Rommer, grande filme sobre a condição negra nos Estados Unidos que está na génese do cinema independente norte-americano; provavelmente aquela que é a obra-prima maior de Jean-Pierre Melville, L’armée des ombres (O Exército das Sombras, 1969); e Peeping Tom (A Vítima do Medo, 1960) de Michael Powell, filme que, neste contexto, aparece como interlocutor perfeito com a Goldin fotógrafa (sobretudo no que toca ao uso “agressivo” da palete de cor, à frontalidade e voyeurismo da sua arte). Por fim, noutra secção paralela não temos a presença do realizador, mas, neste caso, teremos acesso em primeiro mão – “estreia mundial”, lê-se no site do festival – ao mais recente filme de Jean-Marie Straub, La Guerre d’Algérie (2014), numa sessão conjunta com Kommunisten (2014). Outro momento altíssimo, a que o próprio Straub não ficaria indiferente, será a reposição – com apresentação de um dos maiores críticos de cinema italianos, Adriano Aprà – dos filmes pedagógicos de Roberto Rossellini feitos para a televisão, de Luís XIV a Jesus Cristo, numa secção que pensa a relação entre o grande e o pequeno ecrãs. Todo o (cinema do) mundo parece caber aqui. Feitas as apresentações, calculadas as expectativas, vamos aos filmes. Boas sessões!

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Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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