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À pala de Walsh
Dossier, Os Filhos de Bénard 0

Exemplo de João Bénard da Costa

De À pala de Walsh · Em Junho 22, 2014

Salvo engano, tive meus primeiros contatos com os textos de João Bénard da Costa em 2006 ou 2007. Isto quer dizer que apenas muito tardiamente (e, ao mesmo tempo, apenas muito recentemente) em relação ao que constitui o bojo de sua produção crítica. O que de imediato chamou minha atenção e contribuiu para o meu interesse foi a imensa flexibilidade do seu pensamento e do seu campo de referências. Qualidade ao mesmo tempo menosprezada e incompreendida, confundida muitas vezes com um ecletismo de fachada, mal formado e sem fundamento, essa flexibilidade diz respeito sobretudo à extensão coberta por um olhar bastante preciso – ou, em outras palavras, verdadeiramente generoso, porquê ao mesmo tempo suficientemente específico e suficientemente amplo. Um ponto de vista, sim, mas perfeitamente heteróclito.

Acredito que a segurança e a consistência das eleições e predileções de Bénard vinham do seu profundo enraizamento (que nada teria, nem teria por que ter, a ver com qualquer estagnação ou engessamento), característica fundamental que o dotava da capacidade de abordar com conhecimento erudito e fôlego sempre renovado as tradições mais longevas e duradouras de todas as artes, no teatro como na pintura, na música como nas pesquisas poéticas e literárias, ou aquilo que determinada cultura teria de menos evidente e, portanto, de mais interiorizado e entranhado (seus textos sobre Mizoguchi, todos notáveis). Capaz, também, e também por causa desse enraizamento, de conjugar a efervescência analítica do campo ensaístico, por onde comumente trafegam os (bons) teóricos quando abordam o cinema, ao assentamento de um estilo literário distinto e requintado, comum aos grandes críticos de arte (é o crítico que mais me faz pensar na empreitada de Élie Faure com a sua história da arte, mais até do que Godard com as suas Histoire(s) du cinéma). É a esse enraizamento, e não às oscilações de uma vontade vã e suscetível às mudanças ditadas pelas flutuações de valores e pelos ditames dos gostos e das modas, que devemos justamente a aptidão para a antevisão, pela qual Bénard da Costa veio a detectar inúmeras vezes aquilo que já não era ou que rapidamente deixaria de ser permanente, aquilo que não apenas acompanha as mudanças e as transformações decorrentes delas como também as determina, dá-lhes uma direção. Nesse sentido sua menção a Wenders na Folha da Cinemateca que escreveu sobre The Most Dangerous Man Alive (O Mais Perigoso Homem Vivo, 1961), de Allan Dwan, é nada menos que premonitória e definitiva.

Se Bénard foi, junto com Jean-Claude Biette, o mais astuto espectador e cronista da modernidade tardia que seguiu a efervescência dos cinemas novos, isto se deve a uma capacidade de assimilação vigorosa, somada a uma penetrante e ao mesmo tempo vigilante faculdade de descoberta e de renovação. Pioneiro nas valorizações, quando não responsável direto pelas descobertas, de Werner Schroeter, Raoul Ruíz, John Carpenter, Paul Newman, Alain Cuny, do próprio Biette (isto sem falar em Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, António Reis & Margarida Cordeiro, João César Monteiro, Pedro Costa, Jorge Silva Melo, Alberto Seixas Santos, Manuel Mozos, António da Cunha Telles, Rita Azevedo Gomes, João Botelho e tantos outros a quem lhe devemos o simples alcance), nas redescobertas ou revalorizações de Gerd Oswald, Richard Fleischer, Leo McCarey, Jacques Tourneur, Henry King, Frank Borzage, Manuel Mur Oti, Sacha Guitry, Boris Barnet, sempre atento em suma – sempre disponível -, Bénard possuía o atributo fundamental dos grandes prospectores, dos grandes homens de cinema, tal qual Henri Langlois, tal qual Pierre Rissient, tal qual Peter von Bagh, Adriano Aprà, Miguel Marías e outros (não mais que um punhado): ele ia aos filmes, subsequentemente perseverando por eles, lutando para que fossem vistos, jamais esperando que eles chegassem a ele como que por desvio de rota ou por distração (como parece ser o caso com parte considerável dos atuais críticos e dos que sondam, ou pretendem sondar, a atualidade do cinema). Essa ação, que determinou e condicionou a dimensão e, por isso mesmo, a importância do trabalho de Bénard, não tem como ser desvinculada da sua produção crítica nem tem como ser reduzida unicamente aos caprichos de um curador insaciável: ela própria é eminentemente crítica.

Se o seu caso permanece exemplar, é justamente pelo que nele há de dedicação e anulação.

Bruno Andrade

* Qualquer pretendente a crítico tem como obrigação ler o texto dedicado a Richard Fleischer na ocasião da morte do grande cineasta norte-americano (O Realizador do Balouço Vermelho), exemplo de como se escrever sobre um realizador do passado e filmes de longa data com nada “de saudosismo ou de retrocesso”, atento ao “progresso e modernismo que a evidência, a filigrana e garra da posta em cena deste verdadeiro realizador afirma”, como bem escreveu José Oliveira no seu excelente texto sobre Violent Saturday (Sábado Trágico, 1955), bem como a crônica que Bénard escreveu sobre como veio a conhecer pessoalmente Jon Whiteley, o jovem John Mohune de Moonfleet (O Tesouro do Barba Ruiva, 1955) (De John Mohune a Jon Whiteley ou de Fritz Lang a Jean-Auguste-Dominique Ingres): não há melhor escola.

** Dedico este texto a Riccardo Freda e ao seu melhor filme, I miserabili (Os Miseráveis, 1948), que Bénard certamente teria amado. A Bénard da Costa dedico o site com o qual eu e uns amigos nos ocupamos nas horas vagas: “the exercise was beneficial”.

[Bruno Andrade mantém uma revista de cinema online, a Foco, cujo primeiro número é dedicado a João Bénard da Costa, compilando diversos dos seus textos e uma homenagem de Miguel Marías.]

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