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Crónicas, Em Série 0

Do cinema para a TV: os dois Fargos

De João Lameira · Em Junho 24, 2014

Quando se tenta menorizar o cinema face à televisão que se faz hoje em dia, um dos argumentos que se usa para demonstrar a decadência dos filmes é a torrente de remakes, adaptações, sequelas, trilogias, tetralogias, reboots e derivados que têm abatido Hollywood ultimamente. Descontando o facto de se partir de uma visão muito redutora de cinema – no fundo, está-se a contar com uma percentagem ínfima da produção cinematográfica, mesmo a americana, se bem que é a que tem de longe mais exposição (talvez surja daí a falácia) -, é curioso verificar que a televisão, em plena “Idade de Ouro”, começa a repetir os mesmos tiques. Além dos remakes de séries estrangeiras, como é o caso de House of Cards, no último ano e tal, surgiram pelo menos três séries baseadas em filmes: Bates Motel, inspirada em Psycho (Psico, 1960) de Alfred Hitchcock; Hannibal, que parte de Manhunter (Caçada ao Amanhecer, 1986) de Michael Mann e Red Dragon (Dragão Vermelho, 2002) de Bret Rattner [assim como da fonte primordial, o romance Red Dragon de Thomas Harris]; e Fargo, cujo título não deixa dúvidas de onde brota.

Estas transposições do cinema para televisão não são um fenómeno novo, como é referido neste interessante artigo da Dissolve – M*A*S*H, uma das séries mais populares nos Estados Unidos, é obviamente inspirada na obra homónima (sem os asteriscos) de Robert Altman e até as relativamente recentes Friday Night Lights e Buffy The Vampire Slayer apareceram primeiro como filmes (ainda que menos populares). No entanto, para os que acreditam na tal “Idade dourada”, poderão ser um sinal do início do fim, a confirmação de que mesmo na televisão as ideias começam a faltar, ou melhor, de que se joga cada vez mais pelo seguro (pelo conhecido), como no cinema. E é muito complicado refutar essa impressão, pois parece ser verdadeira. Porém, concorrentemente, tem-se assistido a uma outra corrente na ficção televisiva: o confinamento de histórias a uma só temporada. Isto não seria nada de novo – a mini-série existe desde sempre -, não fosse a vontade de antologizar essas histórias dentro do mesmo todo. Explico-me melhor (ou tento), pegando num exemplo: a primeira temporada de True Detective, sobre a qual escrevi na edição anterior do Em Série, correspondeu a uma história que terminou ao fim daqueles oito episódios; as próximas terão outras personagens, outras peripécias, outros enredos, cujas ligações a esta serão, supõe-se, mais ou menos ténues – a atmosfera densa e tensa, o local (o Sul dos EUA), a narrativa policial.

O que torna Fargo um caso especial é estar na intersecção destas duas tendências – cada temporada contará uma história diferente, mas todas elas estarão subjugadas à influência do filme. Fargo (1996) ainda é a melhor obra dos irmãos Coen, aquela em que o humor negro (que às vezes roça a corrosão total) é domado por uma certa gravidade (dada pelo “baseado numa história verídica” mentiroso, de que a série também se apropria), em que a caricatura é sublimada pela nobreza da personagem principal, Marge, a polícia interpretada por Frances McDormand, e das gentes do Minnesota, simples mas honestas. Este artigo da Grantland lembra que a maior parte da acção não se passa na cidade de Fargo, antes na de Brainerd (e também mostra que os habitantes do Estado do Minnesota não gostaram por aí além da maneira como foram retratados). Segundo os Coen, a escolha de Fargo para título deve-se a soar melhor do que Brainerd (o que faz sentido). A série televisiva, criada pelo romancista e argumentista Noah Hawley, também tem pouco a ver com Fargo, visto que tem por cenários Bemidji e Duluth (na verdade, o Canadá, onde foi filmada – a neve é branca em todo o lado). Mas, como Hawley disse numa entrevista, Fargo é um estado de espírito. Referia-se, com certeza, ao filme.

Uma das principais críticas dirigidas a Fargo, a série, é a colagem ao universo dos Coen: o humor negro quase cartoonesco, as irrupções de violência (em demasia), a condescendência face às personagens, a recriação de certas situações e personagens dos seus filmes. Quem viu o episódio piloto, dará razão a quase todas, sobretudo quanto às caricaturas a traço do grosso: o bully quarentão, a esposa de Lester, hárpia insuportável que apetece matar, o manso e submisso Lester, sendo que este é um dos protagonistas (defeito que se vai esfumando ao longo da temporada). Os óbvios paralelismos – a mulher polícia, o marido dócil e mesquinho, a dupla de malfeitores, os secundários meio apoucados (como o polícia do cómico Bob Ondekirk) – ao menos são bem escritos, por vezes, por linhas bastante tortas. Pense-se no destino do “bom” do primeiro episódio e de como dá lugar à nova protagonista, que se vai assemelhando cada vez mais à Marge do filme. Contudo, o que descola definitivamente a série da cópia conforme (há um momento que liga mesmo as acções do filme às da série, que até está bem apanhado) é a personagem maior-do-que-a-vida (no sentido de que é a personificação do diabo: matreira, sarcástica, brincalhona, violentíssima, sem remorsos, imparável) de Billy Bob Thornton, num tour de force de fazer inveja ao também sulista Matthew McConaughey, assim como a transformação de Lester (o inglês Martin Freeman, às voltas com o sotaque norte-americano) num psicopata por direito próprio. Curiosamente, também é o que diminui a série em relação ao filme: o mal, para os Coen, está associado à estupidez, à própria natureza humana; Hawley acredita em monstros, que, combatidos e exterminados, aliviam a humanidade de alguma maldade.

As comparações entre Fargo e True Detective (como esta no A.V. Club) poderão afigurar-se disparatadas a princípio mas, se pensarmos neste último ponto e no facto de serem ambas séries “antológicas” (entenda-se: em que a cada temporada se resolve uma história), há bastante que as aproxime. Apesar da geografia (num local, sua-se com a humidade persistente, no outro enregela-se de frio constantemente), há um niilismo comum às duas séries e um excesso de simbolismo e parábolas que as prejudica (que serão marcas dos autores de cada uma, Hawley e Nic Pizzolatto, ambos romancistas) – por exemplo, a chuva de peixes que ataca uma personagem ou a história das luvas e o lobo no episódio final de Fargo. A grande diferença estará no tom: True Detective leva-se completamente a sério (ultrapassando alguns limites no episódio final), enquanto Fargo se rege pelo humor. Talvez seja essa a razão por que, com as devidas ressalvas, prefiro a segunda.

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João Lameira

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