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Edge of Tomorrow (2014) de Doug Liman

De Ricardo Vieira Lisboa · Em Maio 31, 2014

O famoso paradoxo de Schrödinger, o tal do gato, tem como objectivo demonstrar como os princípios da mecânica quântica não se aplicam de forma linear àquilo que é a nossa experiência diária do real. O intento de Schrödinger é mostrar que, embora em teoria o gato possa estar simultaneamente morto e vivo – no sentido em que o decaimento radioactivo da substância presente na caixa se dá com probabilidade de cinquenta por cento -, uma vez aberta a caixa esse estado sobreposto anula-se, já que na prática o gato só pode tomar um dos estados. Este momento de simultaneidade é a base de Edge of Tomorrow (No Limite de Amanhã, 2014) e o filme sabe-o.

Edge of Tomorrow (No Limite do Amanhã, 2014) de Doug Liman

A certo momento, logo no início do filme e em jeito de praxe militar, um colega de Tom Cruise – quando se preparam para aterrar no campo de batalha – grita-lhe uma espécie de insulto: o teu equipamento tem um defeito… há um homem morto lá dentro. Na altura a informação passa-nos como de simples mau gosto, mas pouco demora para que faça todo o sentido. Cruise está preso no mesmo dia e sempre que morre acorda um dia antes da operação Downfall que irá expurgar a humanidade do flagelo dos invasores alienígenas que tomaram a Europa (em formações e estratégias muito semelhante às movimentações nazis na Segunda Grande Guerra). Constantemente tenta, e falha, derrotar a bicharada espacial, um loop temporal infinito a fazer lembrar o Groundhog Day (O Feitiço do Tempo, 1993) ou o mais recente Source Code (O Código Base, 2011).

A questão está que no filme de Doug Liman problematiza-se essa questão da simultaneidade, já que o personagem de Tom Cruise tem de facto um defeito de equipamento, ele é de facto um homem morto apesar de estar vivendo, ou seja, perdido num ciclo de eterno regresso ao passado ele está tanto vivo como morto, no sentido em que uma realidade em constante recuo não é realidade nenhuma. Se não há linha temporal contínua e linear deixa de fazer sentido separar o ser do não ser, já que a cada repetição tudo se permite a um novo estado e por isso tudo é simultaneamente isso e o seu contrário.

Edge of Tomorrow não é pois um filme sobre a batalha contra os mimics – os referidos parasitas do espaço extra-sideral -, é sim um filme sobre a batalha contra a sobreposição de estados, é no fundo um gesto, o abrir da caixa – e tudo passa a ser ou a não ser (dependendo da questão). E talvez seja esse o perigo que os demónios da caixa (refiro-me agora à da Pandora) prometiam, o fim das indefinições. Aberta a caixa, desfeito o loop, mordida a maçã, tudo se torna mais claro, mas com a clareza vem a seca realidade que impede o manancial de potencialidades que a caixa fechada, o ciclo ainda completo e a maçã intacta prometiam.

Proponho pois duas leituras possíveis e possivelmente contraditórias (I always contradict myself como diria Richard Burton pelo verso de Walt Whitman): Edge of Tomorrow é um filme que propõe combater o extermínio (nazi?) alienígena com outro extermínio de iguais proporções – de natureza ideológica -, isto é, acabar com as possibilidades, com as indefinições e com as hesitações, tudo passa a ser certeiro e identificável, sem sombra para dúvidas (porque em tempos de crise não pode haver espaço para os contornos sombreados); alternativamente o que se propõe é uma clarificação das formas aparentes que escondem a verdadeira natureza das coisas, como se as indefinições fossem na realidade um subterfúgio do real para nos deixar incapazes de agir, porque o multiplicidade de desfechos é infinita e como tal qualquer passo em falso castra essa (também falsa) infinidade.

Ou então toda esta divagação é também ela um subterfúgio do seu autor de modo a evitar falar do que realmente é Edge of Tomorrow, um filme de acção de um tarefeiro de Hollywood propulsionado pelo poder estelar do seu protagonista, numa adaptação segura, delico-doce e PG-13 da novela japonesa de Hiroshi Sakurazaka, All You Need Is Kill.

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Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

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