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Críticas, Em Sala 1

Insidious: Chapter 2 (2013) de James Wan

De Ricardo Vieira Lisboa · Em Novembro 13, 2013

Passo uma semana a ver filmes de Fritz Lang por causa das conversas da passada semana e juntamente com os filmes passo a semana a ler as folhas da cinemateca, quase todas de João Bénard da Costa. Vejo filmes mais populares e outros mais esquecidos. Vejo House by the River (A Casa à Beira do Rio, 1950), um dos esquecidos, e leio algo como “a mais bela figura de repetição na obra de Lang” − a propósito da cena em que Jane Wyatt desce as escadas como que encarnando a alma perdida da sua empregada recém-assassinada. Isto para dizer que em Insidious: Chapter 2 (Insidious: Capítulo 2, 2013) não só vemos as mais belas figuras de repetição na obra de James Wan, como todo o filme se constrói sobre elas − e também sobre encarnações de almas penadas.

Juntamente com os dois capítulos de Insidious e The Conjuring (The Conjuring – A Evocação, 2013) − capítulo intermédio; Wan’s 5 1/2 −, o realizador malaio oferece-nos uma trilogia orquestrada sobre dois movimentos em torno do primeiro tomo: The Conjuring é um gesto de inversão, no sentido em que dá literalmente a volta a Insidious (Insidious – Insidioso, 2010) enquanto este segundo tomo vive sobre um movimento de continuação (tão prolongado, que acaba por regressar ao início encontrando tudo de costas). Explico-me. Os três filmes são protagonizados por Patrick Wilson. No primeiro, ele é o pai de um família tipicamente americana, à qual começam a acontecer maleitas fantasmagóricas (acabando por pedir ajuda a peritos nessas matérias); no segundo, estamos nos anos 70 e Wilson é agora o perito em assombrações e demais espiritismos − cá está a inversão −, e por fim, neste final de trilogia, Wilson regressa ao papel de pai de família, mas, como disse, o gesto de continuação é tão longo, que regressamos ao início com as coisas do avesso: desta vez a assombração não atormenta o filho do casal, mas o próprio pai de família (como tinha ficado subentendido no desenlace do primeiro filme).

Mas estas cambalhotas e reviravoltas narrativas que vemos acontecer de filme para filme não se ficam pela narrativa, não fosse Wan um dos virtuosos dos nossos dias. Também a câmara acompanha estes movimentos, estes gestos.

Com The Conjuring, todo o filme se fazia sobre planos invertidos (de pernas para o ar), como o que nos mostrava o que estava debaixo da cama, como o que acompanhava Vera Farmiga pelo corredor ou no próprio exorcismo, onde a possuída se elevava no ar e rodava 180º, ficando de cabeça para baixo. Wan usa a câmara como manifestação literal das intenções do filme, e como tal o filme que tínhamos era mais do mesmo, mas onde esse mesmo se fazia da inversão do sucesso de Insidious − por exemplo, algumas cenas são exactamente iguais, como o momento em que uma das personagens, num quarto escuro, diz ver nas sombras algo terrífico para surpresa dos presentes que nada vêem, terminando a cena no acender das luzes e no desaparecimento da figura (a qual também é invisível para nós espectadores), surgia em Insidious e repete-se em The Conjuring.

Neste Insidious: Chapter 2, o movimento não é o de inversão, já que se trata de uma sequela que continua exactamente onde o primeiro havia terminado, mas sim o do prosseguimento (e de perseguimento dos espíritos). A esse respeito, dou destaque a dois planos-sequência filmados na mesma sala (a sala da casa de família − será sempre a mesma casa nos três filmes? Será Wan também um cineasta obcecado pela típica moradia americana como local primordial para a construção do terror, como o é Tobe Hooper?): no primeiro, a câmara, em plano subjectivo, segue um espírito (a noiva que parece ter vindo directamente das mãos de Ti West) que foge da sala em direcção ao corredor, acompanha a fuga saindo da sala pela outra porta que comunica com o mesmo corredor, mas quando passa para o lado de fora já não encontra o espírito, que se esfumou entre uma divisão e outra da casa; o segundo plano é idêntico ao anterior, só que desta vez o processo é o inverso: estamos a acompanhar um humano de carne e osso (o Josh enquanto criança), e quando atravessamos para o corredor estamos, repentinamente, no mundo das almas penadas.

Estes travelings laterais demonstram dois aspectos fundamentais para compreender o trabalho do realizador. Primeiro, a forma como trabalha histórias paranormais sem recurso a efeitos digitais, muito pelo contrário, recorrendo apenas a jogos de câmara, de iluminação e de intuição (a nossa, que adivinha o horror que está para vir). Daí que a expressão “cineasta primitivo” se faça ouvir com frequência, isto porque o terror, o medo, até mesmo o susto, se fazem de coisas tão simples como o lançamento de dados, de baby monitors, de pianos que tocam sozinhos (de novo Ti West) e toda uma panóplia de ambientes que nada têm de terríficos a não ser a atmosfera que neles se injecta. Segundo, por se fazer em planos contínuos estas passagens do mundo dos espíritos para o nosso (e o inverso), não só Wan reclama para si uma demonstração de virtuosismo assombrosa [bastam-lhe uns nevoeiros, uma iluminação mais marcada, e de repente estamos noutro mundo sem um corte que seja − curioso ou não, além de Wan só vi fazer-se isto recentemente em A Vingança de uma Mulher (2012) de Rita Azevedo Gomes], como se estabelece junto do espectador esta sensação de que o mundo dos danados está mesmo do outro lado da porta (vermelha!), à distância de truz-truz.

Mas como referi logo no início, aqui encontram-se algumas das mais extraordinárias (e, porque não?, belas também) figuras de repetição do cinema de Wan. Ao realizador, foi-lhe pedido que cumprisse uma encomenda, a sequela do seu filme, e ele cumpriu como bom tarefeiro, mas como bom tarefeiro cumpriu em contínuo acto de perversão, isto é: querem mais do mesmo? Então tomem mais do mesmo, literalmente. Insidious: Chapter 2 é um exercício sobre a repetição e como tal esconde em si a chave da sua interpretação − como todos os grandes filmes. Por exemplo, Rose Byrne, a mãe da casa, está com a sua criança mais pequena e deita-a no berço, deixando ligado o intercomunicador. Desce ao andar de baixo por ouvir uns barulhos e ouve no altifalante sons no quarto da sua filha −uma voz grita-lhe Don’t you dare! e ouve uma chapada seguida do choro da criança. A mãe apressa-se ao andar de cima (as escadas, sempre as hooperianas escadas) e encontra a porta do quarto da menina fechada. Força a porta e consegue entrar para encontrar o berço vazio, mas ouve os seus choros no andar de baixo. Volta a descer as escadas e desta vez encontra na sala a noiva, que lhe grita Don’t you dare! e lhe dá uma chapada que a derruba ao chão e a deixa sem sentidos − para mais tarde acordar e descobrir que a sua filha esteve sempre no mesmo sítio. Wan dobra o tempo fazendo a mãe ouvir antecipadamente, através do intercomunicador, aquilo que lhe aconteceria dentro de pouco tempo, fazendo das personagens gato-sapato e de nós espectadores também.

Estes jogos temporais são o golpe de asa do filme, no sentido em que se regressa insistentemente a locais que já conhecíamos (do próprio filme ou do primeiro capítulo) para sobre eles lançar uma nova luz (os tais jogos de luz que transformam o lado de cá no lado de lá) − veja-se a cena em que Josh aponta o quarto da menina, o ladrão da criança e por aí fora. Mas também se joga com o filme intermédio que parece ter funcionado como local de testes para este que agora se estreia (não querendo com isso dizer que talvez os testes tenham resultado melhor que a obra completa), nomeadamente com o regresso da personagem, que se vê obrigada a matar a descendência por imposição demoníaca, ou o regresso do jogo do armário (em The Conjuring, tínhamos a sequência antológica do jogo das palmas que culminava no armário e aqui temos o jogo do quente e frio que vai direitinho ao − mesmo? −roupeiro, ou as latas que mimetizam um telefone que abrem comunicação com as almas penadas escondidas − onde? − no armário; de novo, e sempre, os intercomunicadores).

Onde o final de Insidous era tão arrepiante como pateta (nunca se viu um demónio tão arrepiante e ridículo), aqui também tudo se resolve num par de elipses e um plano subjectivo tão rápido, que chegamos a duvidar da verdadeira força da assombração, mas, tal qual como The Conjuring, o que nos importa e emociona é a luta dentro do seio familiar; é o progenitor perturbado que por exorcismo ou outro mecanismo ganha consciência do mal que estava prestes a cometer; é a reunião da família, são as crianças abraçadas ao pai e à mãe, que pouco antes as tentara matar.

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Ricardo Vieira Lisboa

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  • “The Invisible Man”: o inimigo que não se vê | À pala de Walsh diz: Março 31, 2020 em 1:56 pm

    […] amigo. E em 2018, libertado da sombra virtuosa de Wan [criatura mais que louvada nesta casa – I, II, III, IV], trouxe aos ecrãs Upgrade, filme de acção com tonalidade cómicas naquilo que o […]

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