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Críticas, Em Sala 0

Spring Breakers (2012) de Harmony Korine

De Luís Mendonça · Em Maio 1, 2013

Não se pode dizer que Korine se tenha reinventado com Spring Breakers (Viagem de Finalistas, 2012), até porque nele encontramos – só para citar um exemplo – um prazer que não é novo em mesclar o registo vídeo, documental, com composições estilizadas, rigorosamente encenadas (exemplo da sequência de abertura). Contudo, podemos dizer que Korine está mais sintonizado com a realidade do seu tempo neste filme e o gesto que outrora era presunçosamente arty, cheio de provocação escatológica e nihilista, ganha contornos de fábula irreverente, no limite do terrorismo audio/visual.

A história de um grupo de raparigas e o seu projecto em torno de uma spring break que lhes fique guardada na memória para sempre vão ser o grande pretexto que Korine encontra para fazer implodir todos os clichés que minam o novo “american dream”, um sonho infernal húmido, que mistura sexo, drogas, praia, muito calor, fé, Britney Spears e cor, todas do arco-iris, mas sobretudo muito cor-de-rosa.

A montagem frenética de Korine – a espaços muito inspirada, começando pelos raccords sonoros, quase godardianos, que “carregam” novas imagens como os gangsters do filme carregam as suas armas – é, na realidade, uma desmontagem desta cultura feita MTV, destituída de valores, onde, na realidade, o inferno se confunde com o paraíso, o deboche com rituais de sacristia, o pecado com a inocência obs-cena de quatro “bad girls” – not so bad at all, acrescentaria, olhando para o que as vai rodear… Numa palavra, estamos mais nos domínios de Kids (Miúdos, 1995), o filme de Larry Clark com argumento do próprio Korine, do que de um Gummo (Os bons Malandros, 1997) ou Julien Donkey-Boy (1999).

Antes de se aventurarem na viagem das suas vidas, este bando à parte composto por quatro deliciosas “pussy rioters” – a homenagem será literalizada mais à frente… – acorda entre si viver a vida despreocupadamente, como se fosse um videojogo. A estética que se satiriza é, contudo, claramente a da MTV, não o canal-berço do videoclipe, mas o canal que tem menos M e mais TV, menos música e mais reality show, um muito mal disfarçado soft porn para adolescentes, espécie de “Sodoma e Gomorra” onde os sonhos se confundem com fantasias e onde as fantasias se confundem com sonhos. Mas não há nada de inédito aqui, até porque podemos encontrar a mesma representação jocosa dos rituais modernos da juventude num Piranha (Piranha 3D, 2010).

De qualquer modo, em Spring Breakers, a expressão “sonho americano” ganha um significado profundo, nem que seja por sair tantas vezes das bocas das personagens – a própria montagem exercita uma repetição convulsiva, quase enjoativa, de imagens e palavras, como se de facto não fosse possível mascarar o vazio daquele way of life. O tal “sonho” é afagado pelo gangsta, qual pink Scarface, conhecido por “Alien”, interpretado por James Franco, tanto quanto pelo seu arqui-inimigo, o ex-“best friend” (até aqui se vê o tal vazio, isto é, o tal primarismo infantil de toda esta mitologia “pop chunga”) que irá “comprar uma guerra” ao nosso “herói” e às suas sereias hard ass – quem precisa de “guarda-costas” com um grupo destes atrás de si?

Com efeito, o novo “sonho americano”, de tão mimado ou de tão minado que é, acaba por se virar contra as nossas personagens, deixando um rasto de sangue e morte atrás de si… No fundo, “nada mais” que destroços de uma viagem de finalistas que não só não correu como esperado como acabou por servir de lição às meninas. A fábula encerra, precisamente, com a promessa de um melhor comportamento futuro por parte das últimas, e mais resistentes, “little chickens” (é assim que Franco as baptiza… ao piano… algumas cenas depois de cantar uma balada lacrimejante de Britney Spears na melhor sequência de todo o filme).

Entrando no espírito, e no delírio ácido deste exercício histriónico de “desmontagem” terrorista da cultura norte-americana, Spring Breakers passa como um entretenimento inteligente, com algumas boas ideias de cinema lá dentro que nos distraem com sucesso de um certo excesso caricatural e de uma montagem, em certos momentos, fastidiosamente redundante. A forma muito habilidosa como Korine filma o primeiro assalto e a já citada “balada de Britney” interpretada por James Franco são as notas mais positivas e, por elas, saio de Spring Breakers não direi reconciliado com um cineasta que me parece sobrevalorizado, mas próximo disso.

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2010'sHarmony KorineJames FrancoLarry Clark

Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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Sem Comentários

  • buddy diz: Maio 7, 2013 em 11:22 pm

    Sou um leitor fiel do vosso blog e, como em tudo na vida, concordo e discordo com muita coisa que é aqui dita. Mas chamar a Spring Breakers “entretenimento inteligente”, e comparar Korine a Godard… isso não consigo perceber. Este filme é uma triste paródia de si próprio.

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  • Luís Mendonça diz: Maio 8, 2013 em 4:39 am

    Não comparei – no sentido de “pôr ao mesmo nível” – Godard a Korine. Nunca faria tal coisa. Já deitei todo o fel que tinha sobre Korine no “filme falado” que pus em link. Digamos que “Spring Breakers” é, quanto a mim, o seu único filme politicamente significativo, apesar de – como também tento avançar – por vezes ele cair no risco de confundir a caricatura com o caricaturado.

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