• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

The Deep Blue Sea (2011) de Terence Davies

De João Lameira · Em Março 27, 2013

Como o quase homónimo Terrence Malick, o inglês Terence Davies é um dos grandes cineastas bissextos (aqueles que demoram uma eternidade entre cada filme). As suas longas-metragens de ficção contam-se, literalmente, pelos dedos de uma mão. Antes de The Deep Blue Sea (O Profundo Mar Azul, 2011), que chega a Portugal com dois anos de atraso (atraso que, no meio de ausências tão prolongadas, mal se dá conta), Davies não filmava há onze anos, desde The House of Mirth (A Casa da Felicidade, 2000).

Ao contrário do quase homónimo Terrence Malick, adivinha-se que os compridos intervalos de Terence Davies não resultam de uma vontade de reclusão. Numa altura em que tanto Terrence, como Terence, começam a filmar mais assiduamente (o novo filme de Davies está marcado para esta ano – mas nunca fiando), a razão por que o realizador inglês de 67 anos tem uma obra tão curta parece ser a dificuldade em arranjar financiamento para os seus filmes pesados, pausados, austeros e um tanto lúgubres. Ou seja, “difíceis”. No entanto, Davies goza de uma reputação impoluta junto da crítica e de um certo público (em Portugal, por exemplo, onde as suas obras nunca deixaram de estrear). Tal dever-se-á à sua raridade (uma aura que partilha com o quase homónimo Malick) mas também à particularidade do seu cinema. Seria impossível confundir um Davies, os seus defeitos e qualidades, com um filme de qualquer outro cineasta.

Em The Deep Blue Sea, Davies volta a Inglaterra, depois da “jornada americana”, em que adaptou John Kennedy Toole e Edith Warthon [The Neon Bible (A Bíblia de Neon, 1995) e o citado The House of Mirth, respectivamente], com uma peça teatral do realmente homónimo Terence Rattigan. Como na longa-metragem de estreia, Distant Voices, Still Lives (Vozes Distantes, Vidas Suspensas, 1988), o cenário é o país mortiço do pós-Segunda Guerra Mundial, em que as chagas da contenda não estão completamente saradas e os únicos momentos de alegria são induzidos pelo álcool que se consome nos pubs, onde se cantam as músicas populares da época (a banda-sonora, dominada pelas cortantes cordas de Samuel Barber, é pontuada por estas canções, que, contudo, afundam ainda mais a tristeza). A personagem principal, uma mulher adúltera, dividida entre o amante e o marido, está perfeitamente acorrentada a esse lugar e a esse tempo, quando se tenta libertar da prisão, embica em novos becos sem saída.

Há algo de anacrónico em The Deep Blue Sea e não é apenas por ser um filme de época. Também não é propriamente pela maneira de filmar de Davies, que não tem raízes no cinema clássico. A compostura (que enforma e é enformada por essa característica tão britânica das personagens, mesmo quando trata a paixão sensual, sexual) e o rigor devem mais a outras artes: à pintura (com os enquadramentos gizados a régua e esquadro), à literatura (o peso da palavra pode ser esmagador; assim como o dos silêncios, escreva-se a bem da verdade), ao teatro (com as entradas e saídas bem marcadas) e, sobretudo, à música (o trabalho de som é luxuoso, afastando os sons naturais e o mundo circundante do que realmente interessa, criando uma artificialidade de Musical; um Musical parado, entenda-se). Davies é culto e cultivado, um homem de outro tempo, talvez o anacronismo dele e do seu cinema venha daí.

Paradoxalmente, embora o texto de Rattigan seja muito da sua época, o filme de Davies atinge a intemporalidade, na universalidade das situações e das personagens. Findo The Deep Blue Sea, com um travelling em sentido contrário ao do princípio (para longe da tentativa de suicídio inicial), Hester (uma interpretação superlativa de Rachel Weisz) é menos uma vítima dos cinzentos anos 50 britânicos do que da eterna (e estranha) compulsão para a auto-destruição e humilhação gravada na natureza humana. Ela arrasta-se e rebaixa-se perante o amante desinteressante e agastado, enquanto que se desfaz numa doce crueldade com o marido, corno manso tão apegado a ela como ela ao amante. Tragédia? “Sad perhaps, but hardly Sophocles”, responde ela. Apesar da calma geral (“anger fades”), temo que esteja enganada.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sRachel WeiszTerence DaviesTerence RattiganTerrence Malick

João Lameira

"Damn your eyes!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Estrada Fora”: ‘a car of one’s own’

  • Críticas

    “Sundown”: o último Verão

  • Críticas

    “Opening Night”: duas horas (e meia) na vida de uma mulher

Sem Comentários

  • JBL diz: Abril 14, 2013 em 12:40 pm

    Gostei. Sem paternalismo.

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • Body Double #4: Jorge Molder

      Agosto 1, 2022
    • “Estrada Fora”: ‘a car of one’s own’

      Agosto 1, 2022
    • ‘The atrocity exhibition’

      Julho 31, 2022
    • Vai~e~Vem #46: semiótica da cozinha: telas de degustação

      Julho 30, 2022
    • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Julho

      Julho 29, 2022
    • “Sundown”: o último Verão

      Julho 28, 2022
    • “Opening Night”: duas horas (e meia) na vida de uma mulher

      Julho 27, 2022
    • Vai~e~Vem #45: espectros e máquinas de visão

      Julho 26, 2022
    • Travis no cinema ou Kim Min-hee no deserto

      Julho 25, 2022
    • “Ce Sentiment de L’Été”: uma sinfonia solar

      Julho 24, 2022

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • Body Double #4: Jorge Molder

      Agosto 1, 2022
    • “Estrada Fora”: ‘a car of one’s own’

      Agosto 1, 2022
    • ‘The atrocity exhibition’

      Julho 31, 2022
    • Vai~e~Vem #46: semiótica da cozinha: telas de degustação

      Julho 30, 2022
    • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Julho

      Julho 29, 2022

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.