• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Laurence Anyways (2012) de Xavier Dolan

De João Lameira · Em Fevereiro 28, 2013

Laurence ou Laurence? Homem ou mulher? Melvil Poupaud para sempre. O extraordinário actor francês faz o filme [e finalmente, depos de Le temps qui reste (O Tempo que Resta, 2005) de François Ozon, volta a ter um grande papel]. Ele e Suzanne Clément, a formidável parceira quebequense. Eles e o génio precoce de Xavier Dolan, o realizador canadiano de apenas 23 anos (tão novo quanto este conto de transformação de um banal professor de Literatura em escritora de sucesso, que começa no ano em que nasceu, 1989).

Laurence Anyways (Laurence Para Sempre, 2012) não é só um épico (dura quase três horas e precisa delas todas; é o tempo certo, necessário) da metamorfose de um homem em mulher, do nascimento de um transexual, é também, e sobretudo, a história de amor entre Laurence e Fred (mulher com nome de homem, num filme em que a identidade sexual é posta em causa), um grande amor, eterno e absoluto – nunca acaba, mesmo que ela não o consiga aceitar totalmente (e aborte a sua vida com a nova mulher), mesmo que ela demore a perceber que o desejo das mulheres não morre quando muda de sexo (é sintomática a cena em que Laurence teme apresentar-se como professora porque as raparigas que ensina deixerão de cochichar na casa-de-banho como ele é bonito) -, um amor impossível, uma história triste, que acaba no passado, antes de tudo acontecer, ao som da voz de Paul Buchanan, numa versão de Let’s Go Out Tonight da sua banda Blue Nile.

De resto, a banda-sonora tem uma importância desmedida em Laurence Anyways – vários momentos-chave são tratados com telediscos dos anos 80, década pela qual Dolan parece estar apaixonado (apesar de nem ele nem o filme a conhecerem) e a que vai buscar alguns clássicos electro (Visage, Duran Duran), as cores garridas, os fatos volumosos, mesmo o enquadramento 4 por 3, uma certa excentricidade que se perdeu nos anos seguintes, que servem na perfeição a maneira como o realizador brinca ao cinema. É isso, para Dolan, o cinema é um brinquedo mágico, com que pode criar o seu mundo de ralentis, brilho, um barroco opulento que maravilha o olhar. Mas o que é desconcertante, e quanto, é como, ao mesmo tempo, consegue fazer um filme tão adulto quanto este. Como escrevi atrás, os óptimos actores que teve ao dispor ajudam-no e muito, no entanto, o estilo, aparentemente frívolo e pomposo (lá está, as aparência iludem), encerra uma justeza do olhar incomum por estes dias e eleva a obra para outro patamar. Que foge, como o diabo da cruz, do panfleto, da mensagem, do tele-filme sobre a defesa da diferença, pese embora o director de escola que, qual Passos Coelho, lhe diz que o despedimento provocado por pais irados é uma oportunidade para fazer o que sempre quis, ou os olhares dos outros, das famílias (de uma e de outra, tão importantes/estruturantes) ou a empregada daquele cafezinho ou o homem corpulento que Laurence agride.

Ou seja, é na máxima artificialidade (é delicioso o pormenor dos números de telefone começarem por 555) que Dolan descobre a absoluta honestidade da sua história e das suas personagens. Será isto o cinema queer? Lá estranho é ele. No melhor dos sentidos: desenjoa do naturalismo vigente e relembra-nos que o cinema é arte, portanto artifício. Brilhante anyways.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sMelvil PoupaudSuzanne ClémentXavier Dolan

João Lameira

"Damn your eyes!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Azor”: o banqueiro vai nu

  • Críticas

    “Cow”: a vaca que não ri

  • Críticas

    “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

Sem Comentários

  • JBL diz: Março 8, 2013 em 5:35 pm

    O Passos Coelho também deve ter gostado, mas duvdo que ele saiba ler a mensagem. Pelo menos fala e escreve mal.

    Inicie a sessão para responder
  • Tom à la ferme (2013) de Xavier Dolan | À pala de Walsh diz: Junho 19, 2014 em 3:09 pm

    […] [que já não é o último de Dolan, esse é o atrás mencionado Mommy] em relação ao anterior Laurence Anyways (Laurence Para Sempre, 2012), em que se assistia ao demorado processo de transformação de um […]

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Maio

      Maio 18, 2022
    • “Azor”: o banqueiro vai nu

      Maio 18, 2022
    • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

      Maio 17, 2022
    • Respigar até ao fim da ceifa

      Maio 16, 2022
    • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

      Maio 15, 2022
    • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

      Maio 15, 2022
    • “Cow”: a vaca que não ri

      Maio 12, 2022
    • Vai~e~Vem #41: o mistério para fugir ao esquecimento

      Maio 11, 2022
    • Amor

      Maio 10, 2022
    • “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

      Maio 9, 2022

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Maio

      Maio 18, 2022
    • “Azor”: o banqueiro vai nu

      Maio 18, 2022
    • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

      Maio 17, 2022
    • Respigar até ao fim da ceifa

      Maio 16, 2022
    • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

      Maio 15, 2022

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.