• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 1

On The Road (2012) de Walter Salles

De Carlos Natálio · Em Dezembro 20, 2012

Foi logo em 1957, ano de lançamento de On The Road, que Jack Kerouac escreveu a Marlon Brando a propor que interpretasse Dean Moriarty, personagem chave no seu romance, enquanto ele faria de Sal, o protagonista e seu alter ego. A carta não obteve resposta. O mais importante, contudo, era outra coisa: era que até hoje sempre se teve a noção (o escritor foi o primeiro a tê-la) de que se tratava de um livro com um enorme potencial cinematográfico. Fosse a abertura ao espaço, ao excesso ou ambos. Começou pois um périplo enorme que nos traz até hoje ao filme de Walter Salles. Entretanto houve vários estúdios envolvidos (a Warner, a Paramount), realizadores (Joel Schumacher, Gus Van Sant, Francis Ford Coppola que comprou os direitos da obra em 79), argumentistas (Russel Banks, Michael Herr, o próprio Coppola e o filho Roman) e claro, actores, muitos actores (Brad Pitt, Ethan Hawke, Johnny Depp e Colin Farrell foram alguns nomes que chegaram a estar interessados ou mesmo envolvidos no projecto).

Ainda Coppola disse uma vez que era muito difícil escrever um argumento a partir do romance pois era importante tratá-lo como um “filme de época”. A estrada de Kerouac tinha uma época isso sabe-se: a  reacção ao macartismo, a inquietação do pós-guerra, a dúvida, “como viver?”, a resposta à uniformização política, comercial e mediática, etc. A dúvida com Salles era então saber se teria conseguido, (ele que até “fez carreira” nos road movies: Central do Brasil (1989) e Diarios de Motocicleta (Diários de Che Guevara, 2004)] conceber um roaming pelo Estados Unidos que explicasse isso. Isto é, a importância de On The Road para a beat generation, que é como dizer, como é que Sal Paradise (Sam Riley) ou Houlden Caufield (A Catcher in The Rye) filtram para o seu interior a importância metafísica de uma experiência de crescimento na viagem, no excesso psicadélico, na afirmação de outro como objecto (homo) erótico.

A primeira intuição de Salles é correcta. Ao pegar no argumento de Jose Rivera, que contém os principais episódios do livro, talvez seja até um pouco conservador, no bom sentido, quantos aos ritmos do frenesim a que a obra convidava e invista antes no dourado, no amarelo dos exteriores em viagem e dos clubes de jazz, casas e outras bares por onde Sal, Dean (Garrett Hedlund) e Carlo Marx (a personagem alter ego de Allan Ginsberg interpretada por Tom Sturridge) vão passando.

Contudo, a câmara descritiva de Salles nunca chega a operar essa passagem do exterior (a vida a fervilhar, com as intermináveis festas com álcool, sexo e drogas) ao processo de incorporação de tudo isto ao interior de Sal, isto é, de Kerouac. Assim, fica a faltar a “viagem interior”. Permanecendo no exterior, as referências aos labirintos nietchianos, à viagem de Rimbaud a África, a Baudelaire, ao livro de Proust Du côté de chez Swann (não é um pormenor que o livro seja lido do início ao fim do filme por quase todos, ou por ninguém, e que este seja o início de À La Recherche; como se não fosse possível avançar…) não serão mais do que adereços que ajudam o cineasta brasileiro a filmar o charme rebelde da geração Beatnik, ficando os seus motivos (o drama do filme) na sombra face ao mítico da liberdade, da rebeldia, do sexo.

Não deixa assim de ser irónico que um símbolo da contracultura norte-americana seja hoje narrado indistintamente através de um sistema que assenta em alguns valores  aos quais por certo hoje Kerouac se oporia. Embora a energia física dos actores de On The Road, (todos eles de uma disponibilidade espantosa) deixasse adivinhar o potencial do livro, os cigarros, os olhares, os sorrisos, os corpos, o sexo, o desejo, a dança que Walter Salles filma é de outro terreno. Índices de um aborrecimento burguês e contemporâneo que tem a juventude como obsessão e que são para o brasileiro meros pontos de chegada. Enquanto que para Kerouac, precisamente, esses eram pontos de partida. E quando se começava a escrever, finalmente, como no fim do filme, não seriam certamente os sons dos dedos sobre as teclas acompanhados de bits jazzísticos…

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sAllan GinsbergArthur Rimbaudbeat generationBrad PittCharles BaudelaireColin FarrellEthan HawkeFrancis Ford CoppolaGarrett HedlundGus Van SantJack KerouacJoel SchumacherJohnny DeppMacartismoMarcel ProustRoman CoppolaSam RileyTom SturridgeWalter Salles

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Can She Bake a Cherry Pie?”: ouvir a música

  • Críticas

    “Two for the Road”: manual de ‘recasamento’ em viagem

  • Críticas

    “Lightyear”: o ‘Interstellar’ da Pixar

1 Comentário

  • Nova parceria: Estado da Arte | À pala de Walsh diz: Julho 28, 2020 em 11:01 am

    […] do Sol (1964), ambos de Glauber Rocha, e cobrimos as estreias de 360 (2011) de Fernando Meirelles e On The Road (2012) de Walter […]

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • “Can She Bake a Cherry Pie?”: ouvir a música

      Junho 30, 2022
    • Vai~e~Vem #44: palíndromo ou espero que te encontres bem

      Junho 28, 2022
    • “Two for the Road”: manual de ‘recasamento’ em viagem

      Junho 28, 2022
    • Seria um filme: “Le Camion”, de Marguerite Duras  

      Junho 27, 2022
    • “Winter Kills”: o Grande Voyeur

      Junho 26, 2022
    • In memoriam: Jean-Louis Trintignant (1930-2022)

      Junho 24, 2022
    • “Lightyear”: o ‘Interstellar’ da Pixar

      Junho 23, 2022
    • “Un autre monde”: inteligência ou indecência?

      Junho 23, 2022
    • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Junho

      Junho 22, 2022
    • Tocar a mesma canção

      Junho 22, 2022

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • “Can She Bake a Cherry Pie?”: ouvir a música

      Junho 30, 2022
    • Vai~e~Vem #44: palíndromo ou espero que te encontres bem

      Junho 28, 2022
    • “Two for the Road”: manual de ‘recasamento’ em viagem

      Junho 28, 2022
    • Seria um filme: “Le Camion”, de Marguerite Duras  

      Junho 27, 2022
    • “Winter Kills”: o Grande Voyeur

      Junho 26, 2022

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.