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À pala de Walsh
Contra-campo, Sopa de Planos 0

É Natal, é Natal, já não há papel

De À pala de Walsh · Em Dezembro 14, 2012

Não há? Bem, mesmo assim é preciso compor a coisa debaixo da árvore de plástico cintilante. Nem que seja uma mensagem simpática ou uma lembrançazita dos chineses. Também não se dispensam algumas iguarias típicas, como o bacalhau ou o peru, nem que seja “peru que” temos de manter as boas tradições e o Natal, como toda a gente sabe, é sobre o espírito de dar e receber. Também é o período do consumismo mais histérico, dos encontros familiares mais indesejados ou dos silêncios desconfortáveis à mesa… e que farta mesa costuma ser, não é? Ou melhor: não era, nos tempos em que havia papel? Não responda, porque não é preciso: o cinema sempre encontrou um lugar para todas as idiossincrasias natalícias. Com votos de boas festas, servimos ao leitor as imagens da quadra, já devidamente trinchadas pelo pater familias (quem? O tipo da pala, quem haveria de ser?).

O enredo de A Christmas Carol é bem conhecido, quando mais não seja pelas incontáveis versões e adaptações a que novela de Charles Dickens teve direito, não só no cinema como na televisão (assim, do pé para a mão, lembro-me da versão Blackadder e a dos Muppets): um velho forreta pouco dado a quadras festivas, Scrooge de seu nome, é visitado por três fantasmas – o do passado, o do presente e o do futuro – na véspera de Natal, uma noite que alterará, para melhor e para sempre, a sua existência. Scrooged (S.O.S. Fantasmas, 1988) segue a estrutura, embora se passe na actualidade (tem mais de vinte anos, mas passa-se naquela actualidade) e o protagonista, em vez de ter um pequeno negócio, seja um cruel e insensível presidente de uma televisão. É um dos grandes papéis do Bill Murray cómico, mesmo se o actor, como li algures, odiou trabalhar no filme. Provavelmente, foi esse desprezo por Scrooged, esse desinteresse, que torna a obra de Richard Donner ser tão boa: Murray sabota máquina de Hollywood, o sentimentalismo, e injecta uma anarquia que se já estava no argumento (que tem ideias muito boas) atinge momentos absolutamente desconcertantes. Esta imagem, este fotograma, pertence à sequência final, o destrambelhado culminar de toda a histeria… perdão, história que ficou para trás. Apesar de Gremlins (O Pequeno Monstro, 1984) e Die Hard (Assalto ao Arranha-Céus, 1988), de It’s a Wonderful Life (Do Céu Caiu Uma Estrela, 1946) e mais alguns, Scrooged é bem capaz de ser o meu filme de Natal preferido.

João Lameira

Longe de ser um grande filme, Bad Santa (O Anti-Pai Natal, 2003), o quarto filme de Terry Zwigoff [sobretudo conhecido por Crumb (1994) e Ghost World (Ghost World – Mundo Fantasma, 2001)] tem uma enorme virtude. É que para além do tom algo demonstrativo na realização (aqui transformado numa espécie de John Waters light com a sombra dos produtores Cohen a irromper), consegue um movimento blasfemo e ascético ao mesmo tempo. Por um lado, o argumento diverte-se a lambuzar a instituição sagrada do Natal com tudo o que lhe seria oposto: o mau gosto de Willie Stokes (Billy Bob Thorton) que juntamente com o seu amigo anão, fazem de Pai Natal e Elfo num centro comercial, roubando-o à socapa todos os anos. E depois há o alcoolismo, o sexo e a ironia como uma segunda violência apontada ao Natal. Além disso, trata-se de um protagonista cujo falso espírito natalício é substituído por uma descontrução burlesca do “american dream”. Por outro lado, há o que fazem as boas comédias, esse movimento ascético, aqui em tom pequenino, que eleva o niilismo do anti-herói a um posicionamento em paz no mundo com a celebração de um Natal possível. O que Bad Santa produz de interessante não é novo mas é bom de ouvir de vez em quando: é preciso saber cair para saber levantar.

Carlos Natálio

All That Heaven Allows (O Que o Céu Permite, 1955) de Douglas Sirk

A história já foi feita e refeita, Fassbinder alimentou-se da alma amedrontada de Carry, Haynes afastou o paraíso de vez e misturou tudo à sua maneira, mas é a Sirk que venho buscar o plano que está acima. All That Heaven Allows (O Que o Céu Permite, 1955) é um filme próximo da perfeição: vive nesse balanço delicado entre o rigor narrativo da hollywood clássica e um desejo ardente por transbordar tal formalismo. São os símbolos, os subtextos, as indirectas que fazem o filme (mas também é o aspecto quase de fábula infantil, da casinha de gengibre no meio da floresta). Mas retomo o rumo deste parágrafo, o plano acima. Carry é uma mulher que se apaixona pelo jardineiro e com ele quer casar; a terra onde vive é mesquinha e pequenina e vê de lado tal enlace; os filhos foram feitos à medida da localidade e repudiam o acto da mãe. Carry desiste e entristece, os filhos seguem e alegram-se com os seus empregos e seus namoros. Num dia de natal eles entram pela porta, felizes como ananases, a cantar as carols como se não tivessem arruinado a vida da mãe, e não vivessem agora a vida que ela desperdiçou por eles. Como disse é dia de Natal e tem que haver prendas, o que será? uma televisão! A câmara desliza ao longo da sala e fecha-se sobre o ecrã do aparelho, através do reflexo deste vemos Carry, totalmente alienada: pela família e pela comunidade . O televisor como fim último dessa alienação. Da próxima vez que receberem uma peúgas com raquetes lembrem-se que podia ser um televisor…

Ricardo Vieira Lisboa

Por estes lados, o pai ou a mãe Natal chama-se Drea de Matteo. É ela que tem em mãos a missão de entregar “a prenda” não ao menino bem comportado, mas… Ei ei! Pára tudo! Vamos lá ver, não há e não pode haver meninos bem comportados aqui… Estamos num filme de Ferrara! E que história é essa de Matteo ser o pai ou a mãe Natal? E que eufemismo foleiro é esse da “prenda”? Não, Ferrara chamou ao filme ‘R Xmas (R Xmas – Nosso Natal, 2001), como se grafitasse no título a inscrição urbana, corrompida e vandalizada dessa noite que – e não estou a ser paranóico – toca a todos, até aos meninos maus, até “entre” meninos maus. O espírito aqui é pouco natalício e o que a destemida mulher de um traficante de droga tem de fazer, para continuar a ter marido, é entregar um cabaz – e eu a dar nos eufemismos… – de dólares ao “anjo negro”, o raptor interpretado por Ice-T. O vilão, ou melhor, este vilão mostra a sua face cristã – ou não estaríamos num filme de Ferrara – quando exige mais uma coisa, para além do “green”: a redenção do traficante, isto é, a garantia de que este não voltará a traficar “white” (como é mesmo? Ah, isso: “I’m dreaming of a white Christmas…”). Eis a versão chunga de A Christmas Carol, com um vilão a tentar passar mais um Natal tranquilo, muito bem financiado pela desgraça alheia, e outro vilão que procura tornar significativa (boa?) a sua (má?) acção. A moral deste último será: se vamos estragar o Natal a fulano, então que o façamos da maneira mais cristã possível. Merry motherfuckin’ Xmas to you all!

Luís Mendonça

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