• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Noutras Salas 1

Boy Meets Girl (1984) de Leos Carax

De João Lameira · Em Dezembro 13, 2012

Dizia-se que “Boy meets girls, boy loses girl, boy finds girl again” era o mote do grande cinema americano clássico. Em Boy Meets Girl (Paixões Cruzadas, 1984), longa-metragem de estreia, Leos Carax torceu esse motivo para algo como “boy meets girl, boy loses girls, boy finds another girl” em que os boys se perdem pelas girls dos outros numa encruzilhada de paixões que o título português, por uma vez, apanha muito bem. E daí talvez não: este não é território das pequenas comédias humanas de Éric Rohmer ou dos jogos sem regras de Jean Renoir. É qualquer coisa mais ensombrada pela escuridão dos sonhos [da mesma maneira que se pode dizer que The Night of the Hunter (A Sombra do Caçador, 1955) é um filme onírico].

Logo ao princípio, ouve-se uma voz que parece de criança a dizer que em breve estará velha e o que fim se aproxima. À altura, Carax teria uns vinte e quatro anos, era muito jovem, e no entanto já se abatia sobre ele o peso da vida, o peso da morte. Esse fatalismo encerrará o filme (também literalmente) e arreda-o da ligeireza do cinema dos outros realizadores franceses mencionados, embora, justiça seja feita, Boy Meets Girl tenha a liberdade, escreva-se mesmo, a leveza dos primeiros filmes da Nouvelle Vague: os gestos incompreensíveis (destituídos de sentido) mas necessários e belos; a (i)lógica dos sonhos-pesadelos; o prazer de fazer cinema espelhado nos pequenos truques, as sobreimpressões, os dissolves para negro aparentemente sem critério; os momentos musicais (Dead Kennedys, Bowie pré-Glam Rock) ou de Musical, porque dançados.

Por outro lado, as histórias de (des)amor – Boy Meets Girl é sobretudo sobre aquele momento em que o amor acaba e não se sabe o que fazer com ele ou sobre aqueloutro em que a descoberta de um novo objecto de desejo é já em perda – não se cruzam propriamente, penduram-se umas nas outras, encontram-se e desencontram-se, comentam-se, criam paralelos. Até as personagens secundárias, mesmo aquela que soletra o seu nome no café, surgem com uma mágoa qualquer, um passado ou um presente infeliz (o namorado de Mireille, que já não a consegue amar, é particularmente triste). Por vezes, nem aparecem, ouvem-se na banda-sonora, vizinhos ruidosos da cabeça do protagonista. Porque, escrito o quer escrevi para trás, este é o filme de Alex, interpretado pelo obrigatório Denis Lavant, que entraria em todos os filmes do realizador e aqui carrega a sua idade e o seu nome (Leos Carax é anagrama dos nomes próprios de Alex Oscar Dupont). A aproximação entre personagem e realizador é evidente naquele fabuloso mapa de Paris (em que se marcam os momentos fundamentais e também os comezinhos de uma vida) que é tanto de uma como de outro. No resto, é Alex que arrasta o filme, quando não as outras personagens, principalmente Mireille (para o abismo, por amor).

Não só pela fotografia a preto-e-branco, Boy Meets Girl faz lembrar outra obra do mesmo ano: Stranger than Paradise (Para Além do Paraíso, 1984). Jim Jarmusch e Carax são dois filhos do cinema (o francês mais explicitamente: o senhor mudo que fala do cinema que se fazia antes do advento do som naquela festa absurda), só que onde um vê a luz do branco o outro vê a escuridão do preto. De alguma forma, complementam-se: os dois filmes fariam um belo double bill.

À falta desse programa imaginário, o espectador lisboeta poderá ver Boy Meets Girl no Espaço Nimas sexta-feira, dia 14 de Dezembro, às 21:30, no âmbito do ciclo dedicado a Leos Carax, a antecipar a estreia de Holy Motors (2012).

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
1980'sDenis LavantJim JarmuschLeos Carax

João Lameira

"Damn your eyes!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Azor”: o banqueiro vai nu

  • Críticas

    “Cow”: a vaca que não ri

  • Críticas

    “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

1 Comentário

  • Mauvais sang (1986) de Leos Carax | À pala de Walsh diz: Setembro 20, 2014 em 4:56 am

    […] Alex de Mauvais sang é o mesmo Alex do anterior Boy Meets Girl (Paixões Cruzadas, 1984) e de Les amants du Pont-Neuf (Os Amantes da Ponte Nova, 1991): o […]

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Maio

      Maio 18, 2022
    • “Azor”: o banqueiro vai nu

      Maio 18, 2022
    • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

      Maio 17, 2022
    • Respigar até ao fim da ceifa

      Maio 16, 2022
    • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

      Maio 15, 2022
    • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

      Maio 15, 2022
    • “Cow”: a vaca que não ri

      Maio 12, 2022
    • Vai~e~Vem #41: o mistério para fugir ao esquecimento

      Maio 11, 2022
    • Amor

      Maio 10, 2022
    • “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

      Maio 9, 2022

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Maio

      Maio 18, 2022
    • “Azor”: o banqueiro vai nu

      Maio 18, 2022
    • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

      Maio 17, 2022
    • Respigar até ao fim da ceifa

      Maio 16, 2022
    • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

      Maio 15, 2022

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.