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À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Cloud Atlas (2012) de Tom Tykwer, Lana e Andy Wachowski

De Carlos Natálio · Em Novembro 29, 2012

Há muito que certamente há por aí mãozinhas a aquecer as palmas para a recepção a mais um gigante que chega finalmente às nossas salas. Mas refreemos os ímpetos. Cloud Atlas, dos irmãos Lana e Andy Wachowski [The Matrix (Matrix, 1999)] e de Tom Tykwer [Lola rennt (Corre Lola Corre, 1998)] adapta o best seller de David Mitchell e, destilando hype por todos os póros, parece destinado a um falhanço magistral. O seu enorme cast (17 nomes entre os quais Tom Hanks, Halle Berry, Susan Sarandon, Hugh Grant, Jim Broadbent, etc), enorme duração (172 minutos!) enorme ambição temática – nada menos do que a compreensão da humanidade – tudo isto parece rodear o filme de uma prosápia que me convida a criar uma expressão igualmente fanfarrona para desmontar a sua eficácia. Ei-la: Cloud Atlas parece um “irrequieto monólito de superficialidade”. Expliquemo-nos a partir daqui.

Um: irrequieto

O britânico David Mitchell confessou que quando estava a escrever o romance pensou que era uma pena por estar a fazer algo que seria infilmável. A realidade veio a desmenti-lo (ou não) e eis que foram precisos três realizadores para visualizar e cruzar seis histórias, do passado ao futuro, mostrando com as acções dos homens estão interligadas, se influenciam ao longo dos séculos tornado a morte numa “porta que dá para outra vida” e assim sucessivamente. A estrutura surge assim como um mosaico de personagens (Tom Hanks e Halle Berry entre os dois asseguram 12 papéis) num primeiro momento de redundância: para que serve o mosaico narrativo se o intuito é explicar como o que seria próprio do humano é precisamente agir em mosaico? Esta duplicação de informação, que tem a ver com a metafísica humanista pela qual este dispositivo enveredou (mas já lá iremos), tem contudo outra explicação. É que o andarmos “todos ligados” é também uma nova paisagem mediática que se mostra na rede ou em anúncios de telemóveis. No caso concreto do cinema, a montagem em mosaico anda como nunca nas bocas do mundo porque dá corpo formal a novos esquemas de atenção, sobretudo aos chamados “digital natives”. Algo que o modelo neoclássico norte-americano vem vindo a fazer progressivamente. A dimensão é tal que Mitchell talvez até tivesse razão. Haverá uma verdadeira estrutura em Cloud Atlas? Isto além da fragmentação e dispersão genética, new age, que transforma o filme numa espécie de montage sequence de quase três horas e se converte numa máquina de homogeneização formal (e de conteúdos) na passagem entre passado, presente e futuro? Mas haverá mesmo uma passagem ou essa “montagem” anula essa ambição de viajar do século XIX, nas ilhas do pacífico, ao século XXII em Seoul, num segundo? Viajar para ficar no mesmo lugar? É a rede? Não, é a nuvem.

Dois: monólito

Além dos valores de produção, o filme que se destina sobretudo ao mercado adolescente, soube reunir-se de uma aura monolítica. Por isso, se falamos na essência do humano (que merece ser contemplada e venerada) é preciso construir-se como objecto omnívoro, não deixar nada de fora, nenhuma pessoa, nenhum género, nenhum sucesso de bilheteira. Por isso, há “histórias de escravos” no século XIX nas ilhas do pacífico. Como o melhor de Amistad (1997). Por isso, há um jovem homossexual amanuense que se liga a um célebre compositor em busca de reconhecimento nos anos 30. Lembremo-nos no universo de Amadeus (1984), por exemplo. Uma jornalista que investiga um esquema no mercado de energia na Califórnia dos anos 70. Há muitos mas por exemplo The Pelican Brief (Dossier Pelicano, 1993). Um editor de livros preso num lar no presente. Como o melhor de One Flew Over the Cuckoo’s Nest (Voando Sobre um Ninho de Cucos, 1975). E as duas cerejas no topo do bolo. Tom Hanks num futuro mesmo distante, pós apocalíptico claro, primitivo claro, de xaile, a subir montanhas em busca de Cloud Atlas. A fazer lembrar o universo de…? Adivinharam: Lord of the Rings (O Senhor dos Anéis). E por fim, ou não fosse este um filme dos irmãos Wachowski, em 2144, na Nova Seoul, uma história de clones e rebelião [Blade Runner (Blade Runner – Perigo Eminente, 1982], mas com Jim Sturgess a lembrar Keanu Reeves e Hugo Weaving a repegar o seu agente Smith (Matrix). Como se pode ver está cá tudo. É o Atlas?  Não, é o marketing.

Três: superficialidade

Como escreveu Margarida Rebelo Pinto há mais de uma década, não há coincidências. E a acreditar nela e em Cloud Atlas (há uma cicatriz em forma de cometa que atravessa as personagens através dos tempos que explica isto mesmo) estamos mesmo todos ligados. “From womb to tomb we’re bound to each other” diz-se, construindo-se uma metafísica da boa vontade, uma espiritualidade para todos, da acção que provoca a reacção através dos tempos. Se não há tempo para a verosimilhança, as cambalhotas narrativas mostram como o complexidade não produz necessariamente um objecto denso. E ao contrário da naiveté de Babel (2006) de Iñarritú há um lado perverso nisto tudo. É que sob a pretensão de falar da Humanidade, acaba por falar-se da Unanimidade. Se começamos e acabamos com o cosmos num sentimento “somos todos iguais mas nós não somos nada”, esse esperanto cinematográfico, homogeneiza tudo. É porque também se ouve no filme, num resquício pós orwelliano: “honor thy consumer”. Como quem diz, não estamos todos ligados, estamos é todos fu(n)didos.

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2010'sAndy WachowskiHugh GrantHugo WeavingJim BroadbentJim SturgessKeanu ReevesLana WachowskiTom HanksTom Tykwer

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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Sem Comentários

  • Quando o zapping pára em Timecode « À pala de Walsh diz: Dezembro 2, 2012 em 6:06 pm

    […] a ilusão da necessária convergência final (a síntese…), onde tudo apareça con-fu(n)dido (como escreveu recentemente o Carlos Natálio a propósito de Cloud Atlas). O filme de Figgis é, (também) nesse […]

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  • Andreia Loureiro diz: Dezembro 5, 2012 em 6:44 pm

    Que crítica mais pseudo-intelectual… Tem de haver sempre alguém a tentar descridibilizar grandes filmes… É só críticos de cinema falhados neste país.Enfim…

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    • Eduardo diz: Fevereiro 28, 2013 em 3:08 am

      Concordo plenamente,é ridículo criticar dessa forma um trabalho tão bem feito.Na minha opnião,a mensagem foi muito bem passada e as histórias estavam bem interligadas,levando em consideracao que o filme tem menos de três horas(e já acham isso muito).

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  • Samuel Andrade (@sozekeyser) diz: Dezembro 6, 2012 em 10:06 pm

    Concordo, sobretudo, com o terceiro item: artificialidade. Artificialidade em escamotear uma mensagem simples (ou, diria até, simplista) com uma suposta multidimensionalidade. Seis histórias que acabam todas por dizer o mesmo…

    Está aqui, para mim, um dos piores filmes do ano.

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  • Jubylee diz: Dezembro 6, 2012 em 11:23 pm

    Sinceramente, penso que não compreenderam o filme. A crítica apresenta um tom bastante cínico e sendo assim, será difícil analisar uma obra que se baseia em algo mais do que afirmar “somos todos iguais”. Aliás, é precisamente o contrário o que o filme pretende transmitir (apesar de evidenciar a repetição de erros, que quem sabe um pouco de História tem noção de que é uma constante durante os séculos), e que estamos todos ligados. É principalmente uma apresentação de ideias budistas. É claro que todos podemos fazer um paralelo com isso e passá-lo para a visão mais consumista da coisa. No entanto, não partilho dessa visão…

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  • Carlos Natálio diz: Dezembro 11, 2012 em 8:11 pm

    Eu acho o filme perfeitamente simplista Samuel. Um abraço.

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  • Alan diz: Janeiro 15, 2013 em 8:30 pm

    Concordo com a Jubylee! Esta crítica só alcançou uma explicação superficial do filme como um todo, e soou bastante cínico – além de prolixo – ao dizer que é apenas isso que o filme quis transmitir. Permitam-me acrescentar algumas coisas que ajudem na compreensão do filme (na minha opinião): Das personagens, algumas são interpretadas pelo mesmo ator. Isso não é em vão, pois pretende precisamente estabelecer uma relação entre elas – uma relação visual para nós espectadores – sob uma ideia espírita de que podemos retornar em outra época, como outra pessoa, para tentarmos conquistar nossa liberdade acertando em nossas escolhas. Os personagens com a ‘marca do cometa’, podem reparar, não retornaram posteriormente, justamente porque essa marca simbolizou que eles alcançaram sua liberdade (basta relembrar). Enfim, esse é apenas um esboço dessa idéia, mas é fundamental entendermos até aí pelo menos para podermos continuar tentando desvendar o filme (que com certeza vai além disso ainda). Cloud Atlas não se trata de um filme subestimável.

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    • Alan diz: Janeiro 17, 2013 em 4:48 pm

      E já aproveito para corrigir algo que eu disse: as personagens com a ‘marca do cometa’ retornam sim, porém, todas que tem essa marca, são as protagonistas de sua história, são ‘os mocinhos’ do seu tempo – para salvar a ideia de que a marca representa alguma coisa sim. Mas, enfim… continuo digerindo e refletindo a respeito.

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  • none diz: Março 24, 2013 em 1:45 am

    O filme foi um falhanço total. O objectivo era fazer um filme épico, um 10/10, e acabou-se por se fazer um filme mediano, um 7/10. Com um elenco muito bom, um excelente trabalho de representação. Mas a realização e o argumento são medianos. A edição também deixou a desejar, a maquilhagem e o guarda-roupa, é o que é. Eu fiquei imensamente desiludido.

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