• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Oslo, 31. august (2011) de Joachim Trier

De João Lameira · Em Agosto 29, 2012

O tema da dependência tem muito que se lhe diga, muito que se lhe escreva (as mil e tal páginas de Infinite Jest de David Foster Wallace, por exemplo), muito que se lhe filme. E Oslo, 31. august (Oslo, 31 de Agosto, 2011) do norueguês Joachim Trier tenta filmar tudo (mesmo o invisível).

As imagens e os sons de Oslo e dos seus habitantes que abrem o filme (um prelúdio “musical”) fazem crer que Trier busca uma certa universalidade, como se aquelas 24 horas na vida de Anders, um toxicodependente em recuperação, debatendo-se entre uma “vida normal” (um emprego, amigos, uma família) e a sedutora auto-destruição, fossem toda a vida de todos os toxicodependentes. Não será tanto assim, isso seria esquecer Oslo (cenário do filme e inferno pessoal) e a data (que não é a do dia que assistimos durante boa parte do filme, e mais não escrevo) do título, mas às vezes é na precisão que se encontram as boas sinédoques. O que dá verdadeiramente a ideia de que há um desejo de abarcar todas a experiência da toxicodependência é o determinismo com que Joachim Trier olha (e encerra) a sua personagem. Como se o destino só pudesse ser um, independentemente de quem é ou quem foi Anders.

Essa sensação advirá do argumento, baseado numa novela de Pierre Drieu La Rochelle que já havia originado uma adaptação cinematográfica [Le feu follet (Fogo Fátuo, 1963) de Louis Malle], e da extraordinária composição de Anders Danielsen Lie (de uma inexpressividade em que se consegue ler tudo, até uma funda vulnerabilidade), porém, impõe-se, sobretudo, pela realização de Trier. Mais do que qualquer filme recente que venha à memória, Oslo, 31. august pode ser qualificado de formalmente correctíssimo. Tudo o que aparece no ecrã, tudo o que se ouve (e o trabalho de som é fortíssimo) cumpre uma função, nada é deixado ao acaso (ou por acaso). Por uma vez a técnica do foco e desfoque, um tique do cinema actual abusado por muitos cineastas, tem um sentido psicológico e narrativo — Anders está, de facto, desfocado na vida, na sociedade, na cidade. Quando a câmara deixa de guardar a sua distância (de cientista a brincar com um rato de laboratório) e se torna subjectiva é por uma razão: para representar a perdição de Anders na noite de todos os desmandos (no fundo, os mesmos de sempre).

Só que a técnica irrepreensível de Joachim Trier, que proporciona momentos brilhantes — a cena do café, em que Anders ouve as extraordinárias conversas dos outros clientes, como a daquela miúda que sonha com/descreve a “vida normal” mais perfeita imaginável, e em que a câmara larga, por momentos, o protagonista, para seguir outras tristes vidas, de uma eficácia absolutamente arrasadora —, não resolve todos os problemas — aquele diálogo sofrível e previsível entre Anders e um amigo ao início — e, pior, mais do que servi-la, acaba por sufocar a tragédia. Ao exacerbar o determinismo, com a sua força inamovível, estrangula o sentimento, o pathos, por assim dizer, que seria o que de mais universal poderia alcançar.

Pensando melhor, pode ser que a universalidade que encontro em Oslo, 31. august seja antes “o retrato perfeitamente pintado de uma geração” que Whit Stillman, presidente do júri do Festival de Estocolmo que premiou o filme, viu, e não tanto qualquer preocupação de fazer a “grande obra sobre a dependência”. Não se pode negar que assim é: os encontros de Anders mostram uma multidão de jovens perdidos no espaço e no tempo, fechados cada um no seu próprio drama, incomunicável. Por muito louvável que seja esse intento, tanto mais quando o cinema americano trata as mesmas personagens tão levianamente [pegue-se apenas no caso de Ted (Ted, 2011) e o seu protagonista de trinta e poucos], e por muito bem conseguida que seja a execução, não chega para desfazer a impressão de que Oslo 31. august pode ser um filme admirável, mas só à distância (a que Joachim Trier permite). Falta-lhe uma qualquer pulsão vital, falta-lhe vida, e talvez fosse isso o pretendido. No fim, fica apenas o vazio.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sAnders Danielsen LieJoachim Trier

João Lameira

"Damn your eyes!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Cow”: a vaca que não ri

  • Críticas

    “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

  • Críticas

    “The Souvenir Part II”: retrato de uma senhora

Sem Comentários

  • J. Barreto diz: Agosto 30, 2012 em 3:57 pm

    Quem quiser contar uma história sobre a geração ou gerações perdidas, tem que ter uma sensibilidade para compreender as razões e uma força que as tente explicar. Afinal o mundo, dito civilizado, a sociedade perfeita, a Noruega, com o maior rendimento per-capita que se conhece, também é, e talvez por isso mesmo,uma sociedade que potencia o aparecimento de jovens perdidos. O Anders, mesmo que se chame Anders Breivik, será apenas um.
    Gostei muito.

    Inicie a sessão para responder
    • João Lameira diz: Setembro 5, 2012 em 6:12 pm

      Interessante essa relação com o Anders Breivik. Não me ocorreu e nem sei se ocorreu ao realizador, mas faz todo o sentido

      Inicie a sessão para responder

    Deixe uma resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

      Maio 17, 2022
    • Respigar até ao fim da ceifa

      Maio 16, 2022
    • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

      Maio 15, 2022
    • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

      Maio 15, 2022
    • “Cow”: a vaca que não ri

      Maio 12, 2022
    • Vai~e~Vem #41: o mistério para fugir ao esquecimento

      Maio 11, 2022
    • Amor

      Maio 10, 2022
    • “The Northman”: Robert Eggers pega na lenda épica e trá-la à terra 

      Maio 9, 2022
    • Steal a Still #48: Francisco Villa-Lobos

      Maio 8, 2022
    • Play-Doc 2022: António Campos, a geometria das relações

      Maio 4, 2022

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

      Maio 17, 2022
    • Respigar até ao fim da ceifa

      Maio 16, 2022
    • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

      Maio 15, 2022
    • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

      Maio 15, 2022
    • “Cow”: a vaca que não ri

      Maio 12, 2022

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.