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Críticas, Em Sala 0

La Princesse de Montpensier (2010) de Bertrand Tavernier

De Carlos Natálio · Em Agosto 1, 2012

De um senhor como Bertrand Tavernier que já vai nos trinta e tal filmes e que tem um verdadeiro percurso globetrotter, o mínimo que se pode dizer é que já assegurou há muito um lugar de respeito no cinema francês.

Só para dar uma pequena ideia: foi colega de Schlondörff no liceu, assistente de realização de Melville [conta-se que um dia na rodagem de Léon Morin, prêtre (Amor Proibido, 1961) sugeriu ao realizador o Moonfleet (O Tesouro do Barba Ruiva, 1955) do Lang que tinha visto uns dias antes. Melville foi ver, odiou o filme e proibiu toda a equipa de falar com o jovem Tavernier durante três dias]; foi crítico dos Cahiers e da Positif entre outras publicações; venceu o Urso de Ouro em Berlim em 95 com L’Appât e melhor realizador em Cannes com Un Dimanche à la Campagne (Um Domingo no Campo, 1984); realizador de seis documentários entre os quais um sobre as origens musicais no Mississippi (Mississippi Blues, de 1983) e outro sobre a guerra franco-argelina (La Guerre Sans Nom, de 1992); e finalmente, autor de uma aventura quase ao estilo Herzog/Kinski, com Philippe Noiret, actor que chamou para seis dos seus filmes.

Mas a propósito de La Princesse de Montpensier (A Princesa de Montpensier, 2010), que estreia entre nós inexplicavelmente com mais de dois anos de atraso (o filme esteve a concurso em Cannes em… 2010), queríamos lembrar aqui um episódio relativamente menor da sua carreira. O affaire Leconte, como ficou conhecido, opôs em 1999 alguns realizadores franceses à crítica, que acusavam de querer “assassinar” o cinema comercial francês. Tavernier, então membro da Associação de Realizadores e Produtores Franceses, elaborou um esboço de carta que continha a sugestão de que proibissem a publicação, ao abrigo de uma “excepção cultural”, de críticas negativas aos filmes franceses antes da quarta-feira em que estreavam, dando aos mercados uma “chance” de decidir antes de qualquer reacção da imprensa. Apesar da coisa não ter passado, fica-nos o ataque de Tavernier à crítica que criticava o cinema francês e a sua especial sensibilidade às pressões do mercado e do financiamento do cinema europeu no sentido de se globalizar.

E portanto são estes meandros dos dinheiros (La Princesse é uma colaboração, também aqui (!),  franco-alemã) e a noção de uma certa desaceleração da carreira de Tavernier que nos ajudam a perceber este filme de época, adaptação de um conto de Madame de Lafayette. Neste, a princesa Marie de Montpensier tem de casar por conveniência embora ame perdidamente o primo, o Conde “Orlando Bloom” Henri de Guise. Se Tavernier quer defender o cinema francês que diz estar encurralado entre o dominante cinema mainstream americano e o ego dos críticos, o que um filme como La Princesse deixa perceber é que, precisamente, “certo cinema comercial francês” já é só mais uma versão desinspirada do clichet americano. Por isso, o fundo histórico da obra de Lafayette – os conflitos católico-protestantes do século XVI em França – surgem como uma espécie de chroma key inconsequente que ora retira ora injecta as personagens ao palco principal dos amores e intrigas teen (oh que seguirei eu?, a maldição do  coração ou da razão?). Uma máquina infernal que tudo tritura (é Lafayette, mas se fosse Stieg Larsson era igual ao litro) e que tudo uniformiza ante o desperdício de opulência que é também o uso do cinemascope, até pelas encenadíssimas sequências de batalha que só muito esporadicamente tentam o pictórico.

Se dizemos que há adolescentes a lutar muito, a amar ainda mais, em fatos pomposos do século XVI, diga-se que a luz ao fundo do túnel vem de Tavernier querer recentrar o filme no pudor da observação, isto é, na personagem do Conde de Chabannes (Lambert Wilson): o mestre dos mais jovens, ajuizado, que observa mais do que age. Mas quando o faz talvez já venha tarde, com tanto amor não correspondido, marido ciumento e diz que desdiz, que, entretanto, passou…

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2010'sBertrand TavernierGaspard UllielLambert WilsonMélanie Thierry

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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