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FEST 2016: amor em tempos de cólera

De Francisco Noronha · Em Junho 20, 2016

O FEST – Festival Novos Realizadores | Novo Cinema está de volta, naquela que é a sua 12.ª edição, a decorrer entre 20 e 27 de Junho em Espinho. Como habitualmente, para além da programação e respectivos prémios, o FEST notabiliza-se pela interacção e formação artística inter-pares dedicada sobretudo aos cineastas mais jovens, promovendo diversos workshops e masterclasses (com formadores reconhecidos no meio como Mark Sanger, Pete Travis, Gemma Jackson e, acima de todos, claro, o realizador húngaro Béla Tarr) e outras acções no âmbito dos espaços Training Ground e Pitching Forum. Durante esta semana, publicaremos aqui os textos que Francisco Noronha escreveu para a publicação oficial do FEST a propósito de três filmes inseridos em diferentes secções competitivas (Competição Lince de Ouro, nas vertentes Longa-Metragem de Documentário e Longa-Metragem de Ficção).

Alisa in Warland (2016), de Alisa Kovalenko e Liubov Durakova (Competição Lince de Ouro, Longa-Metragem de Documentário) | Filme exibido dia 21 de junho, às 22h30

Em Alice’s Adventures in Wonderland, de Lewis Carrol, Alice é uma criança curiosa que cai na toca de um coelho e embarca numa viagem fantástica, cheia de revelações e enigmas. Logo por aqui se intui, portanto, que o trocadilho que o título do filme faz com o livro não é meramente semântico: também ao decidir pegar na sua câmara, aquando da eclosão da revolução na Praça de Maidan (2014), para ir filmar os acontecimentos na frente de guerra onde as tropas ucranianas se digladiam com os separatistas pró-russos (Donetsk, Crimeia), inclusivamente correndo risco de vida, Alisa Kovalenko empreende uma jornada pessoal e cinematográfica não menos vibrante pela História recente do seu país e pelos homens que, para o bem e para o mal, a fazem. E mesmo nesse palco sangrento onde se vive permanentemente ao som de bombardeamentos (e onde Alisa aprende a distinguir, pelo tipo de ruído, aqueles que são do inimigo e os que são dos militares que a acolhem), Alisa consegue documentar as “maravilhas” que, apesar de tudo, subsistem num país dilacerado pela guerra: a camaradagem e o irredutível elemento humano presente nas relações entre as tropas, a música tradicional ucraniana que muito melancolicamente pontua o filme (“Don’t scold me, my mother…”) ou o inquebrantável amor entre familiares e amigos.

A este respeito, importa notar que as realizadoras não adoptam uma visão neutra ou imparcial dos acontecimentos, antes assumindo claramente um “lado”, um ponto de vista (o ucraniano e, por isso, contra-separatista), o que se, por vezes, as faz incorrer em equívocos ou contradições involuntárias (sobretudo a ingenuidade com que o “Sector Direita”, movimento de extrema-direita ucraniano, é bondosamente pintado), nunca as leva a cair, porém, em maniqueísmos primários, antes sobressaindo um olhar essencialmente idealista e pueril sobre a (des)união de um país e suas gentes. Na verdade, não sendo política ou ideologicamente militante, este é, sim, um documentário “cinematograficamente” militante, de que a afirmação de Alisa no início do filme – de que, ao pensar em tornar-se voluntária humanitária no rescaldo da revolução, acabou por decidir voltar a pegar na sua câmara, pois esta é a sua “arma” – é exemplo paradigmático.

Todo este olhar documental e “macro” sobre a História colectiva de um país corre em paralelo com um tocante olhar “micro”, agora docuficcional (na senda do género híbrido em que o documentário se vem contemporaneamente transformando), sobre a história individual de amor entre Alisa e o seu namorado Stéphane (um jornalista francês correspondente na Ucrânia), modo de ilustrar como as duas “histórias” (com “H” maiúsculo e minúsculo) se influenciam e condicionam reciprocamente, e como nem sempre a urgência da História permite a subsistência das relações humanas mais íntimas (tensão que, constante ao longo do século XX, ficou adormecida a partir da queda do muro de Berlim). É como se, de alguma forma, as mortes da guerra, integrantes dessa tal História colectiva, tivessem o seu correspectivo nas pequenas “mortes” relacionais, emocionais, dos indivíduos, no caso, a provável morte da relação entre Alisa e Stéphane, a qual vai sobrevivendo (mas deteriorando-se) ao jeito epistolar moderno (e-mails, Skype, SMS, etc.).

Nesse alternar entre o documentário mais puro e duro e a abordagem ficcional, a câmara à mão, acompanhada pela narração em off (pela voz de Alisa), é o recurso utilizado por excelência, ora nas mãos da própria Alisa (sobretudo na frente de guerra), ora nas mãos da co-realizadora Liubov Durakova nas tais sequências docuficcionais em que assome a Alisa-personagem (e já não apenas realizadora), progressivamente deprimida à medida que a sua relação com Stéphane se vai erodindo. No início do filme, ouvíramos Alisa dizer, aquando do triunfo de Maidan, que já tinha “o amor e a revolução”, mas que isso não era suficiente, que procurava algo mais. É esse desejo adicional que a levará a andar de campo de batalha em campo de batalha e a questão é saber, depois de tudo, qual o saldo emocional para Alisa entre a realização do seu filme e o provável fim da sua relação (Alisa chega a ponderar alistar-se como soldado). Uma vez mais, e como sempre, a tensão entre Colectivo e Individual a fazer a vida andar, com mais ou menos tropeções.

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Francisco Noronha

francisconoronha10@hotmail.com

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