• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
    • Se Confinado Um Espectador
  • Crónicas
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Se Confinado Um Espectador
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 1

Youth (2015) de Paolo Sorrentino

De Ricardo Vieira Lisboa · Em Dezembro 9, 2015

Mais ou menos por volta do meio de Youth (A Juventude, 2015) de Paolo Sorrentino um Harvey Keitel já bastante chupado, a fazer de grande realizador em crise existencial e criativa, dá uma lição de vida aos seus pupilos que o ajudam a escrever o seu filme-testamento, reza assim: reparem nestes binóculos, se olharem através deles vêm o que está ao longe muito de perto, é o futuro visto pelos olhos de uma pessoas jovem, no entanto se olharem pelo outro lado dos binóculos vêm as pessoas que vos estão mais perto muito ao longe, é o passado visto pelos olhos de um homem velho. É desta natureza que se faz a nova empresa de Sorrentino, de metáforas (e símbolos e figuras, e personagens… e tudo) surpreendentemente básicas. Aliás, cada linha de diálogo do filme parece querer encapsular uma moral ou uma qualquer lição de vida como se os personagens falassem por Haikus. Regressando a Keitel, o seu script empancou na frase final, não sabem o que o homem deverá dizer à mulher no seu leito de morte (ou se deverá ser ela que lhe diz algo), Youth por seu lado é um filme construído de frases finais. Cada cena podia bem ser a última, dada a pompa de cada diálogo, e para dizer a verdade até se agradecia.
Youth (A Juventude, 2015) de Paolo Sorrentino

Mas o grande problema do realizador italiano, mais ainda neste filme, é achar que a palavra operático significa relativo ao Festival da Eurovisão da Canção. Não há um arrebique em Youth não não seja piroso, tudo está revestido de uma goma doce e enjoativa e todo o filme se faz de uma sucessão de números musicais/de circo em paralelo a uma sucessão de actores que desfilam em constante modo de cameo ao ponto de termos um Maradona perturbador a passear-se pelo hotel, um monge do Tibete em constante meditação, um casal de mudos, uma prostituta de classe e até um Paul Dano a fazer de Shia LaBeouf. Esta parada de figuras (hunanas e fílmicas) esdrúxulas aproxima Sorrentino de Harmony Korine, mas onde o segundo trabalha no sentido do estranho, da margem e da auto-implusão, para Sorrentino toda a empresa dá pretensamente mostras da sua habilidade que a cada minuto se confirma como inane. Muito se fala de Fellini quando se escreve sobre Sorrentino. Talvez… um Fellini ultra-pasteurizado pelos formalismos do videoclip (ao ponto de durante o filme um personagem sonhar com um, que Sorrentino filma com desdém sem no entanto se aperceber que é aí que está em casa), da publicidade (do início ao fim assistimos a uma anúncio da Nespresso transido de passagem de modelos) e da televisão (já no final surge-nos uma Jane Fonda que diz algo como o futuro do cinema é a televisão por isso vou fazer uma telenovela para o México – e Sorrentino está de facto a preparar uma série de televisão co-produzida entre a Sky Italy e a HBO).

Vejo o cinema de Sorrentino como as flores de plástico dos cemitérios.

Regressando às lições de vida, o personagem de Michael Caine acha que as emoções são sobrevalorizadas, ao passo que o seu amigo Keitel discorda, ele crê que as emoções são tudo o que temos. Ora bem, parece-me que Sorrentino não está com um nem com o outro, isto é, de facto o realizador parece altamente preocupado com o fazer sentir, com os efeitos sentimentais das cores, dos movimentos de câmara, das músicas, dos ralentis, dos enquadramentos – para eles as emoções não são algo a que esteja alheio, ele deseja-as ardentemente -, no entanto, nenhum desses efeitos resulta mais do que isso mesmo… efeito – se as emoções são tudo o que temos, Youth não tem uma que seja, ou não as sabre transmitir. Numa analogia simples (como a canção), vejo o cinema de Sorrentino como as flores de plástico dos cemitérios: são bonitas ao longe, até são capazes de enganar alguns ao perto, sentimos-lhes o sentimento de quem as lá depositou mas não deixam de ser de plástico, iguais a tantas outras na loja do chinês.

 

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sFederico FelliniHarmony KorineHarvey KeitelJane FondaMichael CainePaolo SorrentinoPaolo TavianiPaul DanoRachel WeiszShia LaBeoufVittorio Taviani

Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

Artigos relacionados

  • Cinema em Casa

    “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

  • Cinema em Casa

    “Soul”: a vida, a morte e o jazz

  • Críticas

    “Nosotros, la música”: uma questão de orgulho cubano

1 Comentário

  • renata diz: Abril 3, 2016 em 12:36 pm

    Pra que serve o cinema senão para fazer sentir?

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta Cancelar resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • Amigos e comparsas na nouvelle vague

      Fevereiro 25, 2021
    • In memoriam: Jean-Claude Carrière (1931-2021)

      Fevereiro 24, 2021
    • A piscina da vizinha é o cinema da minha

      Fevereiro 23, 2021
    • “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

      Fevereiro 22, 2021
    • Três passos numa floresta de alegorias

      Fevereiro 21, 2021
    • “Soul”: a vida, a morte e o jazz

      Fevereiro 18, 2021
    • Parar as cores

      Fevereiro 17, 2021
    • Vai~e~Vem #30: o que pode o retrato

      Fevereiro 16, 2021
    • Steal a Still #38: Luís Miguel Oliveira

      Fevereiro 15, 2021
    • Lições de um século

      Fevereiro 14, 2021

    Goste de nós no Facebook

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • Amigos e comparsas na nouvelle vague

      Fevereiro 25, 2021
    • In memoriam: Jean-Claude Carrière (1931-2021)

      Fevereiro 24, 2021
    • A piscina da vizinha é o cinema da minha

      Fevereiro 23, 2021
    • “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

      Fevereiro 22, 2021
    • Três passos numa floresta de alegorias

      Fevereiro 21, 2021

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João César Monteiro Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2020 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.