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À pala de Walsh
Contra-campo, Sopa de Planos 0

Na morada do cosmos

De À pala de Walsh · Em Junho 16, 2015

Algures nele procuramos isolar uma fórmula que explique a existência do Homem e que prove a existência de Deus. Mas a paisagem é fria e inóspita, isto é, pouco convidativa a essa procura – e ainda menos atreita a qualquer uma dessas grandes descobertas. Como um deserto gelado e escuro, no espaço ninguém nos ouve, cai-se no vazio, o que é diferente de dizer que se “nada no nada”. Rodeado de tudo, estrelas e planetas que carregam uma memória maior que aquilo que conseguimos conceber, o espaço tira-nos tudo: o oxigénio e a gravidade. Nada é firme, seguro, tudo é incerto, salvo a certeza de que, na ausência de limites, o universo é sempre infinitamente mais sabedor e prodigioso do que nós. A sopa metafísica está servida.

Gravity (Gravidade, 2013) de Alfonso Cuarón

Pensar (n)o cosmos é pensar (n)o homem – essa a razão por que, ao contrário de tantos outros planos contemplativos do cosmos “puro e duro”, escolhemos um que ilustra essa relação, essa dependência inextricável. Não há cosmos sem o homem; não há homem sem o cosmos. Literalmente: o cosmos, a ideia de cosmos é, ela mesmo, uma construção intelectual, logo, humana. Se essa relação de dependência é tão evidente ou “rasteira”, ela não deixa, no entanto, de convocar as mais transcendentes e inquietantes questões. Aliás, ela levanta mesmo “a” questão das questões, a da existência e do seu sentido: quem somos? Porque estamos aqui? Quem ou o quê nos pôs aqui? Para onde vamos (não só, ou não tanto, no “depois da morte”, mas, sobretudo, enquanto grupo, enquanto humanidade, em marcha em direcção a alguma coisa)? Tudo perguntas de um tal teor que só possui equivalente plástico na vastidão, escuridão do cosmos, onde uma cientista se confronta com questões ironicamente nada existenciais, muito terrenas: a perda de uma filha e o urgente conserto da nave em que se encontra (com vista privilegiada para a Terra), sob pena de se desintegrar no espaço. Se, como referimos, é de dependência a relação entre homem e cosmos, entre particular e universal, terreno e transcendente, logo se infere como essa é uma relação, digamos, de amor-ódio: o cosmos é grande, infinito, e o desconhecimento que dele temos assusta aterradoramente o homem (inclusive sendo fonte das mais conspirativas teorias!) ao mesmo tempo que o desafia à descoberta e à superação (?) da sua condição. O medo, a sensação de esmagamento perante algo ou alguém que é maior que nós são esses pés sem piso firme onde pousar, esses braços pedindo ajuda, o esgar desesperado que se advinha dentro do capacete. Tudo no mais absoluto e belo silêncio, mestria de Cuarón, que o preserva no filme. Mais ou menos à deriva, o homem está só e só continuará no cosmos.

Franscisco Noronha

Dark Star (Estrela Negra, 1974) de John Carpenter

Estamos no espaço infinito na companhia de um grupo de astronautas que tem por missão fazer explodir planetas instáveis. A viagem já vai longa. Os homens conhecem-se bem, bem de mais: ouvem e contam as mesmas histórias sem parar, ao mesmo tempo que reproduzem os mesmíssimos rituais diários… até que… John Carpenter e Dan O’Bannon, o homem que viria a a escrever a história de Alien (O Oitavo Passageiro, 1979), assinam este filme có(s)mico que explora a premissa: “truck drivers in space”. Produção “de escola” de baixíssimo orçamento, resultado de uma imaginação, criatividade, espirituosidade e irreverência típicas aos jovens brilhantes, Dark Star (Estrela Negra, 1974) é um laboratório descontraído de muito do que veio a ser o cinema de John Carpenter, mesmo que este assuma como sua verdadeira primeira obra o insuperável Assault on Precinct 13 (Assalto à 13ª Esquadra, 1976). Desde logo, é um filme sobre camaradagem hawksiana e o seu gradual processo de degenerescência. E também é um filme de cenas memoráveis. Os seus últimos 8 minutos são alguns dos mais inspirados da obra carpenteriana. Um dos astronautas procura desprogramar uma bomba dando-lhe uma aula de fenomenologia. Apesar de bem sucedido inicialmente, acaba por gerar um efeito imprevisível – a filosofia é assim mesmo. O “truck in space” desfaz-se em pedaços. E é aí que o excelso professor, especialista em Hegel e Merleau-Ponty, aproveita um dos destroços para o transformar numa prancha de surf. Sobre ela, o capitão Doolittle viaja directo para o planeta mais próximo. É uma homenagem a Dr. Strangelove (Dr. Estranhoamor, 1964), mas em versão pacifista. Neste lado da ressurreição.

Luís Mendonça

A Matter of Life and Death (Um Caso de Vida ou de Morte, 1946) de Michael Powell & Emeric Pressburger

“This is the universe. Big, isn’t it?”, ouve-se na voz do narrador que nos atira para o cosmos. Este plano é uma perspectiva divina, tirado da sequência inicial de A Matter of Life and Death (Um Caso de Vida ou de Morte, 1946). Só Deus, na figura de Michael Powell – e também de Emeric Pressburger –, coloca o olhar tão acima de tudo, para ir descendo até ao planeta terra, e dar-nos conta do que se passa nesse 2 de maio de 1945. Além do realizador, numa postura de omnivisão, há também a personagem de Roger Livesey, Dr. Reeves, o psiquiatra que, do interior da sua câmara escura, observa a vida da pequena cidade onde habita. A Matter of Life and Death é, assim, um filme de observatórios sobre observatórios, em que o cinema vê a terra, a câmara do Dr. Reeves vê o quotidiano à sua porta (mas pode ver mais do que isso), e o tribunal do firmamento “vê” e analisa, do alto da escadaria celeste, as razões que determinam uma vida ou uma morte. O amor, como sempre, está aqui para baralhar qualquer lógica, e trazer a esta imagem do cosmos uma poesia encerrada nas estrelas. Por essa poesia, por essa magia, que liga o imenso universo a dois corpos terrestres, A Matter of Life and Death era o filme predileto de Michael Powell. E é também por isso que me deslumbro tanto a olhar para este azul em estado de ebulição, prestes a vaporizar-se numa das mais belas histórias de amor.

Inês Lourenço

Melancholia (Melancolia, 2011) de Lars von Trier

Melancholia (Melancolia, 2011) de Lars von Trier

O filme é Melancholia (Melancolia, 2011), o realizador Lars von Trier, o gosto pelo filme é pouco (aliás, muito pouco) e o ingrediente para a sopa é o plano em cima, uma espécie de caldo Knorr fílmico – ultra pasteurizado, altamente processado e cheio de gorduras saturadas (mas mesmo sabendo que faz mal e que é horrível para a saúde não posso deixar de admitir que a baba me escorre dos cantos da boca). No seu modo niilista pronto-a-vestir von Trier inventa um fim do mundo que é também um fim da humanidade, assim todos morrem e não há volta a dar, a Lua vai cair contra a Terra. Ponto final. Por entre os tiques do Dogma que por vezes se fazem sentir, nos entremeios dos ralentis hiper-estilizados, surge este plano em que o menino lança um laço em redor da lua, como se a pudesse capturar qual cowboy. Momento simbólico do cataclismo que está para vir, mas também referência cinéfila pervertida. “I’ll throw a lasso around it and pull it down. Hey. I’ll give you the moon, Mary”. It’s a Wonderful Life (Do Céu Caiu Uma Estrela, 1946), de todos os filmes, é aqui convocado como prenúncio de morte – não é totalmente inesperado, Lar von Trier sempre tirou prazer no destruir da alegria e da inocência e convenhamos que este Capra estava mesmo a pedi-las…

Ricardo Vieira Lisboa

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