• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Do álbum que me coube em sorte
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Sopa de Planos
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Chappie (2015) de Neil Blomkamp

De Ricardo Vieira Lisboa · Em Março 26, 2015

Como olhar para Chappie (2015), o novo filme de Neil Blomkamp, senão como uma versão moderna e infantilizada de RoboCop (RoboCop – O Polícia do Futuro, 1987)? A resposta passa acima de tudo por três aspectos que me parecem cruciais para perceber o cinema que Blomkamp vem trazendo às nossas salas: os limites da relação da máquina com a corpo, o manifesto político travestido de elegante filme pipoca e, por fim, o jogo entre o grotesco PG13 e o fofinho.


(1) Máquina-carne/Máquina-mente: a herança no cinema de Blomkamp está em Verhoeven, Cronenberg e Gordon, isso é mais que óbvio. Em District 9 (Distrito 9, 2009) a citação a The Fly (A Mosca, 1986) era evidente e neste Chappie a linha narrativa parece copiada a papel de químico do referido RoboCop de 87. Essa herança coloca o realizador sul africano numa posição invulgar no mainstream americano dos nossos dias (dias onde o gore é pós-produzido em computadores e o sangue, baba e ranho jorram a contragosto) já que é dos pouco preocupados com a falência contemporâneo dos corpos orgânicos e da sua sucessiva substituição por componentes mecanizadas. Em District 9 essa substituição era um processo de infecção alienígena e o próprio mecanismo da degradação, por sua vez em Elysium (2013) era uma exposição a radiação que levava Matt Damon ao exoesqueleto mecânico e este à sua expiação. Posto isto o caso de Chappie altera esta dinâmica máquina-corpo ao insistir sobre a questão da máquina com consciência humana (o que se justifica aqui da mesma forma que se justifica falar de pessoa humana defronte de um replicant) e de a substituição do corpo perecível se dar ao nível da transferência de consciência ao invés do seu melhoramento. Assim Blomkamp solta-se (ou soltam-no por imposição do público 6-12) do horrores da putrefacção para os idílicos da inteligência artificial infinitamente transferível entre invólucros  [em mimetismo daquilo que quisera ser Transcendence (Transcendence: A Nova Inteligência, 2014) de Wally Pfister].

(2) Guerra à distância: em Erkennen und verfolgen (War at a Distance, 2003) de Harun Farocki o realizador analisa algumas das imagens de bombardeamentos da guerra do golfo onde novos mísseis “infalíveis” foram usados e coloca-nos a questão não tanto do propósito dessas imagens (que revelam já todo um programa e concepções militares) mas sim da sua escolha. Todas essas imagens divulgadas pelo governo norte-americano mostravam a destruição de pontes e edifícios sem a presença de qualquer civil, isto é, construíam uma narrativa de “no casualties” biunívoca, isto é, nem mortes americanas, nem mesmo mortes iraquianas. Uma narrativa semelhante é aquela que a imagem ternurenta de Barack Nobel da Paz Obama esconde e que Snowden (e outros) ajudaram a desmascarar, a saber, o crescente número de ataques com drones em países estrangeiros. Estou em crer que Chappie funciona como alegoria perfeita para este estado de coisas, isto porque o conflito existente no filme trata de opor Chappie o simpático robot dotado de consciência e swag (que até faz bonequinhos) com Moose (alce) a bisarma armada controlada por Hugh Jackman. Isto é, o segundo corresponde ao sistema de máquina de guerra controlada à distância por um operador militar com um interface semelhante a videojogos – o drone – (Farocki pergunta-se se não será esse o destino das guerras no ocidente, manterem-se virtuais, dado o desenvolvimento das armas sem oposição possível) e o primeiro um sistema em tudo semelhante mas que é capaz da auto-gestão e que se pretende moral segundo as três leis da robótica de Asimov (I am your maker…). Assim, em modo típico do sci-fi, Blomkamp contraria a opção militar contemporânea através de uma solução utópica e benéfica para todos. É este optimismo e este cinema de causas o que mais emociona nos seus filmes: o olhar congregador sobre o Apartheid em District 9, a visão esperançosa sobre as políticas da emigração e da saúde em Elysium e agora a a alternativa militarista de Chappie fazem de Blomkamp um dos realizadores mainstream mais preocupados com o contemporâneo (e que sobre ele agem a cada filme).

(3) I fink u freeky: antes demais convido-o a clicar nesta hiperligação e a deleitar-se com o fetichismo electro-grotesco de Die Antwoord. O que aqui se ensaia não é o direito à diferença ou à estranheza, é pelo contrário o culto dessa diferença e estranheza no sentido de construir um universo entre o macabro e o repulsivo que é tão fascinante como aterrador. Isto é, e o refrão da música parece funcionar como instrumento de auto-interpretação, I think you are freaky and I like you a lot é o mote-mantra de uma freakalhice atraente que de alguma forma conserva vários aspectos de inocência infantil (como num bebé demoníaco). Se refiro o colectivo sul africano não é por acaso, é que Blomkamp escolheu os seus vocalistas (Ninja e Yolandi) para darem corpo aos pais do imberbe Chappie. Neste passe de mão o realizador convoca para o ecrã o universo de rua do grupo e toda a atmosfera que referi infectando o corpo do filme dessa panóplia de sentimentos contraditórios: Chappie é pois a convergência de todas estas intenções que vão desde o merchandising para o público juvenil até à definição de consciência, passando pela política militar do ocidente e o culto do freak – os blockbusters estão cada vez melhores!

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sBarack ObamaDavid CronenbergHarun FarockiHugh JackmanIsaac AsimovNeil BlomkampNinjaPaul VerhoevenSci-fiWally PfisterYolandi Visser

Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    “All That Jazz”: sexo, suor e ‘showtime’

  • Críticas

    “Azor”: o banqueiro vai nu

  • Críticas

    “Cow”: a vaca que não ri

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • Caminho de amor, dor e esperança em “Cette maison”

    Maio 22, 2022
  • “All That Jazz”: sexo, suor e ‘showtime’

    Maio 19, 2022
  • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Maio

    Maio 18, 2022
  • “Azor”: o banqueiro vai nu

    Maio 18, 2022
  • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

    Maio 17, 2022
  • Respigar até ao fim da ceifa

    Maio 16, 2022
  • Caderneta de Cromos #12: Arnaldo Mesquita

    Maio 15, 2022
  • Passatempo Midas Filmes: ‘pack’ Hong Sang-soo

    Maio 15, 2022
  • “Cow”: a vaca que não ri

    Maio 12, 2022
  • Vai~e~Vem #41: o mistério para fugir ao esquecimento

    Maio 11, 2022

  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • Caminho de amor, dor e esperança em “Cette maison”

    Maio 22, 2022
  • “All That Jazz”: sexo, suor e ‘showtime’

    Maio 19, 2022
  • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Maio

    Maio 18, 2022
  • “Azor”: o banqueiro vai nu

    Maio 18, 2022
  • IndieLisboa 2022: abalos oceânicos

    Maio 17, 2022

Etiquetas

2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.