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Críticas, Em Sala 0

Laggies (2014) de Lynn Shelton

De João Lameira · Em Janeiro 13, 2015

A recusa em crescer e em entrar definitivamente na “vida adulta” (emprego, família, casa, carros, etc.) é cada vez uma marca da civilização ocidental (não é por acaso que se diz que os trinta anos são os novos vinte, os quarenta os novos trinta e por aí fora). Contudo, no cinema, o único género a tratar seriamente o tema é a comédia. Actualmente, e há já umas décadas, a comédia, sobretudo a norte-americana, raramente fala de outra coisa (uma das grandes comédias deste século chama-se mesmo Arrested Development). O mumblecore (que arrisco a catalogar como sub-género da comédia), pelas suas características – a imperfeição, o descuido, o improviso, a narrativa à deriva -, assimila na própria forma essa criancice. O que acontece, então, quando o mumblecore é obrigado a crescer? Pegando neste Laggies (Encalhados, 2014), uma comédia romântica previsível e inverosímil, normalizada, igual às outras.

Laggies (Encalhados, 2014) de Lynn Shelton

Em defesa da realizadora Lynn Shelton, cuja obra anterior é interessante, Laggies parece um filme de encomenda, feito para financiar projectos mais pessoais no futuro (escrevo “parece”, porque não há maneira ainda de o poder afirmar peremptoriamente; mais, a carreira da realizadora tem-se desviado para a televisão, sem qualquer assomo de autoria). Do movimento mumblecore – em que incluo os irmãos Duplass, Joe Swanberg ou Lena Dunham [que antes de Girls realizou a longa-metragem Tiny Furniture (2010)] -, Shelton é das que têm tido mais sorte em Portugal: este é o terceiro filme seu a estrear cá (embora, em boa verdade, tenham passado desapercebidos). E, se Humpday (Deu Para o Torto, 2009) era uma boa piada a que faltava a punchline (o mumblecore tem sempre esse ar inacabado, como se apanhasse uma história a meio sem grande vontade de a esgotar), Your Sister’s Sister (Entre Irmãs, 2011) enfrentava os escolhos da idade adulta (as más decisões, as pequenas traições e a redenção possível) sem cair na normalização de Laggies, ou seja, apresentava uma resposta diferente à pergunta do primeiro parágrafo.

A vontade de actores de maior gabarito entrarem neste tipo de produções, como Keira Knightley em Laggies, talvez tenha transformado um pouco o sub-género, cuja mentalidade de grupo é um dos grandes basilares – veja-se a “promiscuidade” com que Mark Duplass entra, como protagonista, nos filmes de Shelton ou como Lena Dunham já passou pelas mãos de Joe Swanberg e Ti West (o novo “mestre” do Terror pertence, claramente, a esta família; aliás, o próprio já fez uma perninha nos filmes de Swanberg). Altera-o também, pois actores mais consagrados trazem mais dinheiro e o dinheiro maior responsabilidade. No entanto, não será apenas isso: Knightley serve bem a personagem (“encalhada” entre dois períodos da sua vida) e jamais poderia servir a premissa improvável de que uma mulher adulta se pode relacionar assim com uma adolescente (a muito domada Chloë Grace Moretz) sem ninguém ligar muito ao facto (da mesma maneira que é inverosímil uma mulher como Knightley sofrer deste tipo de problemas; exige uma valente suspensão da descrença, mas isso é cinema). E Sam Rockwell normalmente traz consigo uma sensação de risco, completamente ausente deste filme. O principal problema de Laggies é o argumento, autêntico facilitador das situações e escolhas da personagem principal (por exemplo, nas personagens do namorado e da melhor amiga, funcionais e pouco mais). O verdadeiro obstáculo a que atinja os seus objectivos é a duração do filme: este não pode acabar aos vinte minutos. Ao contrário dos anteriores filmes de Lynn Shelton, Laggies não foi escrito por si – a autora é Andrea Seigel – e a inocuidade do mesmo (é tão esquecível que não chateia) será resultado disso.

Os problemas de crescimento do mumblecore não são novos. Jay e Mark Duplass passaram por algo semelhante em Cyrus (2010) – a presença de John C. Reilly, Marisa Tomei e Jonah Hill e o maior investimento descaracterizaram o cinema dos irmãos -, tendo regressado às raízes nos últimos tempos, mesmo que, como Lena Dunham, o tenham de fazer na televisão (com a série Togetherness, estreada há dias). O único cineasta a sair-se bem deste imbróglio (ou a superar-se através dele) é muito provavelmente o melhor de todos: Joe Swanberg. Drinking Buddies (Companheiros de Copos, 2013), que apenas teve direito a exibição no IndieLisboa do ano passado, e Happy Christmas (2014), que não teve direito a nada, são duas obras-primas desta geração permanentemente em trânsito para lugar algum.

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João Lameira

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