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À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 2

Birdman (2014) de Alejandro González Iñárritu

De João Lameira · Em Janeiro 8, 2015

No momento em que Alejandro González Iñárritu deixou o (ou foi deixado pelo) argumentista Guillermo Arriaga – com quem trabalhou nos seus primeiros três filmes, Amores Perros (Amor Cão, 2000), 21 Grams (21 Gramas, 2003) e Babel (2006) -, abandonou também o filme mosaico, no qual personagens e situações se multiplicavam para se afunilarem no fim, e a desconstrução temporal, que exigia ao espectador a reorganização cronológica do enredo. Boa parte dos críticos do realizador mexicano enjoaram-se desta marca autoral, vista como puro gimmick. Os mesmos encontrarão novo gimmick em Birdman (2014), a mais recente obra de Iñárritu, filmada num só plano-sequência falsificado (há diversos cortes invisíveis).

Birdman (2014) de Alejandro González Iñarritu

Dessa falsificação, não viria mal ao mundo. The Rope (A Corda, 1948) de Alfred Hitchcock, um dos mais famosos filmes-sequência, também escondia uns quantos cortes, embora esses fossem impostos pelas limitações técnicas da altura. Iñárritu, pelo contrário, usa-os por facilidade e para poder pular de edifício em edifício, voar sobre Nova Iorque e dar saltos temporais (estes últimos, os únicos que se aproveitam). Explicando melhor, a falsidade do plano-sequência de Hitchcock devia-se a uma impossibilidade, a do mexicano aos facilitismos das novas tecnologias, principalmente da pós-produção, deixando um travo de chico-espertice. No entanto, não deixa de ser interessante que Iñárritu, para quem a montagem foi tão importante, se entregue em Birdman a um processo radicalmente diferente [aliás, o mesmo se pode escrever de Hitchcock e das experiências de The Rope e Under Capricorn (Sob o Signo do Capricórnio, 1949), com resultados obviamente diversos, tendo em conta as qualidades de cada um].

Menos recomendáveis são os discursos fáceis contra as redes sociais (mais parece escrito por Aaron Sorkin), a indústria do cinema, a proliferação de blockbusters de super-heróis – se bem que seja assustador a quantidade de bons actores que já entraram em produções do género, incluindo alguns de Birdman: Michael Keaton, o Batman de Tim Burton, e Edward Norton, que já despiu as vestes de Hulk -, a crítica (revelando um ressabiamento que quase leva o filme ao suicídio), e a favor da integridade artística, revelada no alcoolismo, loucura e péssimo feitio do artista torturado, e da criação como processo auto-destrutivo [no que é uma espécie de versão de All That Jazz (O Espectáculo Vai Começar, 1979) do realizador-coreógrafo Bob Fosse]. E a tendência para o realismo mágico (aquela cena final, com a filha a olhar para o céu, indesculpável) a estragar o que de bom o filme tem – muito bem que o sobrenatural pode ser interpretado como representação da demência das personagens, mas não deixa de ser retratado como tal.

Então e o que tem Birdman de bom? Além dos solos de bateria de Antonio Sánchez que propulsionam a banda sonora, o teatro e os actores. Começo pelos últimos: é um prazer rever Michael Keaton e Edward Norton, ambos meio desaparecidos – Norton em filmes esquecíveis e Keaton sabe-se lá onde -, em papéis de destaque e a deleitarem-se com a oportunidade, engrandecendo os diálogos pretensiosos, dando até algum charme à patetice geral, transformando-a numa brincadeira divertida (que, reconheço, também está presente no argumento e na realização; no fundo, o filme é uma sátira um tanto indigesta). Se, à excepção de Emma Stone (que faz basto uso dos olhos gigantescos), o restante elenco não tem muito que fazer, não deixa de ser apreciável: Amy Ryan, Naomi Watts, Zach Galifianakis. Acabo com o primeiro: disse-se e escreveu-se e é verdade que Birdman era o regresso de Michael Keaton aos grandes papéis, mas o verdadeiro protagonista do filme é o teatro. E surge, assim, de uma longa e grata tradição no cinema norte-americano: 42nd Street (Rua 42, 1933) de Lloyd Bacon; All About Eve (Eva, 1950) de Joseph L. Mankiewicz; Opening Night (Noite de Estreia, 1977) de John Cassavetes; Noises Off… (Apanhados no Acto, 1992) de Peter Bogdanovich; Synedoche, New York (Sinédoque, Nova Iorque, 2008) de Charlie Kaufman. Mostra as mesmas dúvidas dos bastidores, as mesmas crises de confiança dos actores, as mesmas mudanças de última hora, com os mesmos fulgor, curiosidade e pormenores.

Filmado dentro e à volta do St. James Theatre na Broadway (e aura desse teatro dá-lhe qualquer coisa, indefinível), Birdman é um Noises Off… menos divertido, um Synedoche, New York menor, cuja grandiloquência, apesar de irritante muitas vezes, é vencida pelo amor à quinta arte.

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João Lameira

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2 Comentários

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