• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
    • Se Confinado Um Espectador
  • Crónicas
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Se Confinado Um Espectador
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 2

Snowpiercer (2013) de Bong Joon-ho

De Carlos Natálio · Em Julho 23, 2014

Numa altura em que a aceleração técnica continua a produzir sentimentos de culpa pela extinção da raça humana avant la lettre, o cinema aproveita-se para seguir vendendo distopias que nem castanhas quentes. Neste Snowpiercer (Expresso do Amanhã, 2013) – que tradução para português tão bonita, não é? – aquilo que salta mais à vista é o aproveitamento da já estafada metáfora da marcha do progresso do Modernismo simbolizada na força do comboio e a conversão desse símbolo em algo do domínio do refúgio (nostálgico?) do que resta da vida biológica.

Aqui a marcha do progresso já não é em frente mas sim em contenção circular: uma experiência mal sucedida para combater o arrefecimento global levou a terra ao gelo global. A pouca vida que resta sobrevive a bordo do comboio-Arca-de-Noé Snowpiercer que, lá está, anda perpetuamente sem parar num circuito que percorre o globo à espera que haja condições para sair. Lá dentro o comboio é a metáfora da sociedade, onde o povão comedor de caca vai nas traseiras e a classe rica burguesa e branca vai à frente encabeçada pelo divino criador. O criador da máquina, entenda-se: “Wilfred is divine” é um dos slogans do endoutrinamento da micro-sociedade.

Há dois anos Leos Carax já nos tinha mostrado que os motores eram sagrados. Aqui a expressão é “the engine is sacred” e é por isso que a nova revolta dos pobres tem o objectivo de ir à frente do comboio e controlar o mecanismo. Quem controla o mecanismo controla o futuro. Essa expressão do poder parece ter mudado radicalmente com o cenário pós-apocalítico, isto é, com a experiência das duas guerras mundiais. Entre estas, Walter Benjamin escrevia: “Marx diz que as revoluções são a locomotiva da história universal. Mas talvez as coisas se passem de maneira diferente. Talvez as revoluções sejam o gesto de accionar o travão de emergência por parte do género humano que viaja nesse comboio.”

Pelo contrário, o filme de Bong Joon-ho mostra como o comboio (a técnica) é aqui a expressão da opressão e não da revolução e também que travar não é a solução (uma das revoltas passadas, intitulada a “revolta dos sete” tinha precisamente esse intuito e fracassou rotundamente). Se a mensagem parece ser materialista q.b. (é ir ver o filme) já o invólucro é também uns furos acima do expectável deste tipo de evangelhos mainstream da luta pela dignidade do humano quando tudo o mais já foi para o beleléu.

O realizador coreano do extraordinário Gwoemul (A Criatura, 2006), agora a filmar pela primeira vez em língua inglesa, consegue gerir bem a progressão da revolta pelas sucessivos compartimentos do comboio (como se por níveis dos videojogos se tratasse) de forma a não deixar morrer a tensão. Ou outros pormenores como a celebração do ano novo já não se fazer no tempo mas no espaço ou a sequência de luta entre a claridade natural e a escuridão dos túneis pelos quais passa o “Snowpiercer”. No elenco, John Hurt – já habitué noutras distopias como o próximo Ninety Eighty Four (1984) ou V for Vendetta (2005) -, Tilda Swinton (em registo caricatural) ou Song Kang-ho [Boksuneun naui geot (Sympathy for Mr. Vengeance, 2002)] a destilar estilo – emprestam credibilidade e talento a um bom e gelado filme de acção mais do que apropriado para o quente do Verão.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sBong Joon-hoChris EvansEd HarrisJohn HurtKarl MarxLeos CaraxSong Kang-hoTilda SwintonWalter Benjamin

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

Artigos relacionados

  • Cinema em Casa

    “Cosmopolis”: padrão-ratazana

  • Cinema em Casa

    “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

  • Cinema em Casa

    “Soul”: a vida, a morte e o jazz

2 Comentários

  • Things to Come (1936) de William Cameron Menzies | À pala de Walsh diz: Julho 25, 2014 em 2:48 pm

    […] nem há uma semana escrevia aqui, a propósito de Snowpiercer (Expresso do Amanhã, 2013), sobre a questão da tecnologia e da relação que o cinema arranjou para se lhe referir, quando me […]

    Inicie a sessão para responder
  • Chacun seu marisco | À pala de Walsh diz: Abril 12, 2020 em 2:52 pm

    […] de coisas como Saw (Saw – Enigma Mortal, 2004) ou Cube (Cubo, 1997), é ele uma espécie de Snowpiercer (Expresso do Amanhã, 2013) ou o já referido Gisaengchung. Depois também porque ele oscila, na sua […]

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta Cancelar resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • Esta é uma história sobre o amor e a mudança de direcção

      Março 4, 2021
    • “Cosmopolis”: padrão-ratazana

      Março 3, 2021
    • A vingança do “Video Home System”

      Março 2, 2021
    • “The Other”: ali, à janela

      Março 1, 2021
    • Maureen O’Hara e John Wayne, disputas conjugais – parte III: The Wings of Eagles

      Fevereiro 28, 2021
    • Amigos e comparsas na nouvelle vague

      Fevereiro 25, 2021
    • In memoriam: Jean-Claude Carrière (1931-2021)

      Fevereiro 24, 2021
    • A piscina da vizinha é o cinema da minha

      Fevereiro 23, 2021
    • “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

      Fevereiro 22, 2021
    • Três passos numa floresta de alegorias

      Fevereiro 21, 2021

    Goste de nós no Facebook

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • Esta é uma história sobre o amor e a mudança de direcção

      Março 4, 2021
    • “Cosmopolis”: padrão-ratazana

      Março 3, 2021
    • A vingança do “Video Home System”

      Março 2, 2021
    • “The Other”: ali, à janela

      Março 1, 2021
    • Maureen O’Hara e John Wayne, disputas conjugais – parte III: The Wings of Eagles

      Fevereiro 28, 2021

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João César Monteiro Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2020 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.