• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • NEWSLETTER
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Contos do Arquivo
    • Ficheiros Secretos do Cinema Português
    • Raccords do Algoritmo
    • Sobreimpressões
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Sudoeste (2012) de Eduardo Nunes

De João Lameira · Em Novembro 6, 2013


Como A torinói ló (O Cavalo de Turim, 2011), o proclamado derradeiro filme de Béla Tarr, a primeira longa-metragem de Eduardo Nunes chega de carroça: ao fulgurante travelling inicial do húngaro, que persegue aquele cavalo a fugir tanto ao destino negro que apagará tudo, como da câmara, o brasileiro responde com uma suave panorâmica que se afasta de uns arbustos e descobre uma estrada poeirenta (onde aparece a dita carroça). Apesar dos filmes terem estreado mais ou menos na mesma altura, a referência (e a influência) só parecerá rebuscada a quem não viu Sudoeste (2012), filmado num muito contrastado preto-e-branco encaixado numa invulgarmente esticada e estreita tira de imagem, um ultrascope que ao mesmo passo espreme o espaço e estende o tempo.

A exiguidade do ecrã e o som, muito trabalhado – nos primeiros minutos, ouve-se insistentemente um moinho de vento empenado como na célebre sequência que abre C’era una volta il West (Aconteceu no Oeste, 1968), embora a ascendência do cinema de Leone se fique por aí (nem sequer há grandes planos fechados para tentar desencantar mais alguma) -, provocam uma estranheza que se vai dissipando ao reconhecerem-se as marcas de um certo cinema da Europa de Leste, não só o do já citado Tarr, como o de Andrei Tarkovski, referido por Nunes como influência maior: o tom pausado, arrastado, taciturno, austero (no que a funesta banda sonora ajuda); os longos planos com imperceptíveis movimentos de câmara; a irrelevância do enredo.

Nesse aspecto (e noutros, como se verá), é claramente um primeiro filme, devedor da cultura cinéfila do realizador, uma tentativa de encontrar um olhar pessoal por entre a visão do que os outros fizeram. Para mais, teve uma prolongada gestação de dez anos, o que se nota na radicalidade da proposta: a componente plástica (visual e sonora) impera sobre todas as outras. O que não seria necessariamente um problema, não fosse a história de uma simbologia tão fácil e atreita a tiques de realismo mágico – sem querer entrar muito em detalhes, Sudoeste anda à volta (quase literalmente, visto que é tão circular) de um dia da vida (ou, para ser minimamente críptico, numa vida de um dia) de uma mulher, da nascença à morte. Ou seja, do cinema de Tarr, Tarkovski ou até mesmo Kubrick, importa sobretudo a pose, que, à medida que o tempo passa e a partir do momento em que já se percebeu o que Eduardo Nunes “quer dizer” (e nota-se que este quereria ter dito alguma coisa), se torna cada vez mais fastidiosa. Falta a Eduardo Nunes o peso, dir-se-ia de pedra tumular, dos outros cineastas, sendo que, embora aproveite bem a paisagem agreste e deserta, as águas paradas e as pequenas embarcações que nelas navegam, resvala algumas vezes para o plano bonito, quase de bilhete postal – aquele da janela que se abre para uma brincadeira de crianças é exemplo.

Talvez mais surpreendente do que o próprio filme (que, ainda assim, se assume como um objecto estranho no corpo da cinematografia brasileira que se conhece por cá) é a forma como será distribuído. A Nitrato Filmes, que se propõe divulgar o cinema do Brasil*, já estreou em Portugal Eu Receberia As Piores Notícias dos seus Lindos Lábios (2011) e Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (2009) e se prepara para lançar o aclamado O Som ao Redor (2012) de Kleber Mendonça Filho (exemplos da recente produção brasileira que tem feito um percurso interessante nos festivais internacionais – O Som ao Redor esteve a concurso no IndieLisboa 2012), não se fixa numa sala em Lisboa (cidade que raramente visita) ou no Porto, como outras distribuidoras pequenas, preferindo uma tournée pelos cineclubes portugueses (cujas paragens podem ser consultadas no Facebook da distribuidora), ao jeito do que João Botelho fez com o seu Filme do Desassossego (2010). Não se sabe ao certo o sucesso desta estratégia. No entanto, se o objectivo é a promoção, não será das menos ajustadas. É pena, se calhar, que no meio do mar de estreias semanais, pouca atenção seja dada a este pequeno veio (perdoe-se a imagem pirosa) – no caso de O Som ao Redor seria quase criminoso.

*Foi corrigida a informação de que a Nitrato Filmes se tratava de um empresa brasileira – é portuguesa – e retirada a menção de que recebe apoios estatais, pois dava a ideia de que a situação seria diferente das demais distribuidoras, quando, na verdade, todas recebem apoios à distribuição. Pedimos desculpa por estas incorrecções.

2010'sAndrei TarkovskiBéla TarrEduardo NunesJoão BotelhoKleber Mendonça Filho
Partilhar Tweet

João Lameira

"Damn your eyes!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    If Beale Street Could Talk (2018) de Barry Jenkins

  • Críticas

    Todos lo saben (2018) de Asghar Farhadi

  • Críticas

    It’s All True (1942) de Orson Welles

Sem Comentários

  • john doe diz: Novembro 8, 2013 em 3:25 pm

    Gostei.

    Responder
  • O Som ao Redor (2012) de Kleber Mendonça Filho | À pala de Walsh diz: Dezembro 7, 2013 em 5:21 pm

    […] Portugal. Felizmente, a distribuidora Nitrato Filmes (sobre a qual João Lameira já tinha escrito aqui) desfez a espera, exibindo o filme em permanência no Cinema City Alvalade em Lisboa e promovendo […]

    Responder
  • Deixe uma resposta Cancelar resposta

    Últimas

    • In memoriam: Bruno Ganz (1941-2019)

      Fevereiro 21, 2019
    • If Beale Street Could Talk (2018) de Barry Jenkins

      Fevereiro 20, 2019
    • Frames Portuguese Film Festival 2019: Frames Collective

      Fevereiro 19, 2019
    • Passatempo Cinemateca Portuguesa: 8 vídeo-ensaios

      Fevereiro 18, 2019
    • Cita-acção #11: che cos’è l’affinità?

      Fevereiro 17, 2019
    • Todos lo saben (2018) de Asghar Farhadi

      Fevereiro 13, 2019
    • It’s All True (1942) de Orson Welles

      Fevereiro 12, 2019
    • In memoriam: Albert Finney (1936-2019)

      Fevereiro 11, 2019
    • Vai~e~Vem #6: mulheres – insectos

      Fevereiro 10, 2019
    • Seijun Suzuki diz ‘O Cinema Não Morreu’ em Évora

      Fevereiro 9, 2019

    Goste de nós no Facebook

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • In memoriam: Bruno Ganz (1941-2019)

      Fevereiro 21, 2019
    • If Beale Street Could Talk (2018) de Barry Jenkins

      Fevereiro 20, 2019
    • Frames Portuguese Film Festival 2019: Frames Collective

      Fevereiro 19, 2019
    • Passatempo Cinemateca Portuguesa: 8 vídeo-ensaios

      Fevereiro 18, 2019
    • Cita-acção #11: che cos’è l’affinità?

      Fevereiro 17, 2019

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Pedro Rodrigues Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini Yasujiro Ozu

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2016 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.