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À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 1

Pacific Rim (2013) de Guillermo del Toro

De Carlos Natálio · Em Julho 18, 2013

É preciso cancelar o apocalipse. Este é um dos objectivos que vem obcecando a ficção científica de há uns anos a esta parte. Já não se trata somente de combater a ameaça exterior como mero medo do “outro antagonista” mas sim uma verdadeira rivalização com a natureza que orienta o cinema para o problema da extinção, do extermínio da nossa própria raça. E algures esse combate contra o nosso desaparecimento ganha uma dimensão mind-fucking na medida em que muitas das vezes (senão todas) foi o próprio homem o causador da sua perdição (desde o Éden que é assim na verdade). Como se o cinema andasse a “cheirar” o fim de algo, que não é separável de um gigantesco sentimento de culpa que procura exorcizar as próprias e impensadas acções de manipulação sobre a técnica.

Ironicamente (ou não) a questão que se põe ao ver Pacific Rim (Batalha no Pacífico, 2013) de Guillermo del Toro (artilhadíssimo tecno-blockbuster de Verão, em 3D, imax, dolby atmos, 180 milhões de orçamento para efeitos digitais) é: valerá mesmo a pena cancelar este apocalipse? Vamos por partes. Estamos no longínquo ano de 2020 e uns anos antes uma falha interdimensional no leito oceânico (é sempre dos abismos que vêm os nossos fantasmas existenciais) abriu um portal para o nosso mundo deixando entrar monstros do tamanho de estádios de futebol, dois cérebros, lançadores de ácidos e outras porcarias (os ditos kaijus, nome para “besta estranha” em japonês que introduz a primeira das reverências de del Toro e do co-argumentista Travis Beacham: a saga Godzilla e o seu principal criador, o japonês Ishirō Honda).

Para combater os dois cérebros destas bestas que procuram colonizar o planeta Terra é curiosamente necessária a junção de duas pessoas (dois cérebros humanos) para pilotar (só o verbo faz lembrar a verdadeira “batalha do pacífico”, tradução em português do filme) uma espécie de Transformers, chamados Jaeger do tamanho de… vá… estádios de futebol. O conceito é este: quanto maior a fusão de memórias entre os dois pilotos humanos, quanto mais fluído o seu “neural handshake” melhor a máquina será pilotada e maior serão as chances de derrotar os animaizinhos irritantes cujo hobby é destruir cidade atrás de cidade (se esse iminente sentimento de destruição lhe desperta particular interesse vale a pena dar o preço do bilhete pois há realmente muito edifício e carro a ir pelos ares).

Olhar para Pacific Rim é olhar para um objecto artificializado de amor e devoção do seu autor para com um universo vindo dos monsters movies e do feeling dos comics. Dir-se-ia que esse é o verdadeiro divertimento de del Toro: que os monstros e robots fiquem bem na figura. Mas acontece também uma coisa curiosa – a passagem desse “humanismo” autoral para a máquina, neste verdadeiro elogio do metal, permite fazer rimar a parafernália de “gadgets” de exibição (o já referido 3D, o Imax, etc.) com todos os mecanismos de funcionamento dos jaegers que apelam para conexões cerebrais, para a noção de uma second life onde a batalha se trava. Pois a realidade é filmada no interior dos robots, onde se joga o jogo. Curiosamente, na realidade, onde o jogo é manipulado pelos cérebros dos pilotos, os actores são reais e as “salinhas” estranhas. As batalhas onde visualizamos como se joga o jogo, impera o digital, e de gente nem sombra.

Se calha ao(s) herói(s) a salinha (como lhe chamo) onde manipulam o gamepad mostra um dado humano muito relevante. Se nos filmes de guerra a tónica estava na noção de heroicidade (o sacrifício do seu eu pelo bem comum) esse sacrifício hoje passa pela canalização do desejo para o jogo. Como refere e bem o crítico do Les Inrockuptibles, Jacky Goldberg há uma tendência visível nos blockbusters recentes [Star Trek Into Darkness (Além da Escuridão: Star Trek, 2013); Iron Man 3 (Homem de ferro 3, 2013); After Earth (Depois da Terra, 2013)] de ter, como em Pacific Rim, um herói assexuado, que não concretiza a sua aproximação ao sexo feminino. A expressão de Goldberg é qualquer coisa como: nestes filmes as mulheres observam de longe enquanto os homens “brincam às guerras como se brincassem com playmobils” (talvez a expressão jogar Xbox fosse hoje mais certeira).

Seja como for, essa “impotência masculina” em potência talvez possa ser vista como um sinal desse tal avanço do tecnológico sobre o humano. O interessante é que o filme de Del Toro não abdicando de ser o que é (robots contra monstros numa orgia pirotécnica de sons e imagens) e trabalhando muitas vezes num registo desmiolado (onde o trágico e o ridículo se confundem) nunca perde de vista que esse apocalipse é a metáfora (quiçá exagerada) para o fim de uma determinada relação entre o homem e o homem (já não há sexo, há partilha de memórias, há “neural handshakes”, mudam-se os tempos…) É afinal de contas essa relação que vai sendo pensada nestes objectos cinematográficos híbridos, eles próprios também a braços com a recomposição entre uma ideia de cinema e a sua concretização técnica.

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2010'sGuillermo del ToroIshirō HondaTransformersTravis Beacham

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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1 Comentário

  • The Shape of Water (2017) de Guillermo del Toro | À pala de Walsh diz: Fevereiro 8, 2018 em 2:42 pm

    […] de Verão, caro leitor, não andem sincronizadas e assim não há possibilidade de pilotar este Jaeger da memorabilia em direcção ao planeta Del Toro. Mas não há mal maior, porque tenho a certeza que, pelo menos, […]

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