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Getsuyobi no Yuka (1964) de Ko Nakahira

De Helena Ferreira · Em Junho 25, 2013

Escondida entre os títulos mais aclamados da Nuberu bagu japonesa dos anos 60 há uma pequena raridade que poucas vezes é mencionada. Getsuyobi no Yuka (Monday Girl ou Always on Mondays, 1964) de Ko Nakahira, com a encantadora Mariko Kaga, é uma pérola com laivos godardianos à espera de ser redescoberta. Une femme est une femme… em Yokohama.

Os anos 60 foram um tempo único de experimentação e transgressão para a juventude japonesa que crescera num pós-guerra marcado pela ocupação americana e por uma extraordinária recuperação económica. Foi um tempo de jazz, de protesto e de vanguarda e os jovens foram inspiração para vários cineastas. O mais antigo estúdio de cinema japonês então em funcionamento, Nikkatsu, produziu vários filmes representativos dessa “nova vaga”. Entre eles está o hoje largamente esquecido Getsuyobi no Yuka de Ko Nakahira.

Na Yokohama dos anos 60, cujo cosmopolitismo é indicado desde a abertura multilingue, cruzam-se todo o género de seres com todo o género de interesses. Japoneses, americanos, jamaicanos, comerciantes, adúlteros, prostitutas, apaixonados, homens e mulheres em busca de negócios, de sexo, de dinheiro… e de amor. Por entre ruas cheias de gente, um porto de grande movimento e clubes da moda encontramos Yuka (Mariko Kaga), a jovem mulher que busca uma afeição diferente no seu patrono (Takeshi Kato), que é um homem de negócios casado e com uma filha, e no jovem faroleiro que está fascinado por ela, Osamu (Akira Nakao).

Filmado num preto-e-branco com momentos lindíssimos (como os de Yuka e Osamu pelas ruas ou o final) e com uma fantástica banda sonora, Getsuyobi no Yuka centra-se num grupo de figuras que se movem em terrenos onde as fronteiras sociais entre o respeitável e o ilícito estão esbatidas, todos com os seus podres e fraquezas, filmados com um sentido crítico mas também com humor. Yuka emerge do lodaçal da vida contemporânea como um ser de honestidade particular, talvez a única que não finge o que é (até quando finge!) e cujas tentativas de conservar uma réstia de si intocada (o não beijar) e de querer reproduzir a figura da filha do seu amante são tão pueris como encantadoras. Afinal Yuka está ali para ser adorada pelas personagens que gravitam à sua volta e, via as imagens que vemos, está ali para ser adorada por nós todos também.

A câmara está enamorada de Mariko Kaga como a câmara de Godard em Une Femme est une Femme (Uma Mulher é uma Mulher, 1961) – filme com o qual Getsuyobi no Yuka tem alguns pontos de contacto – estava enamorada de Anna Karina. O seu rosto e o seu corpo povoam quase todos os planos do filme, a sua beleza, a sua peculiar inocência, os seus desejos e a força dos seus sentimentos arrastam planos e personagens, porque todo o filme só existe porque ela é ela e ela está ali.

Getsuyobi no Yuka, com tudo o que explora da sensualidade de Mariko Maga, não deixa de ser também um filme sobre a solidão de uma mulher. Yuka percebe que não terá o Sunday kind of love que almeja, que está condenada a ser a Monday girl de um dos títulos em inglês. O seu acto final é um sereno gesto de auto-preservação, tão terrível como poderoso pela afirmação tão subtil. Yuka sobrevive a todos os homens e a todas as injustiças porque é um ser à parte. Um ser feito dessa matéria eterna chamada cinema, e nascido desse novo olhar nouvelle-vaguiano sobre a vida.

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Helena Ferreira

“Maybe, too, the screen was really a screen. It screened us... from the world” (The Dreamers)

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