• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
    • Se Confinado Um Espectador
  • Crónicas
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Se Confinado Um Espectador
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Caderneta de Cromos
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Conversas à Pala
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
      • Actualidades
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Jagten (2012) de Thomas Vinterberg

De Carlos Natálio · Em Março 6, 2013

Existem (pelo menos) dois ódios consensuais produzidos na experiência do século que passou: o programa eugénico nazi e a pedofilia. Se um diz respeito ao “aperfeiçoamento” da raça humana pelos métodos que todos conhecemos, o outro, a pedofilia, trata precisamente da identificação de uma degenerescência, de um comportamento desviante face às regras impostas pelo processo civilizacional, e, mais concretamente, tal como definidas pelo dispositivo da sexualidade.

Desde Peter Lorre e M (Matou, 1931) de Fritz Lang que um dos “monstros” que escapavam à galeria da Universal era precisamente o pedófilo que perseguia as criancinhas na sombra. Desde então a personalidade do pedófilo tem sido objecto de um escrutínio ficcional absolutamente detalhado: o pedófilo com complexo de culpa, o pedófilo homem de família, o pedófilo doente, o apaixonado, o “animal”, etc, etc. O cinema parece rondar esta figura não já apenas no sentido de lhe denunciar a culpa, mas também para se chegar perto e perceber as razões incompreensíveis à maioria: a atracção sexual por crianças.

O novo filme do dinamarquês Thomas Vinterberg, nome importante da rebeldia dogma 95, não deixa de fazer parte deste universo de exploração da pedofilia, mas integrado no seu microcosmo de denúncia e acusação. Como em Festen (A Festa, 1998), filme pelo qual é conhecido, já lá vão 15 anos, a pedofilia é um pretexto para falar da reacção de uma família, e neste caso, em Jagten (A Caça, 2012), de uma comunidade local de uma pequena cidade dinamarquesa. E quem fala em reacção, fala em rumor, em descriminação tudo em caudal crescente despoletado pela abertura da caça ao pedófilo motivada pela (falsa?) acusação que uma menina, Klara (a presença enorme e radiosa de Annika Wedderkopp) faz sobre abusos sexuais que teria sofrido de Lucas, um homem de quarenta anos, divorciado, funcionário do jardim-escola e melhor amigo do pai da criança.

A Vinterberg interessa explorar a questão do pedófilo que não o é, inocente, num esquema de drama psicológico um pouco anacrónico, sem manifestações de um estilo aparente, e que toca o processo kafkiano da falsa culpa e a escalada de violência [a dita “caça”, à la Deliverance (Fim-de-Semana Alucinante, 1972) ou até puxando a corda, Straw Dogs (Cães de Palha, 1971) ou Dogville (2003)]. Claro que falamos de bússolas que orientam a cinefilia do espectador, sem nunca conseguir este filme de Vinterberg aproximar-se verdadeiramente desse lugar de predação e discriminação comuns a estas obras. Seja como for, a histeria do grupo ante um “pedófilo” que vive na “casa ao lado” é toda ela muito construída, a maior parte das vezes a partir da adaptação dos lugares comuns de uma perseguição de massas, restando como espaço de alguma individualidade (no seio do colectivo) o desempenho de Mads Mikkelson [o vilão de Casino Royale (007- Casino Royale, 2006)] devidamente premiado em Cannes este ano. É ele, trabalhando um espaço de subtileza e fragilidade, o que  permite um pouco contrapor o constante estado de choque e caos que Vinterberg quer a  todo o custo impor no espectador.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sAnnika WedderkoppDogma 95Fritz LangJohn BoormanLars von TrierMads MikkelsonMartin CampbellPedofiliaPeter LorreSam PeckinpahThomas Vinterberg

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

Artigos relacionados

  • Cinema em Casa

    “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

  • Cinema em Casa

    “Soul”: a vida, a morte e o jazz

  • Críticas

    “Nosotros, la música”: uma questão de orgulho cubano

Sem Comentários

  • Sexo explícito | À pala de Walsh diz: Março 7, 2013 em 7:17 pm

    […] « Anterior / Seguinte » By À pala de Walsh / Março 7, 2013 / Contra-campo, Sopa de Planos / Publicar um comentário […]

    Inicie a sessão para responder
  • En kongelig affære (2012) de Nikolaj Arcel | À pala de Walsh diz: Março 20, 2013 em 1:03 pm

    […] o referido Dogma. Formado inicialmente por Trier e Thomas Vinterberg [que estreou há duas semanas Jagten (A Caça, 2012)] o propósito era fazer filmes que fizessem o contraponto aos produtos de […]

    Inicie a sessão para responder
  • Cristiano Tanure diz: Abril 30, 2013 em 9:26 pm

    Assisti o filme ‘Jagten’ (aqui no Brasil a tradução foi ‘A Caça’) e vim a buscar alguma coisa na web e me deparei com o site de vocês. A crítica escrita é muito boa, o filme é pra lá de interessante, aliás, os filmes nórdicos (ao menos os parcos que já assisti) são excelentes, muito adultos e que se aventuram por questões, digamos, duras. Antes de Jagten, há pouco vi ‘Oslo, 31 August’, também uma pérola.

    Espero passar por aqui outras vezes, vi outra crítica de ‘No’ muito boa e de um filme de Howard Hawks. Em minha cidade, Belo Horizonte, está passando uma mostra integral dele, fantástico para cinéfilos. ‘Fazil’ foi meu favorito por enquanto.

    A propósito, acompanhei o primeiro Indie Lisboa, em 2004 (no Cinema São Jorge, ainda existe?) e a melhor lembrança do festival (bom, não vi lá tantos filmes…) foi ‘Nói, o Albino’ ou o original, que adoro e prefiro, ‘Nói, Albinói’, da Islândia. Sempre gostei de indies, mas foi no Indie Lisboa de 2004 que a semente foi realmente plantada.

    É isso, um grande abraço aqui do Brasil.

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta Cancelar resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • In memoriam: Jean-Claude Carrière (1931-2021)

      Fevereiro 24, 2021
    • A piscina da vizinha é o cinema da minha

      Fevereiro 23, 2021
    • “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

      Fevereiro 22, 2021
    • Três passos numa floresta de alegorias

      Fevereiro 21, 2021
    • “Soul”: a vida, a morte e o jazz

      Fevereiro 18, 2021
    • Parar as cores

      Fevereiro 17, 2021
    • Vai~e~Vem #30: o que pode o retrato

      Fevereiro 16, 2021
    • Steal a Still #38: Luís Miguel Oliveira

      Fevereiro 15, 2021
    • Lições de um século

      Fevereiro 14, 2021
    • “Nosotros, la música”: uma questão de orgulho cubano

      Fevereiro 11, 2021

    Goste de nós no Facebook

    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • In memoriam: Jean-Claude Carrière (1931-2021)

      Fevereiro 24, 2021
    • A piscina da vizinha é o cinema da minha

      Fevereiro 23, 2021
    • “Mulher na Praia”: a maleita das imagens

      Fevereiro 22, 2021
    • Três passos numa floresta de alegorias

      Fevereiro 21, 2021
    • “Soul”: a vida, a morte e o jazz

      Fevereiro 18, 2021

    Etiquetas

    2010's Alfred Hitchcock Clint Eastwood François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João César Monteiro Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson Roberto Rossellini

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2020 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.